quinta-feira, 27 de março de 2008

PT dificulta alianças com o PSDB em Belo Horizonte e Aracaju

Agradando alguns e decepcionando outros, o PT definiu, na segunda-feira, sua política de alianças para as eleições municipais. Ficou definido que o Partido dos Trabalhadores privilegiará acordos com os seus aliados históricos: os outros partidos de esquerda (definição que eu uso, mesmo que alguns colunistas afirmem repetidamente que a distinção entre esquerda e direita desapareceu), como o PSB, o PCdoB e o PDT.
Além disto, serão admitidas formações de chapa com os outros partidos da base do governo Lula. Alianças com os partidos de oposição deverão ser referendadas pelas executivas estaduais quando se tratarem de cidades que tenham menos de 200 mil pessoas. Em municípios maiores, a decisão caberá à Executiva Nacional do partido.
O PT, com esta decisão, dificultou o fechamento de algumas alianças que se desenhavam colocando PT e PSDB na mesma chapa, como em Belo Horizonte e Aracaju. No entanto, a chapa proposta em Belo Horizonte, mesmo tendo sido arquitetada pelo governador Aécio Neves e pelo atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, tem como candidato um secretário do governo Aécio que é do PSB, ou seja, de um partido que o PT nacional indicou como uma das alianças prioritárias. O mesmo se repete em Aracaju, onde apesar de PSDB e PT se articularem na mesma chapa, o candidato será o atual prefeito e candidato a reeleição, Edvaldo Nogueira do PCdoB.
Ou seja, mesmo indo para a apreciação da Executiva, será difícil para os dirigentes do partido do presidente vetarem uma aliança com partidos que eles mesmos consideram como opção prioritária. Nada em política é impossível no entanto. Hoje saiu uma notícia no Correio Braziliense dizendo que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, apelou para que o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, seja o candidato petista à prefeitura de Belo Horizonte.
Em Salvador, a situação do PT é bastante complicada, o partido ainda não decidiu se sai ou não do governo de João Henrique, do PMDB. O posicionamento manifestado pelo presidente do PT baiano, Jonas Paulo, é que o PT defenderá duas candidaturas da base de Wagner, uma mais ao centro (hoje, seria a de reeleição de JH) e uma mais à esquerda, que hoje aparece com três pré-candidaturas (a da vereadora Olívia Santana, a da deputada federal Lídice da Mata e uma do PT ainda a ser definida). Além disto, as falas do governador Jaques Wagner e da presidente do PT municipal, vereadora Vânia Galvão, na posse dos novos dirigentes do partido no estado, mostram a intenção cada vez mais clara do partido de ter candidatura própria na capital a contragosto de Geddel Vieira Lima e do próprio JH.
Por falar em Geddel, ele rechaçou as comparações que estão sendo feitas dele com o ex-senador ACM. Ele disse que, diferentemente do ex-senador, ele preza pelas conversas democráticas com seus aliados. No entanto, faltou ele explicar melhor que diálogo pode ser estabelecido quando ele quer impôr a candidatura de João Henrique ao PT dizendo que o PMDB é aliado de Wagner e que ele espera a reciprocidade do partido do governador.

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