terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Política Local: PMDB e PT mantém a alianças mesmo com rusgas


Na semana passada, quase que a aliança PT-PMDB no estado foi pro beleléu. O governador Jaques Wagner (PT), durante a visita do presidente Lula à Bahia, resolveu afirmar, através de um assessor, que o prefeito João Henrique (PMDB) seria tratado, a partir da semana passada, como um prefeito de oposição. A atitude de Wagner foi tomada após a participação do peemedebista de um evento que contou com a participação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que é do DEM, maior adversário do petista. O prefeito foi além e disse que iria trabalhar pela aliança do seu partido com os Democratas em 2010. A celeuma estava formada. 


Agora, uma semana depois, os ânimos estão mais arrefecidos. O governador amenizou a posição tomada anteriormente e afirmou a importância da aliança com os peemedebistas no estado. Reafirmou saber a importância de seu governo estar bem em 2010 para manter a aliança. O prefeito, por seu lado, voltou atrás (na verdade, um pouco atrás) e não mais defendeu a aliança com o DEM, mas sim a candidatura de um quadro do seu próprio partido, acenando para o ministro Geddel Vieira Lima que, nas palavras do prefeito, é o integrante mais destacado da legenda na Bahia. 

Na verdade, o que ficou desta história toda é que as eleições de 2010 estão logo ali. Por mais que os candidatos e os partidos não externem ainda com clareza as suas posições, o fato é que gestos e atitudes como as tomadas pelo prefeito e pelo governador servem para que os quadros fiquem mais delineados. Com o que disse, o governador mostrou saber o tamanho eleitoral do PMDB e que não pode desprezá-lo, mas deixou claro que não vai ficar, como se diz popularmente, "levando desaforo pra casa", sob pena de ter a sua autoridade questionada. Já o prefeito mostrou que o PMDB hoje está livre para negociar qualquer posição na Bahia, inclusive, se aliar ao DEM, algo impensável enquanto ACM ainda era vivo. 

Hoje, ao comentar a disputa na Assembléia Legislativa, o ministro Geddel Vieira Lima afirmou que o seu partido vai apoiar um deputado que defenda a candidatura de um aliado de Lula, acenando desta forma para o PT, nem que seja o nacional, já que o partido na Assembléia está apoiando a reeleição do deputado Marcelo Nilo (PSDB). Já o governador Jaques Wagner disse, em um almoço para jornalistas, que o ministro não é um aliado difícil, mas "proativo". Com panos quentes de ambos os lados, a aliança segue. Agora não se sabe até quando.

Foto: Abmael Silva - Agência A Tarde 

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sábado, 20 de dezembro de 2008

Política Livre: João Henrique defende sua postura e culpa PT e Wagner por tensão

Agora vocês lêem um texto que eu fiz sobre a entrevista concedida pelo prefeito João Henrique (PMDB) em que ele fala, entre outras coisas, sobre a tensão dele com o governador Jaques Wagner (PT).

Na TV Bahia, João Henrique nega rompimento, mas culpa PT e governador por tensionamento nas relações

Por Thiago Ferreira 

Em entrevista agora há pouco ao Bahia Meio Dia (TV Bahia), o prefeito João Henrique (PMDB) falou, entre outros assuntos, sobre a conclusão das obras do metrô, que lhe renderam um puxão de orelha público do presidente Lula, e as relações entre PT e PMDB no estado. O peemedebista negou ter se sentido incomodado com as cobranças do presidente e declarou que, na verdade, Lula teria externado um incômodo que também é dele em relação ao Tribunal de Contas da União (TCU). No entanto, ele reiterou a sua disposição de concluir as obras do metrô até junho ou julho do próximo ano, pois faltam, segundo ele, apenas 3% para que sejam concluídas.
Leia a íntegra aqui.

Entrevista: João Henrique diz que sua postura não poderia ser outra

O prefeito João Henrique disse ainda que a sua postura em relação ao governo do estado não poderia ser outra, já que a bancada do PT na Câmara de Vereadores decidiu lhe fazer oposição, e se referiu à possibilidade de o PMDB na Assembléia fazer oposição ao governo estadual. “Seis vereadores do PT se reuniram, a bancada, e decidiram me fazer oposição. Como eles querem que os nove deputados do meu partido na Assembléia apóiem o governo do estado? Mas este é o meu entendimento, o meu partido pode ter outro”. Perguntado se o quadro revelava a antecipação da disputa estadual de 2010, o prefeito respondeu dizendo que as mudanças se deram por causa das eleições deste ano.
Leia a íntegra aqui.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Política Livre: Para Jonas Paulo, quem conversa com DEM não aposta em mudança

O presidente do PT baiano, Jonas Paulo, defendeu hoje a aliança de seu partido com o PMDB, mas criticou a defesa feita ontem pelo prefeito João Henrique de aproximação com o DEM. “O PMDB é um partido que está conosco trabalhando no plano nacional e no plano estadual. É um partido importante na consolidação e na estabilidade do processo de mudança que estamos construindo no Brasil. (...)  Acredito que hoje quem quiser falar com o DEM - e o grande derrotado das eleições de 2008 foi o DEM, o responsável pelo retrocesso deste país - certamente não está apostando na linha da mudança. Leia a íntegra aqui.

Política Livre: Lídice diz que indicou Gaudenzi para a presidência da Codeba

A deputada federal Lídice da Mata (PSB) confirmou hoje, durante encontro realizado por PT, PSB e PCdoB para discutir a crise mundial, que é sua a indicação do ex-presidente da Infraero para a presidência da Codeba. Leia a íntegra aqui

Política Livre: Entrevista com a vereadora Vânia Galvão

Trechos da entrevista com a presidente do PT de Salvador, vereadora Vânia Galvão, feita durante o Seminário organizado pelo PT, pelo PSB e pelo PCdoB para discutir a crise financeira internacional, publicada no Política Livre.

Em evento de esquerda, Vânia Galvão diz que João Henrique governa com mágoa

Por Thiago Ferreira

A presidente do PT de Salvador, vereadora Vânia Galvão, criticou na manhã de hoje, em evento organizado pelo partido com o PCdoB e o PSB para discutir a crise internacional, a defesa que o prefeito João Henrique (PMDB) fez ontem de aproximação com o democratas em 2010.

“Quero crer que não seja uma posição do PMDB, mas do prefeito João Henrique, que não consegue, infelizmente, ter uma posição republicana e manter uma coisa que não é possível na política, que é governar com muita mágoa.
Leia a íntegra aqui.   

Presidente do PT diz que sucessão na Câmara Municipal continua em aberto

A vereadora Vânia Galvão, presidente municipal do PT, disse hoje que seu partido ainda não tem uma posição fechada sobre a sucessão na presidência da Câmara Municipal. “Nós estamos discutindo. Sidelvan é uma das pessoas que estão sendo conversadas, mas conversamos com outras pessoas também. Leia a íntegra aqui.

Política Livre: Jonas Paulo e Lídice defendem aliança de PT, PSB e PCdoB para 2010

Mais um trecho de um texto publicado no Política Livre:


O presidente do PT da Bahia, Jonas Paulo, defendeu a manutenção da aliança entre PT, PCdoB e PSB em 2010. Segundo ele, as três legendas estão juntas desde 1989 com o lançamento da Frente Brasil Popular e continuarão juntas por terem um compromisso “inarredável”. “Nós criamos a Frente Brasil Popular. Nós viemos juntos desde 89 com a primeira candidatura do Lula que nós caminhamos juntos. E como partidos de esquerda, partidos que temos uma matriz socialista, obviamente, que nós temos que discutir na nossa perspectiva esta questão da crise. Quanto a 2010, o nosso compromisso é inarredável. Nós temos caminhado em momentos muito mais difíceis e não é agora que somos governo que estaremos dissociados”, afirmou. Leia a íntegra aqui.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Política Livre: Disputa na UPB

Leia abaixo trechos da cobertura que eu fiz de um evento hoje na UPB. A íntegra das entrevistas com o prefeito Luis Caetano de Camaçari, Roberto Maia de Bom Jesus da Lapa e com o secretário estadual de Relações Institucionais vocês lêem em www.politicalivre.com.br

EXCLUSIVO: Luis Caetano aproveita evento na UPB para fazer campanha

Por Thiago Ferreira

O prefeito de Camaçari, Luis Caetano (PT), aproveitou o evento de inauguração de ampliação da sede da União dos Municípios da Bahia (UPB), hoje pela manhã, para dar maior visibilidade ao seu nome na disputa pela presidência da entidade. O petista colocou faixas tanto no local do evento quanto na Avenida Paralela saudando os prefeitos e defendendo a luta municipalista.
Leia a íntegra aqui.

