sábado, 28 de novembro de 2009

Os rincões do Distrito Federal

José Roberto Arruda Ao ler as notícias sobre o recente escândalo no Distrito Federal (DF) que envolve o atual governador do Estado, José Roberto Arruda (DEM), em que ele teria feito o seu mensalão, pagando para deputados da base a fim de que estes votassem no governo, cheguei à conclusão de que a capital federal se assemelha mais aos mais pobres rincões deste país do que podíamos imaginar.

Arruda é o mesmo que renunciou ao mandato de senador por ter violado o painel junto com o senador ACM. Agora, caiu na arapuca armada por seu ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que gravou todas as conversas em que o governador e secretários combinam valores a serem pagos para cada parlamentar distrital e outros políticos.

Brasília tem uma das maiores rendas do País. É uma cidade com alto custo de vida, mas apresenta um quadro político-partidário, se analisarmos os seus principais caciques, que se enquadra entre os mais atrasados do Brasil. Fora o contraste que impera entre a sua região central e as cidades-satélite, retrato evidente da imensa desigualdade social que ainda existe no Brasil.

Fora esta desigualdade. A minha análise sobre a semelhança com os rincões não se deve apenas a Arruda, mas também ao seu principal adversário, segundo as pesquisas, na disputa eleitoral do ano que vem, Joaquim Roriz (PSC), ex-governador do DF e ex-senador. Roriz é aquele mesmo que renunciou ao mandato recentemente por ter sido envolvido no caso de compra de gado por meio de métodos escusos.

Ou seja, os brasilienses se ficarem, ficam com Arruda. O único governador democrata do país, que estava sendo construído como uma das estrelas do partido, ao lado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e que agora está atolado até o pescoço. Se correrem, confirmadas as projeções, vão pros braços de Roriz, que, inclusive, teve o nome envolvido no escândalo atual.

Difícil decisão.

Foto: Fábio Pozzebom/ ABr

Ex-presos negam qualquer agressão na cela de Lula

Era mentira. Eu disse. E quem afirma é alguém insuspeito, o presidente do PSTU. Vejam:

Três ex-companheiros de cela de Lula no Dops, José Maria de Almeida (PSTU), José Cicote (PT) e Rubens Teodoro, negaram ter presenciado situação semelhante à narrada no artigo. Almeida disse que não havia ninguém do MEP (Movimento pela Emancipação do Proletariado) na cela. Cicote, que também nega terem ocorrido agressões na cela e chamou o texto de “absurdo”, se recorda de tratar um dos presos por “MEP”, um sindicalista de São José dos Campos. Ele não foi localizado para comentar o assunto. O publicitário Paulo de Tarso Santos e o ex-chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo José Carlos Espinoza disseram ontem não se lembrar da conversa em 1994 em que o então candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, teria dito que tentou “subjugar” um colega de cela quando esteve preso pela ditadura, em 1980.

No artigo, Benjamin disse que havia outro publicitário, cujo nome não se lembrava. O cineasta Silvio Tendler confirmou à coluna de Mônica Bergamo que era ele o terceiro personagem e reconheceu ter presenciado a conversa. Mas, para ele, “aquilo foi uma brincadeira, uma piada” de Lula. “Era óbvio para todos que ouvimos a história, às gargalhadas, que aquilo era uma das muitas brincadeiras do Lula, nada mais que isso, uma brincadeira. Todos os dias o Lula sacaneava alguém, contava piadas, inventava histórias. A vítima naquele dia era um marqueteiro americano. O Lula inventou aquela história, uma brincadeira, para chocar o cara…só um débil mental, um cara rancoroso e ressentido como o Benjamin, guardaria dessa forma dramática e embalada em rancor, durante 15″ anos, uma piada, uma evidente brincadeira…”, disse ao Terra Magazine. Informações da Folha e do Terra Magazine.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Benjamin mente; Folha publica

Evito me manifestar sobre alguns assuntos. Acho que outros, quando a gente opina, acaba contribuindo para que eles se propaguem. Mas é inaceitável ficar calado ao ler um ataque sem provas ao Presidente da República. Ataque este que ultrapassou o limite da crítica política e foi pro campo pessoal, sendo algo rasteiro, nojento. Um tema que ninguém da Oposição resolveu tecer comentários, justamente pelo fato de sair da seara da política e cair no campo da calúnia e da difamação.

Refiro-me ao artigo publicado hoje pelo jornal Folha de S. Paulo, assinado pelo fundador do PT e do PSOL (tendo saído dos dois), César Benjamin, que acusou o presidente Lula de tentar estuprar um companheiro de cela, na época da Ditadura Militar. Segundo Benjamin, Lula fez esta “confissão” a ele em 94 durante a campanha eleitoral. E a pergunta óbvia que veio na minha cabeça foi por que ele, Benjamin, esperou 15 anos para falar isto sobre Lula? Por que, depois de 14 anos afastado do PT, ele fez esta “revelação”? Amnésia? Lapso? Não, provavelmente, desvio grave de caráter e oportunismo para fazer um contraponto ao lançamento do filme.

