domingo, 25 de maio de 2008

Pinheiro será o candidato petista em Salvador (O PT e as Querelas do Poder )



O Partido dos Trabalhadores (PT), constantemente é acusado, principalmente por setores ligados a uma esquerda mais radical de terem se aliado ao establishment, ao status quo ou qualquer outro sinônimo em língua estrangeira. Após chegar ao governo estadual da Bahia, muitos passaram a olhar o PT com mais atenção para saber qual seria o comportamento do partido do governador e do presidente da república nestas eleições municipais.
E a primeira decisão do partido logo de cara foi desembarcar do governo João Henrique, atitude criticada por todos os lados possíveis e imagináveis e motivo pelo qual o ministro Geddel (PMDB) ter colocado o partido, seção municipal de Salvador, na sua lista negra. No entanto, nada mais anti - status quo do que sair de uma máquina que tinha sido, recentemente, azeitada pelo ministério da Integração Nacional, mas o que alguns analistas políticos não entenderam é que a lógica do PT é diferente. Quem manda no partido é a sua base e foi ela que decidiu sair do governo João Henrique (PMDB), mesmo tendo dado a vitória ao grupo que tinha defendido a repactuação no final do ano passado - leia-se Vânia Galvão e Walter Pinheiro.
O PT, então, decidiu ter um candidato e um problema surgiu, quem seria este candidato? Quatro nomes foram colocados na disputa: secretário estadual Luiz Alberto, deputado estadual J. Carlos e os deputados federais Walter Pinheiro e Nelson Pelegrino. Mais uma vez, a imprensa especializada e os prováveis partidos que se aliarão com o PT - leia-se PSB e PCdoB - começaram a criticar as prévias que ainda eram uma possibilidade. Pressiona daqui, critica de lá, os dois primeiros desistiram e os dois últimos continuaram, mesmo com as tentativas de consenso em torno do nome de Pinheiro. Pelegrino, que afirmava estar movido pela militância, não desistiu e os dois se enfrentaram nas prévias de hoje.
Pelegrino tinha uma certa razão, a militância petista foi quem decidiu, mas por uma diferença de, aproximadamente, 128 votos, Pinheiro será o candidato petista. Uma lição fica desta disputa, inclusive para os outros partidos, nem sempre o mais saudável é a decisão vinda de cima, dos "engravatados". Mesmo que o nome tenha sido o da preferência destes sujeitos, acredito que o nome de Pinheiro sai mais fortalecido deste processo do que se tivesse sido decidido por consenso ou por decreto.

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

O olé da ministra Dilma



Quem diria que a ministra Dilma daria a volta por cima tão rapidamente após a desastrosa entrevista coletiva, dada meses atrás, para explicar o "dossiê"? Pois é, hoje, na Comissão de Infra-estrutura do Senado, depois das quase nove horas de depoimento, ela deu a volta por cima e foi melhor do que muita gente esperava.
Antes do depoimento da ministra, o jornalista de política da Folha de S. Paulo, Kennedy Alencar, afirmou que este seria o teste para Dilma mostrar se tem jogo de cintura e pode chegar a disputar a presidência da república. Se ela continuar mantendo o desempenho de hoje, não restarão dúvidas dentro e fora do governo que ela terá toda a capacidade para ser a candidata de Lula.
Dilma sempre foi vista e ainda é como durona, mas parece que o trabalho do publicitário João Santana aliado à inteligência da ministra começa a surtir efeito. Hoje, colocada contra a parede pelo senador José Agripino Mais, líder dos Democratas no senado, ela sobe armar o contra-ataque e virar o jogo para cima do senador.
Como disse o jornalista Ricardo Noblat, a ministra entrou como suspeita e saiu como heroína. Soube ser dura e tenaz ao mesmo tempo, dosando com habilidade invejável estas duas características. O desempenho da "mãe do PAC" foi muito comemorado pelo governo, não podia ser ao contrário. O presidente Lula ainda por cima parece que começa a emplacar a candidata que, se não for, tem toda a cara de ser a sua preferida dentro do PT.
A ministra já começava a beirar os 10% na mais recente pesquisa CNT/Sensus. As viagens para lançar os PACs pelo país, ao lado de Lula e sua enorme popularidade, vão continuar. As pessoas que ainda não associaram o presidente à ministra vão começar a fazer isto e a tendência é Dilma aumentar a sua visibilidade.
Além disto, ela consolidará uma imagem pública de técnica eficiente e mulher capaz de gerir o principal programa do segundo mandato de Lula e é possível, caso a oposição fique inerte e desorientada como hoje, que a ministra amplie esta intenção eleitoral ainda mais. As eleições de 2010 estão cada vez mais próximas e Dilma é um nome posto dentro do arco de alianças de Lula que começa a despontar com mais força.