UPB: Roberto Maia diz que ainda não há consenso no PMDB para disputa

Em entrevista ao Política Livre, o prefeito de Bom Jesus da Lapa, Roberto Maia (PMDB), defendeu o direito de seu partido fazer o sucessor do atual presidente da UPB, Orlando Santiago, e disse que ainda não há um consenso no partido em torno de um nome, que pode inclusive ser o seu.
 Leia a íntegra aqui.

UPB: Rui Costa diz que governo não se “intrometerá” em disputa

O secretário estadual de Relações Institucionais, Rui Costa, reafirmou no evento de hoje pela manhã na UPB a disposição do governo de não se intrometer na disputa pela presidência da entidade.
Leia a íntegra aqui.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Política Local: Prefeito anuncia reforma na estrutura da prefeitura

O prefeito João Henrique (PMDB) anunciou na tarde de ontem a reforma que irá implementar na estrutura da administração municipal. Das atuais 17 secretarias, o peemedebista contará com apenas 11 durante a sua segunda gestão. Além disto, foram reduzidas de nove para cinco o número de empresas de segundo escalão ligadas ao município. As medidas foram anunciadas pelo próprio prefeito como forma de reduzir gastos.


No entanto, entidades já de manifestaram com preocupação em relação à extinção de secretarias como a do Desenvolvimento Social (SEDES) que, apesar do pouco efeito prático, detinha um grande valor simbólico. Tendo a ver as modificações do prefeito com bons olhos, apesar de não concordar com o argumento de que as indicações se darão apenas observando a capacidade técnica dos futuros secretários.

Afinal de contas, a imprensa soteropolitana já dá conta de uma provável indicação do DEM para a Superintendência de Segurança Urbana e Prevenção à Violência, através do ex-candidato a vereador Cláudio Tinoco, e do PR, que deve garantir um cargo no primeiro escalão. Sem contar em secretarias cujo titulares foram indicados pelo PP, pelo PMDB, pelo PDT e outras legendas, sem que, necessariamente, estes tenham habilidade técnica para a função.

Ainda na entrevista coletiva, o prefeito João Henrique afirmou que entende que o PT deva permanecer durante todo o seu segundo mandato na oposição. É o que se espera das duas partes, afinal de contas, PT e PMDB disputaram o segundo turno da eleição que reconduziu o peemedebista ao Palácio Thomé de Souza. Caberá ao PT junto com os outros partidos de esquerda, mais PSDB e PPS fazer oposição ao atual gestor da cidade. Qualquer movimentação diferente disto será vista com estranheza pela população soteropolitana.

Veja o que muda na reforma administrativa da Prefeitura"
EXCLUSIVO: Cláudio Tinoco pode ser superintendente de Segurança da Prefeitura" 

Política Internacional: Obama gera expectativas à esquerda, mas aponta pro centro


O presidente eleito dos Estados Unidos Barack Obama, apesar de toda a expectativa de setores mais à esquerda do Partido Democrata, em suas primeiras indicações para o seu futuro governo, tem apontado para o que muitos analistas já tinham como certo: caminha para o centro e não para a esquerda. As primeiras indicações do presidente seja em relação à política externa com Hillary Clinton para secretaria de Estado - o que equivale ao nosso Ministério de Relações Exteriores - quanto aos indicados para a política econômica - a maioria já havia participado da administração de Bill Clinton - trataram de dirimir qualquer dúvida neste sentido. 


Obama declarou que quem vai garantir a mudança tão propagada por ele durante a campanha eleitoral vai ser ele mesmo. Que assim seja! Mas todo mundo sabe que não é bem assim, as escolhas, para além do plano simbólico, dão a cara da futura gestão. As indicações, no entanto, geraram insatisfações em diversos eleitores de Obama que esperavam mais ousadia. Nada que acarretasse na ruptura com o futuro presidente que voltou a defender temas defendidos por estes setores do seu eleitorado, como a ampliação do sistema público de saúde, o fim da Guerra no Iraque e o fechamento da Prisão de Guantánamo, em Cuba.

O fato é que não podemos ignorar que mesmo uma guinada ao centro do presidente eleito já vai apresentar um grande avanço, afinal, os Estados Unidos deixarão de ser governados pela administração desastrosa e ultra-conservadora de George W. Bush. Afinal de contas, até diziam que a Teoria da Evolução era mentira, que Saddam Hussein fabricava armas de destruição em massa, entre outras coisas.

Não podemos esquecer também que ele é presidente dos Estados Unidos. Não dá, por mais simbolismo e esperança que Barack Hussein Obama represente, ignorar que ele tem compromissos com aquele país. Além de ter encontrado uma crise que, há muitos anos, o mundo não assistia, Obama tem que agradar uma opinião pública interna muito forte. E, até o momento, ele parece estar no caminho certo para atingir este objetivo. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa em que 79% dos estadunidenses declararam concordar com as medidas anunciadas pelo presidente eleito para debelar a crise.

Foto: Le Monde

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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Política Livre: Oposicionistas responsabilizam governo por greve de policiais. Petista defende

Mais uma idéia para dar uma movimentada aqui: vou republicar trechos dos meus textos, originariamente, publicados no site onde eu estagio: www.politicalivre.com.br 

Hoje, o texto é sobre uma discussão entre governo e oposição ocasionada pela greve da Polícia Civil, deflagrada ontem.

Por Thiago Emanoel

Os deputados oposicionistas responsabilizaram agora à tarde o governo pela greve deflagrada pela Polícia Civil na tarde de ontem. De acordo com o deputado Eliedson Ferreira (DEM), “o que está havendo é a falta de cumprimento de uma promessa. Aliás, o que está sendo a máxima deste governo, que faz as promessas, mas não cumpre”. “A responsabilidade desta greve é do excelentíssimo senhor governador do estado da Bahia”, afirmou o líder do DEM, Heraldo Rocha.

(...)

Coube ao líder do PT na Assembléia, deputado Paulo Rangel, fazer a defesa do governo, dizendo que a situação da segurança pública é decorrente das administrações anteriores. “Volto a afirmar que a oposição nesta Casa é uma oposição sem memória. A Bahia foi colocada em uma posição alarmante na educação, na segurança pública, na saúde. A situação que antes se configurava e que hoje se coloca como oposição ao governo Jaques Wagner acha que em dois anos poderíamos resolver toda esta situação”, disse Rangel.


A íntegra você lê aqui:
Política Livre: Oposicionistas responsabilizam governo por greve de policiais. Petista defende

Política Nacional: Lulismo e Oposição. Cada um com sua razão.

A crise econômica tem produzido reações iradas das duas principais forças em ação atualmente na política nacional: o lulismo e a oposição. O lulismo mostrou os seus argumentos tanto nas falas recorrentes do presidente e dos seus ministros rejeitando o que ele chama de "clima de pessimismo" quanto na nota oficial do PT responsabilizando o neoliberalismo e os partidos que aqui defenderam esta visão econômica - DEM e PSDB - pela atual crise econômica. 


A oposição respondeu dizendo achar um absurdo o comunicado do Partido dos Trabalhadores. O governador de São Paulo, José Serra, e eventual candidato a presidente pela dobradinha tucano-democrata, agora incluindo o PPS, ironizou o conteúdo da nota petista dizendo que ela indicaria a força do governo Fernando Henrique Cardoso, que mesmo, após seis anos do governo Lula, ainda teria algum efeito - no caso, seria responsável pela crise. Apontando que parte do problema pertence ao atual presidente.

O que, no entanto, a oposição não viu ou não quis enxergar é que o PT criticou na nota a política neoliberal. Esta sim que tanto pregou a auto-regulamentação do mercado, com a inexistência de qualquer intervenção estatal e, hoje, tem que se render a ajudas bilionárias do Estado a fim de que bancos e outras empresas como montadoras de automóveis não venham à bancarrota.

Por seu lado, os lulistas são co-responsáveis e aí a oposição tem razão em chamar a atenção para esta responsabilidade. Afinal de contas, parte do receituário neoliberal - parte, reconheço algumas mudanças fundamentais como a ampliação da oferta de crédito e fortalecimento de empresas públicas - foi executado pelo atual governo, em especial o que tange ao controle exacerbado da inflação, sob responsabilidade do Banco Central que continua a praticar juros escorchantes, mesmo em prejuízo à cadeia produtiva.

Segundo órgãos de imprensa noticiaram, até o presidente Lula estaria agora pressionando o Comitê de Política Monetária (Copom) para que este, finalmente, diminua a taxa de juros, a fim de que a economia na busca incessante pelo controle da inflação não caía no outro lado da moeda - a deflação e a recessão. O que, com certeza, não seria desejado nem pelo governo nem pela oposição. A decisão do Copom sai amanhã e está sendo aguardada com ansiedade por gente dentro e fora do governo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Política Local: PMDB volta a eleger prefeito de Salvador, após 20 anos da eleição de Fernando José


Após 20 anos da eleição de Fernando José - que deixou a prefeitura muito mal avaliado pela população de Salvador - , o PMDB voltou a eleger um prefeito em Salvador com a reeleição do atual gestor da cidade, João Henrique Barradas Carneiro (PMDB). No entanto, o prefeito viu a densidade eleitoral obtida por ele em 2004 reduzir drasticamente neste pleito. Naquele ano, o hoje peemedebista estava filiado ao PDT e havia vencido a disputa, no segundo turno, com 75% dos votos válidos contra o candidato do Democratas, o hoje senador César Borges (PR), que apoiou o seu ex-adversário no processo eleitoral deste ano.


Apesar de ter recebido o apoio do Democratas e contar com a força da sua nova legenda - o PMDB - através, principalmente, de convênios com o Ministério da Integração Nacional, gerido pelo ministro baiano Geddel Vieira Lima, Carneiro não conseguiu repetir o desempenho de 2004 e recebeu 58% dos sufrágios dos eleitores soteropolitanos contra 42% de Walter Pinheiro. O apoio do DEM, um voto anti-PT, o apoio do ministro e uma onda pró-reeleição - o único prefeito de capital não reeleito foi Serafim Corrêa de Manaus - fizeram João henrique sair vitorioso do processo eleitoral neste domingo. O ministro Geddel Vieira Lima, segundo o jornal Folha de S. Paulo, ofereceu a vitória, em telefonema, ao presidente Lula.

Os maiores derrotados da disputa deste ano, em Salvador, foram o DEM com ACM Neto e o PSDB com Antônio Imbassahy, candidatos que não passaram nem do primeiro turno. Os dois chegaram a lideras as primeiras pesquisas de intenções de votos, mas viram seus votos migrarem para os candidatos governistas. No segundo turno, o grande vitorioso foi o ministro Geddel Vieira Lima que conseguiu reverter a rejeição da população ao prefeito João Henrique em embate duríssimo com o PT do governador Jaques Wagner.

O PT baiano e o deputado federal Walter Pinheiro, mesmo com a derrota, tiveram motivos para comemorar. Esta foi a primeira vez desde 1985, quando o PT lançou a candidatura do cientista político, Jorge Almeida, que a legenda alcançou o segundo turno na capital baiana, obtendo, no final, mais de 500 mil votos. 

Retrospectiva dos prefeitos eleitos por voto direto em Salvador: Em 1985, venceu Mário Kértesz (PMDB). Em 1988, venceu o candidato de Kértesz, Fernando José (PMDB), contra os candidatos de ACM e Waldir Pires. Em 1992, venceu Lídice da Mata, que naquele ano pertencia ao PSDB. Em 1996 e em 2000, foi eleito o candidato do ex-senador ACM, Antônio Imbassahy (PFL).  

Foto: Bahia Notícias

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Política Nacional: Lula é o maior vencedor das eleições municipais deste ano


Se uma pessoa pode ser considerada como a grande vencedora das eleições municipais deste ano, esta pessoa é o presidente Lula (PT). A base de sustenção do presidente no Congresso Nacional conseguiu eleger o maior número de prefeituras do país e até a os candidatos dos partidos oposicionistas não fizeram uma campanha de embate ao mais bem avaliado chefe do Executivo Federal no período da redemocratização pós-89.


A oposição governará seis das 26 capitais do país - Natal, São Luís, Curitiba, Cuiabá, Teresina e a maior de todas, São Paulo, onde venceu Gilberto Kassab (DEM), mas não têm um desempenho global a ser comemorado. Os dois principais partidos da oposição - Democratas e PSDB - perderam o controle de, respectivamente, 293 e 82 municípios. 

Além disto, as eleições municipais deste ano foram marcadas pela reiteração do PMDB como maior partido do Brasil, apesar da legenda não ter um nome forte para disputar a presidência da República em 2010. Como disse a sociológa petista Maria Vitória Benevides, o passe do PMDB, no entanto, ficou mais caro após as eleições deste ano. O partido vai governar 1207 cidades brasileiras, tendo o segundo maior aumento em número de cidades, ficando atrás do PT que teve um crescimento de 36,10%, passando a gerir 559 municípios.

O PT foi o partido com o melhor desempenho nas 77 cidades com eleitorado superior a 200 mil eleitores. A legenda conseguiu o controle de 21 dentre estes municípios e não pode ser caracterizada como o "partido dos grotões" como se apressaram a definir alguns analistas na tarde de ontem. Viu diminuir, no entanto, o número de capitais em que irá governar - passou de nove para seis -, por ter aberto mão da disputa em Belo Horizonte em detrimento do PSB, onde ajudou a eleger Márcio Lacerda, e de Aracaju, para apoiar Edvaldo Nogueira do PCdoB que foi reeleito já no primeiro turno, e ter perdido o controle em Macapá, onde o atual prefeito, João Henrique Pimentel não pôde concorrer por ter sido reeleito nas eleições passadas. 

Foto: Blog do Favre

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sábado, 25 de outubro de 2008

www.eunaoaguentomaisestamania.com.br

Alguém pode me dizer por que esta mania dos publicitários, empresários e afins de, ao lançarem novos negócios, divulgarem os seus produtos através de sites como os do título deste post? É um tal de www.queromoraraqui.com.br, www.quemprocurasemprealcanca.com. Se isto algum dia foi criativo, inovador, hoje não é mais.
Coloca o nome do condomínio, da faculdade e pronto, vende seu produto, ganha o seu dinheiro e tudo certo. Se for condomínio de luxo em Salvador então, nem precisa de site, coloca um nome americanizado tipo Salvador Downton, Manhattan Square, coisas assim, que vai vender que nem água em dia de verão de Salvador.
Aí é só colocar no mesmo espaço, colégio, shopping e prédios empresariais, que você acaba de criar o supra-sumo da classe compradora de imóveis da cidade. Quanto mais longe dos problemas e misérias da cidade melhor!!! E pode ser inclusive num lugar de grande tráfego, porque ninguém vai precisar sair de casa mesmo e se precisar, disponibilizar um heliponto, claro!!!
Mas enquanto esta febre não passa, eu proponho a criação do site www.eunaoaguentomaisestamania.com.br ... Interessados, se apresentem.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia - Eleição de Manaus


Manaus, capital da Amazonas, pouco aparece na mídia nacional, mas lá a temperatura, nas eleições municipais deste ano, promete ser bem alto. Em um processo de ruptura que assemelhou ao de Salvador, o prefeito Serafim Corrêa (PSB) viu os seus aliados de quase mandato inteiro (PT e PC do B) romperem com a sua administração neste período eleitoral (Em Salvador, PT e PC do B romperam com o prefeito João Henrique/ PMDB alegando discordâncias na administração da cidade e, em especial, na formulação do Plano Diretor).
Após a ruptura, o PT decidiu lançar a candidatura do deputado federal Francisco Praciano e o PC do B queria lançar a candidatura da deputada federal Vanessa Graziotin, mas teve que abrir mão devido à aliança formada entre PSB e PC do B no Rio em torno da candidatura de Jandira Feghali. O PC do B em Manaus, devido à intervenção nacional, resolveu não apoiar nenhum dos candidatos, formando coligação apenas na proporcional. Segundo os comunistas da capital amazonense ficou impossível apoiar a reeleição de Serafim Corrêa (PSB) depois dele ter se coligado com os seus ex-adversários: PSDB e DEM.
Neste cenário, acredito que a candidatura de Serafim Corrêa é a mais forte nesta disputa e ele deve ganhar em outubro. Ele controla a máquina da prefeitura, é de um partido que é da base de Lula, tem apoio do bloquinho (PSB, PDT e PC do B que está na posição de Pôncio Pilatos) e também dos partidos de oposição aos governo federal e estadual: PSDB e DEM. Um candidato que, no entanto, pode complicar a reeleição de Corrêa é o atual vice-governador Omar Aziz (PMN) que conta com o apoio total do PMDB do governador Eduardo Braga e do PR do ministro dos Transportes e ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento. Pode inclusive forçar um segundo turno com o atual prefeito e virar o jogo.
Quanto aos demais candidatos, acredito que estejam apenas marcando posição como é o caso de Francisco Praciano do PT. Os outros postulantes ao cargo são Amazonino Mendes (PTB) - ex-governador, mas que tem perdido eleição atrás de eleição em Manaus e no Amazonas, Luiz Navarro (PCB) e Ricardo Bessa (PSOL).

Leia Mais:

Candidata do PC do B desiste de concorrer à Prefeitura de Manaus
Eleição de Manaus segue na boca de Noblat

Foto: Patrícia Raposo/ Blog do deputado federal Rodrigo Rollemberg
Na foto: O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB) (esq.) e o prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) (dir.)

domingo, 13 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia - Eleição de Macapá


Enquanto, nas duas cidades anteriores, chegou a ser fácil fazer a análise de quem deve levar a prefeitura, ainda no primeiro turno, em Macapá, o cenário deve ser um dos mais complexos do país. Lá, o atual prefeito João Henrique Pimentel (PT), reeleito em 2004, viu a sua base se dividir, inclusive, com o partido do seu vice Eury Salles (PC do B), apoiar a candidatura da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB) com o próprio Eury sendo o candidato a vice de Fátima.
O PT de Pimentel decidiu anunciar a candidatura da também deputada federal Dalva Figueiredo que, conservando a porcentagem de votação do prefeito nas eleições passadas (41%) chegará ao inédito segundo turno. Até as eleições passadas, Macapá era uma das capitais brasileiras onde não havia segundo turno, fato que mudou este ano, quando o eleitoral da capital amapaense atingiu o número de 214.829 eleitores. Dalva é a candidata mais forte e é nela que eu aposto, inclusive por causa da aprovação do atual prefeito e pelo fato de ser ex-governadora do estado (ela governou o estado por nove meses), tendo chegado ao segundo turno contra Waldez Góes em 2002.
Dalva está coligada, nestas eleições, com o PR.
No entanto, Dalva deve enfrentar dois adversários de peso. Os candidatos aos quais eu me refiro são os deputados estaduais Roberto Góes (PDT), primo do governador do estado, Waldez Góes (PDT) e Camilo Capiberibe (PSB), filho do ex-governador do Amapá, ex-senador e ex-prefeito de Macapá, João Capiberibe (PSB) e da deputada federal, Janete Capiberibe (PSB), que disputou as eleições passadas contra João Henrique Pimentel e ficou em segundo lugar com 29,01%.
No segundo turno, acredito que a situação é mais favorável para Dalva, pois se ela for contra Góes, deve receber o apoio do PSB. A família Capiberibe faz oposição cerrada à administração do governador Waldez Góes. E também deve ser apoiada, se o mais provável acontecer que é Dalva enfrentar Camilo Capiberibe, por Roberto Góes. O PT faz parte da base do governador. Porém como disse no início, a eleição da capital amapaense é uma das mais difíceis para analisar e Camilo pode sair inclusive eleito ou ainda, Dalva pode ficar no primeiro turno, é esperar para ver. Os outros candidatos à Prefeitura de Macapá são Joinville Frota (PSTU), Lucas Barreto (PTB) e Moisés de Souza (PSC).

Leia Mais:

Deputada contesta governador do Amapá
Petista é reeleito no 1º turno
PSB indica Camilo Capiberibe para disputar Prefeitura de Macapá

Foto: Site da deputada Dalva Figueiredo, site de um blog no Amapá e site da Assembléia Legislativa do Amapá
Na foto: Esquerda: Dalva Figueiredo, Centro: Camilo Capiberibe, Direita: Roberto Góes

Atualização em 17 de julho de 2008: O escândalo envolvendo o governador Waldez Góes (PDT) e o empresário Eike Batista, recentemente divulgado pela imprensa nacional, pode respingar nas candidaturas de Dalva (PT) e Roberto Góes (PDT), ambos da base do governador, sendo mais forte neste segundo, já que, além de ser do mesmo partido, é primo do governador. Waldez Góes tem negado as acusações de favorecimento à MMX, empresa de Eike.

Exercitando a Futurologia - Eleição de Maceió


Dando prosseguimento ao meu exercício de futurologia, faço agora análise das eleições municipais em Maceió. A política de Alagoas pode ser definida como uma das mais singulares das capitais brasileiras, que, diferentemente, das cidades pequenas, tentam reproduzir as alianças nacionais. Não é o caso desta cidade, que, nestas eleições, consegue apresentar, numa mesma chapa, representantes do PC do B, do PTB (cujo maior representante do partido no estado é o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello) e dos Democratas.
Fora isto, lá políticos de renome nacional não costumam concorrer à prefeitura. Nesta eleição, por exemplo, a ex-senadora e ex-candidata a presidente, Heloísa Helena (PSOL), preferiu concorrer à Câmara de Vereadores, do que concorrer à prefeitura. Outros como o ex-governador Ronaldo Lessa e até o ex-presidente Collor foram lembrados durante o processo, mas não deram continuidade à construção de suas candidaturas.
O PT nunca teve grandes votações para a prefeitura de Maceió, sendo a exceção, apenas a eleição da senadora Heloísa Helena, e, desta forma, parece que nem mesmo o deputado estadual Judson Cabral (PT), - apontado como o principal adversário de Almeida - coligado com o PDT do ex-governador Ronaldo Lessa, vai impedir a reeleição do prefeito Cícero Almeida (PP), eleito, em 2004 com 56,54% dos votos válidos no segundo turno. O PSOL de Heloísa Helena preferiu lançar a candidatura de seu ex-marido, Mário Agra. Além de Judson Cabral, Mário Agra e Almeida, ainda concorrem Manoel de Assis (PSTU) e Solange Jurema (PSDB), mesmo partido do atual governador Teotônio Vilela Filho.

Almeida conseguiu a maior coligação destas eleições em Maceió, a que citei, que, além de PC do B, PTB e DEM, tem o PP, o PV, o PRP, o PSDC, o PT do B, o PSL, o PTC, o PRB, o PHS, o PRTB, o PMN, o PTN e o PR. É importante salientar que Almeida é apoiado por dois ex-governadores alagoanos e representantes de famílias tradicionais da política daquele estado: Collor (PTB) e João Lyra (PTB) e a participação deles deve ampliar a força da candidatura do atual prefeito que, além deste apoio, tem altos índices de popularidade, controla a máquina municipal, e não deve ter dificuldades em se reeleger, ainda no primeiro turno. Maceió, segundo dados do TSE, tem um eleitorado de 497.495.

Foto: Blog Só Alagoas
Na foto: O prefeito Cícero Almeida está de camisa amarela.

Exercitando a Futurologia - Eleição de Rio Branco


Começo hoje meu exercício de futurologia, analisando a eleição de Rio Branco. Concordo plenamente com a idéia dominante na política, cunhada pelo ex-governador baiano, Otávio Mangabeira, de que política tem a inconstância das nuvens, mas mesmo assim, acho interessante pensar como se darão os pleitos de outubro. No entanto, não garanto que as apostas aqui firmadas se confirmarão nas eleições municipais deste ano.
Vamos iniciar, como disse, pela capital do Acre. Rio Branco, segundo dados de março de 2008 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem um eleitorado de 197.087 eleitores. Por causa disto, os quatro candidatos registrados: Antônio Rocha (PSOL), Raimundo Angelim (PT) - candidato à reeleição, Sérgio Petecão (PMN) e Tião Bocalom (PSDB), terão que resolver a parada ainda no primeiro turno. Apenas as cidades com eleitorado acima de 200 mil habitantes podem realizar segundo turno. Segundo dados do TSE, apenas em 77 municípios brasileiros, ele pode acontecer.
Quem conhece um pouco a história do Acre sabe que lá o PT conseguiu se consolidar como real alternativa de poder, conseguindo hoje, ter o governador do estado (Binho Marques), dois senadores (Marina Silva e Tião Viana) e o prefeito da capital, além de governar a maioria das cidades do interior do estado. Apesar desta maciça aprovação popular, algumas críticas foram direcionadas, recentemente, ao partido, inclusive, de pessoas muito próximas ao PT do Acre, como a ex-mulher do ícone ambientalista mundial Chico Mendes, um dos fundadores do PT e da CUT no Acre, que afirmou que o partido não segue mais os ideais de Chico Mendes.
No entanto, as críticas parecem que não vão atrapalhar a reeleição de Raimundo Angelim. Na sua primeira tentativa, em 2004, Angelim aparecia, nas primeiras pesquisas, ocupando a segunda posição, atrás do deputado Márcio Bittar (PPS). A principal causa para isto era o fato de não ter experiência administrativa, mas o apoio dos Viana (Jorge, que, na época, era governador e Tião, que já era senador), do presidente Lula e da senadora Marina Silva foram determinantes para a vitória de Angelim (deputado estadual mais votado do Acre nas eleições de 2002) com 49,51% dos votos válidos. Agora, Angelim continua com o apoio do governo do Acre, de Lula, dos Viana, de Marina Silva e ainda controla a máquina da prefeitura. Parece que desta vez, assim como em 2004, ninguém vai ser páreo para frear a vitória do petista e impedir a continuidade da administração do PT em Rio Branco.

Foto: Site da prefeitura de Rio Branco
Na foto: O prefeito Raimundo Angelim e o senador Tião Viana.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia

Quem me conhece sabe que eu sou chegado a uma futorologia, a tentar adivinhar o que vai acontecer no futuro e tal. Pois bem, pretendo fazer este exercício aqui no blog analisando, nas próximas semanas, quem, na minha opinião, tem as maiores chances de vencer os pleitos municipais nas capitais brasileiras e nas principais cidades baianas.
Preciso fazer um registro que já fui bem sucedido na leitura de quais seriam as candidaturas nas principais cidades da Bahia. Vejam aqui as adivinhações que fiz em fevereiro de 2007 sobre as candidaturas em Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro.

domingo, 6 de julho de 2008

Após 6 anos, finalmente, Betancourt está livre


Como todos sabem a ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, está livre. Desde 2002, Ingrid estava sob poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A versão do governo Uribe sobre a libertação foi de que o Exército colombiano fez uma operação de resgate impecável, na qual, os soldados colombianos fingiram-se de missionários e, desta forma, conseguiram dominar o comandante das FARC responsável pelo transporte dos 15 prisioneiros, entre eles, Betancourt.
É claro que a libertação deve ser comemorada e o governo colombiano deve ser felicitado por ter conseguido pôr fim a este seqüestro absurdo.
No entanto, algumas dúvidas pairam sobre este processo inteiro, do seqüestro à libertação. Na época em que foi raptada, Ingrid era candidata a presidente representando um partido criado por ela: o Partido Verde Oxigênio e tinha discursos nada agradáveis aos ouvidos dos políticos tradicionais do seu país.
Ingrid, filha do ex-ministro da Educação no governo militar do general Rojas Pinilla, Gabriel Betancourt, e da ex-deputada, Yolanda Pulecio, iniciou sua carreira política no Partido Liberal e saiu depois de denunciar práticas viciadas no seu partido de origem. Daí, começou uma cruzada contra a corrupção do sistema de governo colombiano atacando tanto o Partido Liberal quanto o Conservador e apelando para que os líderes do seu país chegassem a um acordo de paz com as FARC.
Quando foi seqüestrada, Ingrid anunciava aos quatro cantos a sua vontade de chegar a um entendimento com as FARC e mais do que isto, alardeava as razões que deram início às atitudes daquele grupo revolucionário. Em um documentário sobre a vida de Betancourt, ela afirma com todas as letras: a aristocracia colombiana armou os camponeses para que estes ficassem ao seu lado contra a burguesia daquele país. No entanto, após um acordo com os adversários, os aristocratas tiveram os seus interesses atendidos e deixaram os camponeses a ver navios, estes não atenderam o apelo ao desarmamento e se organizaram neste grupo marxista tão defenestrado por diversas lideranças políticas no mundo. A ex-senadora, porém, não concordava com o modus operandi nem das FARC, nem dos paramilitares, estes financiados por poderosos da Colômbia, tão ligados ao narcotráfico quanto às FARC e, simplesmente, ignorados pelas imprensas colombiana e internacional e pelos governos estadunidense e da Colômbia.
E foi quando denunciava isto tudo e apelava para um processo de paz, após se reunir com representantes das FARC, que Ingrid foi seqüestrada numa ocasião que veio a calhar ao presidente Álvaro Uribe, eleito sem ter que enfrentar a candidatura pequena, mas incômoda, de Ingrid Betancourt, que, nas eleições anteriores, havia sido eleita senadora com a maior votação do país. Não quero fazer com isto nenhuma ilação de que Uribe participou do seqüestro, apenas pontuar que, para ele, o rapto caiu como uma luva. A mesma ilação, entretanto, não posso deixar de fazer sobre a duração do rapto de Betancourt.
Retomando, Ingrid incomodava, ela e sua família, inclusive, já tinham sido ameaçadas de morte. E, pelo que eu saiba, as ameaças não foram feitas por nenhum "narcoguerrilheiro" das FARC, mas sim, por traficantes que controlavam (não tenho tanta certeza que o verbo pode ser usado no passado) o país inteiro. Agora, Betancourt está com a sua família, a cena do reencontro não me sai da cabeça. No entanto, uma pergunta também não me sai da mente: alguém pode me responder o que fazia na Colômbia o candidato à presidência apoiado pelo presidente Bush, um dos maiores aliados de Uribe, o senador Jonh McCain, exatamente no dia em que Ingrid foi solta? E olha que se tratava de uma operação tida como secreta pelo governo colombiano, inclusive, autoridades governamentais tinham soltado informações falsas para que a operação lograsse êxito. Estranho, muito estranho.
Eu, sinceramente, acho que Uribe poderia ter resolvido a parada muito antes, mas não tinha um grande interesse nisto e, além disto, o seu orgulho não permite que ele negocie com as FARC, e, por este motivo, mais de 700 famílias colombianas persistem sofrendo por causa da intolerância dos dois lados; e só agora, após Hugo Chávez, presidente venezuelano, ter conseguido com sucesso e também sem ter dado um tiro, soltar a ex-deputada e ex-candidata a vice Clara Rojas no início do ano, ele se sentiu impelido a tomar esta atitude. Antes tarde do que nunca, senhor Uribe, mas tomem cuidado com o oba-oba que estão fazendo em torno dos conservadores Uribe e Sarkozy, porque eles representam uma forma de fazer política que foi tão combatida pela senadora Ingrid Betancourt.



Foto: AP
Na foto: Ingrid Betancourt e a mãe, a ex-miss Colômbia e ex-deputada, Yolanda Pulecio


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domingo, 25 de maio de 2008

Pinheiro será o candidato petista em Salvador (O PT e as Querelas do Poder )



O Partido dos Trabalhadores (PT), constantemente é acusado, principalmente por setores ligados a uma esquerda mais radical de terem se aliado ao establishment, ao status quo ou qualquer outro sinônimo em língua estrangeira. Após chegar ao governo estadual da Bahia, muitos passaram a olhar o PT com mais atenção para saber qual seria o comportamento do partido do governador e do presidente da república nestas eleições municipais.
E a primeira decisão do partido logo de cara foi desembarcar do governo João Henrique, atitude criticada por todos os lados possíveis e imagináveis e motivo pelo qual o ministro Geddel (PMDB) ter colocado o partido, seção municipal de Salvador, na sua lista negra. No entanto, nada mais anti - status quo do que sair de uma máquina que tinha sido, recentemente, azeitada pelo ministério da Integração Nacional, mas o que alguns analistas políticos não entenderam é que a lógica do PT é diferente. Quem manda no partido é a sua base e foi ela que decidiu sair do governo João Henrique (PMDB), mesmo tendo dado a vitória ao grupo que tinha defendido a repactuação no final do ano passado - leia-se Vânia Galvão e Walter Pinheiro.
O PT, então, decidiu ter um candidato e um problema surgiu, quem seria este candidato? Quatro nomes foram colocados na disputa: secretário estadual Luiz Alberto, deputado estadual J. Carlos e os deputados federais Walter Pinheiro e Nelson Pelegrino. Mais uma vez, a imprensa especializada e os prováveis partidos que se aliarão com o PT - leia-se PSB e PCdoB - começaram a criticar as prévias que ainda eram uma possibilidade. Pressiona daqui, critica de lá, os dois primeiros desistiram e os dois últimos continuaram, mesmo com as tentativas de consenso em torno do nome de Pinheiro. Pelegrino, que afirmava estar movido pela militância, não desistiu e os dois se enfrentaram nas prévias de hoje.
Pelegrino tinha uma certa razão, a militância petista foi quem decidiu, mas por uma diferença de, aproximadamente, 128 votos, Pinheiro será o candidato petista. Uma lição fica desta disputa, inclusive para os outros partidos, nem sempre o mais saudável é a decisão vinda de cima, dos "engravatados". Mesmo que o nome tenha sido o da preferência destes sujeitos, acredito que o nome de Pinheiro sai mais fortalecido deste processo do que se tivesse sido decidido por consenso ou por decreto.

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

O olé da ministra Dilma



Quem diria que a ministra Dilma daria a volta por cima tão rapidamente após a desastrosa entrevista coletiva, dada meses atrás, para explicar o "dossiê"? Pois é, hoje, na Comissão de Infra-estrutura do Senado, depois das quase nove horas de depoimento, ela deu a volta por cima e foi melhor do que muita gente esperava.
Antes do depoimento da ministra, o jornalista de política da Folha de S. Paulo, Kennedy Alencar, afirmou que este seria o teste para Dilma mostrar se tem jogo de cintura e pode chegar a disputar a presidência da república. Se ela continuar mantendo o desempenho de hoje, não restarão dúvidas dentro e fora do governo que ela terá toda a capacidade para ser a candidata de Lula.
Dilma sempre foi vista e ainda é como durona, mas parece que o trabalho do publicitário João Santana aliado à inteligência da ministra começa a surtir efeito. Hoje, colocada contra a parede pelo senador José Agripino Mais, líder dos Democratas no senado, ela sobe armar o contra-ataque e virar o jogo para cima do senador.
Como disse o jornalista Ricardo Noblat, a ministra entrou como suspeita e saiu como heroína. Soube ser dura e tenaz ao mesmo tempo, dosando com habilidade invejável estas duas características. O desempenho da "mãe do PAC" foi muito comemorado pelo governo, não podia ser ao contrário. O presidente Lula ainda por cima parece que começa a emplacar a candidata que, se não for, tem toda a cara de ser a sua preferida dentro do PT.
A ministra já começava a beirar os 10% na mais recente pesquisa CNT/Sensus. As viagens para lançar os PACs pelo país, ao lado de Lula e sua enorme popularidade, vão continuar. As pessoas que ainda não associaram o presidente à ministra vão começar a fazer isto e a tendência é Dilma aumentar a sua visibilidade.
Além disto, ela consolidará uma imagem pública de técnica eficiente e mulher capaz de gerir o principal programa do segundo mandato de Lula e é possível, caso a oposição fique inerte e desorientada como hoje, que a ministra amplie esta intenção eleitoral ainda mais. As eleições de 2010 estão cada vez mais próximas e Dilma é um nome posto dentro do arco de alianças de Lula que começa a despontar com mais força.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Campanha contra a Dengue vira Ato Eleitoral


Em visita, hoje à tarde, ao bairro da Boca do Rio, o prefeito de Salvador, João Henrique, PMDB, iniciou a campanha contra a dengue nas escolas municipais. A Escola Municipal Metodista Suzana Wesley foi a escolhida para este lançamento. A campanha é uma parceria entre as secretarias municipais de saúde e de educação para diminuir o número de ocorrências de dengue na cidade.
Segundo o secretário municipal de Saúde, José Carlos Brito, a responsabilidade no combate a dengue é de toda a população. “As crianças são multiplicadoras dentro de suas casas”, afirmou o secretário, explicando o motivo desta campanha nas escolas da capital. O bairro da Boca do Rio foi apontado por órgãos de imprensa da cidade como tendo o terceiro índice da capital baiana, com a porcentagem de 3,9% de casas com focos do mosquito.
O evento contou com a presença dos vereadores Silvoney Sales, Pedrinho Pepê, Sandoval Guimarães, todos do PMDB, Cristóvão Ferreira Júnior, do PDT, dos secretários municipal de saúde, da educação, Carlos Soares e dos Esportes e Lazer, Acelino “Popó” Freitas. Além deles, esteve, na citada escola municipal, o deputado federal Severiano Alves que, após as críticas feitas ao prefeito, na ocasião da saída dele do PDT, falou de reaproximação e declarou ter deixado claro que o seu partido está de corpo e alma no governo de João Henrique em programa do seu partido gravado hoje. Nem parecia o mesmo Severiano que chegou a ameaçar Maria Luiza, deputada estadual e primeira-dama de Salvador, Sérgio Brito, deputado federal e cunhado de João Henrique e o próprio prefeito com a perda de mandato.
O prefeito aproveitou a oportunidade para prestar contas da sua administração, principalmente, nas áreas de educação e saúde, este último setor, constantemente criticado, foi colocado como objeto de uma profunda transformação que teria sido iniciada após a chegada do secretário José Carlos Brito, em clara crítica ao PT. Parecíamos estar assistindo a um evento público da campanha de reeleição de João Henrique. Sem contar que quando falava do SAMU, ele não citava o Partido dos Trabalhadores e quando falou da informatização da matrícula, não citou o ex-secretário Ney Campello do PCdoB. Claro que não podemos acusá-lo de ser o único a confundir exercício do mandato com campanha à reeleição.
Por falar em PT, coube ao ex-vereador José Raimundo, liderança conhecida no bairro da Boca do Rio - uma espécie de Juvenal Antena local - e em clara campanha - levou claque para o aplaudir e tudo - para exercer o cargo de vereador, a tarefa de responsabilizar o partido do presidente da república e do governador do estado pela atual situação da saúde na cidade.


Na foto: João Henrique e o "futuro vereador de Salvador" nas palavras do próprio prefeito, o ex-vereador José Raimundo.

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quinta-feira, 24 de abril de 2008

As Duas Vitórias de Serra


Esta semana vai ficar guardada na memória do governador de São Paulo, José Serra, como uma semana muito especial. Serra conseguiu uma vitória nas articulações para as eleições de São Paulo e deve ter ficado nem um pouco triste com a água que a Executiva do PT jogou no chope do governador Aécio Neves para a sucessão da capital mineira.
Hoje, foi anunciado o apoio do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, à campanha de reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do partido Democratas. O PMDB de Quércia indicará o candidato à vice e terá garantida a vaga ao senado em 2010 para o ex-governador. José Serra é apontado nos bastidores como o grande responsável por este acordo, que ainda serviu para indicar um possível apoio do PMDB, ou pelo menos da parte paulista, à sua candidatura à presidente em 2010. Esta movimentação é ruim para Alckmin que, apesar disto, reafirmou a disposição em disputar as próximas eleições municipais de São Paulo.
Além disto, a Executiva do PT reiterou o seu posicionamento e, de forma mais clara, disse que não autoriza uma aliança formal com o PSDB em Belo Horizonte, por considerar as eleições deste ano estratégicas nas eleições que ocorrerão em 2010. Ou seja, a articulação que vem sendo montada por Aécio e pelo atual prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel do PT acabou ruindo no dia de hoje. Vale a pena ressaltar que as movimentações do governador mineiro estavam sendo consideradas por muitos analistas políticos como prova indubitável de sua habilidade política. Agora, o que ele vai falar pro PSDB? Que a articulação que ele montava caiu, enquanto Serra mostrou-se muito mais habilidoso e construiu uma aliança que o favorece e fortalece o seu candidato (Alguém ainda duvida que o Kassab é o verdadeiro candidato do Serra?)?
Serra deu um importantíssimo passo rumo às próximas eleições presidenciais. Acho, desde já, que ele leva a indicação do seu partido para disputar as eleições pela segunda vez, mesmo com Aécio querendo ser candidato e o senador Arthur Virgílio dizendo todos os dias que irá disputar as prévias dos social-democratas. O senador amazonense não tem chances hoje e, dificilmente, terá chances lá na frente. Vale a pena lembrar que o senador perdeu as eleições para prefeito de Manaus.

Foto: José Luís da Conceição/ Agência Estado

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domingo, 13 de abril de 2008

Piadas na Política

Eu, realmente, não sei porque tem gente que diz não gostar de política. Estas pessoas dizem que política é assunto chato, quando não caem na generalização de ser um lugar onde só tem gente corrupta. Não vou entrar no mérito da discussão que diz que políticos todos nós somos e nem sobre corrupção estar em toda parte. Vou me ater hoje contra a opinião que vê esta prática social como uma coisa chata.
Nem vou precisar ir muito atrás no tempo para exemplificar este meu ponto de vista. Nesta semana, como todos sabem, o PT rompeu com a administração municipal de Salvador. Perguntado sobre o assunto, já que é o principal articulador político da prefeitura da capital baiana, o ministro Geddel Vieira Lima respondeu cantando o sucesso do Chiclete com Banana do carnaval deste ano: "A fila andou/ eu te falei/agora chora/ já me perdeu, boa sorte/ vá embora". Agora, imaginem a cara do jornalista que ouviu isto como resposta e digam se não deve ter sido uma cena, no mínimo, hilária. Claro que foi.
Outra coisa engraçada, ainda nesta do divórcio entre PT e João Henrique, foi o comentário feito pelo prefeito afirmando que abriu mão de uma candidatura promissora nas eleições de 2006 ao cargo de governador do estado em prol do então candidato Jaques Wagner. Até onde todos os analistas de política e até quem participou das negociações daquele ano sabem, o prefeito abriu mão por dois motivos: 1- o apoio do PT à candidatura de seu pai ao Senado, tanto que João Durval foi eleito quando o favorito era Antônio Imbassahy, 2- João não queria abrir mão da prefeitura de Salvador, visando se reeleger e se fortalecer para as eleições majoritárias de 2010, quando poderia sair candidato a senador por exemplo. Ou seja, mais uma gracinha do prefeito.
Só mais um exemplo para terminar: o que foi o presidente Lula dizendo que ligou para George Bush para dizer que ele deveria resolver o problema econômico dele para não afetar o crescimento do Brasil? Imaginem o Bush, do outro lado da linha, levando muito em consideração as palavras de Lula, quando ele tem que se preocupar com as eleições que já batem a porta, com a atual situação econômica americana que beira à recessão, com a guerra no Iraque, com o Irã ...
Política ainda é coisa chata?! Agora, de verdade, política não é chata, apesar de ser séria. Tampouco é lugar onde só têm corruptos. Na atividade parlamentar, há corruptos e honestos tanto quanto existem na sociedade, afinal, os espaços representativos têm este nome porque simbolizam a realidade social. Quanto mais discutirmos, quanto mais olharmos aquilo com atenção, mais fortaleceremos e melhoraremos a nossa democracia.

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Exclusivo: João Henrique distorce história ao dizer que não disputou governo para ajudar eleição de Jaques Wagner, diz fonte petista ao relatar bastidores da campanha ao blog
Lula diz que ligou para Bush e pediu para americano resolver crise dos EUA

domingo, 6 de abril de 2008

Geddel pressionou, mas não levou

A contragosto do que queria o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima do PMDB, o Partido dos Trabalhadores decidiu, na madrugada de sexta para sábado, sair da administração de João Henrique em Salvador. O golpe pode ser considerado de enormes proporções nas pretensões do ministro que defendia, veemente, a tese da reciprocidade entre o seu partido e o do governador baiano em relação à aliança firmada na esfera estadual.
A decisão é, também, um enfraquecimento na campanha de reeleição de JH. Agora, o atual prefeito de Salvador conta apenas com o apoio do PP, do PDT e, obviamente, do seu próprio partido. Dizem que até o nanino PSC pretende lançar a candidatura do suplente do senador João Durval, pai de João Henrique, o ex-deputado Eliel Santana.
Este afastamento do PT, no entanto, não pode ser considerado como uma surpresa. No início da semana, dois secretários do partido se afastaram para se candidatarem no pleito de outubro: a secretária municipal de desenvolvimento social, Dorinha da CUT, e o secretário de Governo, Gilmar Santiago. Ambos devem disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador.
Além disto, o PT decidiu lançar candidatura própria nas próximas eleições municipais. E o nome mais cotado e, também, o mais testado pelo partido (esta vai ser a sua quarta tentativa) é o do deputado federal Nelson Pelegrino. Nelson vai para sua quarta tentativa e vai investir pesado para atrelar o seu nome aos governos estadual e federal. Ele, porém, vai ter que dividir este posto com outros candidatos, pois não há unidade nas candidaturas dos partidos da base de apoio destes governos nas próximas eleições da cidade de Salvador.

Foto: Fábio Pozzebom/ ABr
Montagem: Manuca Ferreira

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Sucessão com o PT na disputa confunde cenário
PT terá candidatura própria e deixa administração municipal

sábado, 5 de abril de 2008

Boca do Rio vive dias de Rio de Janeiro


O título deste post poderia ser referência à paisagem da capital fluminense ou ainda ao potencial turístico existente na cidade cartão-postal do Brasil, ainda mais quando se pensa na história desempenhada pela Boca do Rio na década de 70, quando os Novos Baianos e os expoentes do Tropicalismo vinham passar as suas tardes na Praia dos Artistas. Como eu disse poderia, mas, infelizmente, o título deste post faz referência a dois aspectos tristes do Rio de Janeiro: os mosquitos aedes aegypti e a presença, cada vez mais forte, dos traficantes.
Na sexta-feira, os moradores, lojistas e pessoas que trabalham naquela região estavam apavorados. Desde o período da manhã, o burburinho era que seria realizado um arrastão no bairro em resposta à intensificação da ação policial na localidade. Os policiais, principalmente, do batalhão de choque aumentaram massivamente a sua presença, inclusive com o uso do helicóptero (vale a pena ressaltar que não foi a primeira vez neste ano) depois que o pai de um capitão foi assassinado no Costa Azul por reagir a um assalto.
Além disto, informações dão conta de que alguns moradores de três comunidades existentes na Boca do Rio: Curralinho, Baixa Fria e Cajueiro teriam resolvido agir desta maneira em resposta ao assassinato de um homem na quinta-feira por um segurança que trabalha no bairro. Felizmente, o arrastão não aconteceu, porém, não há tempo de que o terror se alastrasse pela vizinhança. Estudantes não tiveram aulas, as ruas ficaram estranhamente desertas e as lojas ficaram com as porta semi-abertas.
As reportagens feitas por órgãos de imprensa da capital afirmam que moradores teriam sido alertados pela Polícia para que se recolhessem. A PM afirma não ter dado toque de recolher. Até agora a ação da polícia no bairro tem sido digna de aplausos, porém toda cautela é necessária devido às barbaridades cometidas no início do ano em outros pontos da cidade.
Outra questão alarmante na localidade e que o aproxima do Rio de Janeiro é a infestação de mosquitos transmissores da dengue. O bairro já foi apontado em anos anteriores como um dos principais locais de incidência da doença na capital. Só este motivo já deveria servir para que ele fosse olhado com mais atenção pelos órgãos de saúde.
Os dois casos são incentivadores para que questionemos o motivo pelo qual a prefeitura e, principalmente, os vereadores que, de tempos em tempos aparecem no bairro dizendo que pertencem à comunidade, não tenham intervido para resolver estes dois problemas que de tantos anos sem solução já passam por um processo de naturalização. Ou seja, ter mosquito em casa já é visto como besteira. Se vai ter arrastão na rua, o melhor é se trancar e dormir. Se for esperar pela ação governamental, então, nem ficar sentado adianta mais. A resposta da população, no entanto, pode vir nas urnas, no outubro próximo.

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Boca do Rio

quinta-feira, 27 de março de 2008

PT dificulta alianças com o PSDB em Belo Horizonte e Aracaju

Agradando alguns e decepcionando outros, o PT definiu, na segunda-feira, sua política de alianças para as eleições municipais. Ficou definido que o Partido dos Trabalhadores privilegiará acordos com os seus aliados históricos: os outros partidos de esquerda (definição que eu uso, mesmo que alguns colunistas afirmem repetidamente que a distinção entre esquerda e direita desapareceu), como o PSB, o PCdoB e o PDT.
Além disto, serão admitidas formações de chapa com os outros partidos da base do governo Lula. Alianças com os partidos de oposição deverão ser referendadas pelas executivas estaduais quando se tratarem de cidades que tenham menos de 200 mil pessoas. Em municípios maiores, a decisão caberá à Executiva Nacional do partido.
O PT, com esta decisão, dificultou o fechamento de algumas alianças que se desenhavam colocando PT e PSDB na mesma chapa, como em Belo Horizonte e Aracaju. No entanto, a chapa proposta em Belo Horizonte, mesmo tendo sido arquitetada pelo governador Aécio Neves e pelo atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, tem como candidato um secretário do governo Aécio que é do PSB, ou seja, de um partido que o PT nacional indicou como uma das alianças prioritárias. O mesmo se repete em Aracaju, onde apesar de PSDB e PT se articularem na mesma chapa, o candidato será o atual prefeito e candidato a reeleição, Edvaldo Nogueira do PCdoB.
Ou seja, mesmo indo para a apreciação da Executiva, será difícil para os dirigentes do partido do presidente vetarem uma aliança com partidos que eles mesmos consideram como opção prioritária. Nada em política é impossível no entanto. Hoje saiu uma notícia no Correio Braziliense dizendo que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, apelou para que o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, seja o candidato petista à prefeitura de Belo Horizonte.
Em Salvador, a situação do PT é bastante complicada, o partido ainda não decidiu se sai ou não do governo de João Henrique, do PMDB. O posicionamento manifestado pelo presidente do PT baiano, Jonas Paulo, é que o PT defenderá duas candidaturas da base de Wagner, uma mais ao centro (hoje, seria a de reeleição de JH) e uma mais à esquerda, que hoje aparece com três pré-candidaturas (a da vereadora Olívia Santana, a da deputada federal Lídice da Mata e uma do PT ainda a ser definida). Além disto, as falas do governador Jaques Wagner e da presidente do PT municipal, vereadora Vânia Galvão, na posse dos novos dirigentes do partido no estado, mostram a intenção cada vez mais clara do partido de ter candidatura própria na capital a contragosto de Geddel Vieira Lima e do próprio JH.
Por falar em Geddel, ele rechaçou as comparações que estão sendo feitas dele com o ex-senador ACM. Ele disse que, diferentemente do ex-senador, ele preza pelas conversas democráticas com seus aliados. No entanto, faltou ele explicar melhor que diálogo pode ser estabelecido quando ele quer impôr a candidatura de João Henrique ao PT dizendo que o PMDB é aliado de Wagner e que ele espera a reciprocidade do partido do governador.

Leia Mais:

Berzoini deixa Bahia convencido de que não dá para apoiar João Henrique, diz Correio Braziliense
Cheio de referências e mensagens veladas, discurso de Wagner ainda ecoa entre militantes e aliados

segunda-feira, 24 de março de 2008

PT decide hoje política de alianças

O jornalista e colunista do jornal A Tarde, Samuel Celestino, em seu site, Bahia Notícias, fala da importante decisão que será tomada hoje pelo PT, tanto em esfera nacional quanto na estadual, sobre a política de alianças nas eleições municipais. A decisão é aguardada por muitos aliados como o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, já que ele é um dos principais interessados em saber o posicionamento do Partido dos Trabalhadores em relação à candidatura de reeleição do prefeito de Salvador João Henrique.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Fina Flor se manifesta: Deixem dona Arlette em paz!

Não posso deixar de comentar o imbróglio em que está envolvido a família Magalhães. Como todos devem saber, semana passada, a guerra fria entre os familiares explodiu e todos os jornais, telejornais e birosquinhas de esquina só falaram da tal invasão do apartamento de dona Arlette. O processo é o seguinte, o genro de dona Arlette, César Mata Pires, proprietário da OAS e marido de Tereza Mata Pires, há algum tempo vem se bicando com os outros herdeiros de ACM, a saber, ACM Júnior e Luís Eduardo Magalhães Filho, o Duquinho, representante dos interesses dos seus irmãos.
A gota d'água, no entanto, foi a disputa pelo controle da Rede Bahia. O senador ACM Júnior e Duquinho se uniram e isolaram César que antes cantava de galo na empresa de comunicações do clã. César, revoltado, engrossou contra os seus parentes fazendo com que Tereza entrasse com o pedido do arrolamento dos bens deixados por ACM, inclusive os que estão na casa de dona Arlette Maron Magalhães. O pedido foi aceito pela juíza Fabiana Pelegrino.
Segundo a versão do advogado de César Mata Pires, depois que os oficiais de justiça tentaram entrar na residência da viúva de ACM, reiteradas vezes, para fazer o tal levantamento e não conseguiram, tiveram a autorização da magistrada para ingressarem nem que fosse de forma forçada.
Até aí tudo bem, tudo legal, normal, é assim em qualquer processo judicial desta natureza. O problema, no entanto, é que a juíza Fabiana é esposa nada mais, nada menos, do que do deputado federal Nelson Pelegrino do PT. Aí, o circo ficou armado. Senadores de diversos estados do país bradaram contra a "truculência com que o apartamento, a residência, o lar onde mora dona Arlette foi invadido, mediante ordem judicial concedida por uma juíza de Salvador, por acaso esposa do deputado Nelson Pelegrino, do PT, da Bahia" nas palavras do senador e líder dos Democratas no Senado, senador José Agripino Maia. A outra parte da família do ex-senador baiano acusou a juíza de ter politizado a ação judicial, que ela deveria ter se declarado impedida pelo seu envolvimento pessoal com Pelegrino, adversário histórico do carlismo. Acusaram, inclusive, Nelson de ser amigo pessoal de César Mata Pires. O deputado negou seu envolvimento com o empresário e afirmou que a sua esposa é independente e não admite interferência de nenhuma parte em suas decisões.
O que, no entanto, fica na minha cabeça como questionamento é por que a família só levantou estas suspeitas em relação à juíza após o veredicto desfavorável, eles poderiam ter pedido o afastamento antes. Não sou muito bom em Direito, mas os envolvidos podem pedir o afastamento caso acreditem que os juízes tenham um juízo formado antes de julgar uma ação. A Associação dos Magistrados da Bahia saiu em defesa da juíza. Do seu lado, dona Arlette teve apoio da "fina flor" da sociedade baiana que, em nota paga no jornal A Tarde de domingo, manifestou-se a favor da viúva do ex-senador.
Por enquanto, os ânimos estão mais controlados, mas a guerra ainda promete muita repercussão aqui na terrinha. A Veja desta semana colocou mais lenha na fogueira dizendo que César tentou subornar o senador ACM Júnior e que o presidente da OAS prometeu apoiar financeiramente a possível candidatura de Nelson à prefeitura de Salvador. Nelson disse que vai pedir retratação à revista de acordo com a lei de Imprensa.
Aguardem as próximas cenas desta novela ou ainda as próximas notas pagas nos jornais, afinal, estas tem sido as principais fontes de informação sobre este assunto. E não esqueçam, está é uma questão pessoal e familiar, as notas no principal jornal das regiões Norte e Nordeste são meras eventualidades.

Foto: Fábio Pozzebom/ Agência Brasil
Detalhe da foto: Dona Arlette é amparada por César e Tereza no enterro do ex-senador ACM

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Comentário: Vale a pena ler, neste último link, a reportagem especial feita pelo excelente jornalista baiano Cláudio Leal sobre a confusão para o Terra Magazine.

Partido Socialista confirma vitória nas eleições municipais francesas



Foto: AFP

Como todas as pesquisas de opinião francesas mostravam e como se esperava, principalmente, após os resultados do primeiro turno, os socialistas venceram as eleições municipais na França, tendo conquistado sete das dez maiores cidades francesas, incluindo aí Paris, onde Bertrand Delanoë foi reeleito e Toulousse, cidade que estava nas mãos da União por um Movimento Popular, UMP, há 37 anos. As vitórias do domingo já estão sendo chamadas pela imprensa francesa como uma onda rosa, onde, querendo o governo francês ou não, foi confirmada a derrota pessoal do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a sua forma de fazer política.
Sarkozy tem um estilo não muito comum aos presidentes franceses, tão conhecidos por sua sobriedade e discrição em seus assuntos pessoais. Sarkozy, no entanto, tem apostado na exposição midiática excessiva, transformando temas pessoais como seu divórcio e o seu casamento com a cantora Carla Bruni em temas que, pretensamente, teriam interesse de toda a nação.
Além disto, os franceses não estão contentes com a política francesa em relação às suas finanças, o atual governo francês não tem conseguido aumentar o poder de compra dos franceses e a sua popularidade, como eu disse no primeiro post sobre este assunto, tem caído vertiginosamente. A vitória socialista não foi mais robusta, porque a UMP conseguiu manter a administração de Marselha e 18 dos 22 ministros que se candidataram ao cargo de prefeito foram eleitos. Na França, é possível acumular cargos eletivos.
Outro detalhe importante a salientar neste processo é que a vitória do Partido Socialista, PS, de ontem não significará, necessariamente, uma vitória nas eleições presidenciais de 2012. Os motivos são diversos, o primeiro e mais óbvio é a distância temporal entre estas eleições municipais e as presidenciais, segundo, o PS está dividido entre uma postura mais centrista encarnada hoje pela ex-candidata à presidência nas eleições passadas, Segolène Royal, e uma postura mais à esquerda como a do secretário-geral do partido, François Hollande e isto pode resultar em divisão e enfranquecimento do partido, terceiro, a baixa participação dos franceses, em torno de 65% frente aos quase 85% das eleições presidenciais, mostra que muitos franceses preferiram ficar em casa do que apoiar, diretamente, a vitória socialista.

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