A resposta óbvia e tratando dos precedentes de calúnias levantadas sobre Lula: que ele teria cortado o dedo de propósito; que teria recebido dinheiro de Cuba para a campanha eleitoral; e que teria sugerido que Miriam Cordeiro abortasse sua filha Lurian, nos leva a crer que se trata de mais uma mentira. Até por quem foi feita, alguém que saiu do PT descontente com Lula e com os rumos do partido, alguém que teria todos os motivos do mundo para denegrir a imagem do presidente da República.

Não quero e nem pretendo mitificar o presidente, mas qual tipo de jornalismo se defende e se entende em um lugar que é normal publicar algo assim sem comprovação? Uma denúncia, cujo autor, se esquece de quem são os interlocutores da conversa. Ah, mas havia um publicitário americano que, providencialmente, nada entendeu do que estava sendo dito. A irresponsabilidade disto é da Folha. Infelizmente. Não dá para publicar tudo que é escrito por seus colunistas. Ainda mais quando eles não estão no espaço Opinião do jornal.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

PMDB tem que explicar ligações com caso Agerba

Se, no início da manhã, a cobrança sensata da imprensa era para que o governo baiano explicasse, com transparência, as razões e circunstâncias da prisão do ex-diretor da Agerba, Lomanto Netto, e mais seis pessoas, cabe agora ao partido que fez a indicação de Lomanto, no caso, o PMDB, explicar as denúncias feitas pela Polícia Civil. E a explicação não é só por causa da indicação, mas também, pelos nomes peemedebistas citados na investigação.

Peixes graúdos da legenda na Bahia, sendo eles o presidente estadual do PMDB baiano e irmão do ministro Geddel (Integração Nacional), Lúcio Vieira Lima, o secretário municipal de Transportes Públicos de Salvador, Almir Mello, e o líder do PMDB na Assembleia, Leur Jr., tiveram seus nomes envolvidos nas investigações. Os três são acusados pela Polícia de terem recebido propina a fim de favorecer a venda de uma empresa de transporte.

A gravidade da denúncia exige uma declaração pública, nem que seja para negar todas as denúncias apresentadas. Não quero inverter a lógica do Estado democrático de Direito e continuo defendendo que o ônus da prova é de quem acusa, mas não posso negar que, até agora, o silêncio destes personagens foi ensurdecedor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cabral se excede ao defender Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), excedeu todos os limites do tolerável ao defender que os estados do Sudeste tenham maior parcela dos royalties gerados pelo petróleo pré-sal. Cabral tem todo o direito (e até o dever) de defender o que ele considera ser os interesses do seu estado mas não pode, para isto, dizer que os outros estados brasileiros, que também defendem os seus pontos de vista sobre a questão, querem roubar o Rio de Janeiro.

O peemedebista do Rio tem todo o direito de estar estressado. Segundo as pesquisas eleitorais atuais, vai enfrentar uma das eleições mais difíceis do país no ano que vem, mas nada justifica querer deflagrar uma Guerra de Secessão tupiniquim. Até porque se cairmos no mérito de quem roubou quem, vamos ver que estados do Norte e Nordeste têm sido, historicamente, relegados a um segundo plano pelos governos centrais. Prefiro usar este pleonasmo do que dizer que eles foram roubados.

O Nordeste cresce hoje a níveis chineses, mas todos desta região e de outras, como Centro-Oeste e Norte, sabem que as melhorias podem ser ampliadas se forem direcionados para estas regiões os recursos previstos na exploração do pré-sal. Com a devida fiscalização, não custa nada ressaltar. Não é roubo querer que uma riqueza produzida pelo Brasil seja dividida por todos os brasileiros.

As regras propostas para o sistema de exploração do pré-sal foram muito bem elaboradas pelo governo brasileiro, tendo inclusive uma visão salutar em relação ao que deve ser um projeto de nação. A mudança do sistema de concessão para o sistema de partilha é um bom exemplo do que eu falo. Dando ao governo e ao Brasil uma parcela do lucro gerado pela exploração das reservas petrolíferas, para além dos royalties. No entanto, com uma defesa feudal do que acham ser seu por direito, os governadores do Rio, Espírito Santo (Paulo Hartung – PMDB) e São Paulo (José Serra – PSDB) podem colocar tudo a perder.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Estamos de Olho: PPS acusa prefeitura de negligência

Mais uma para série aqui do blog em relação à fiscalização da organização da Copa do Mundo em Salvador. Agora, as críticas vieram dos aliados do prefeito João Henrique (PMDB) que receberam a incumbência de cuidar do setor. Leiam logo abaixo a nota que eu publiquei no Política Livre.

Em documento encaminhado ao prefeito João Henrique (PMDB), os presidentes dos diretórios estadual e municipal do PPS, respectivamente, George Gurgel e Virgílio Pacheco, e o vereador Joceval Rodrigues, acusam a Prefeitura de Salvador de negligenciar a organização da Copa do Mundo, na cidade, em 2014. No documento, a legenda acusa a Prefeitura de não ter concretizado a participação do partido no governo municipal e se isenta de prejuízos que possam afetar a organização da Copa.

Segundo destaca o ex-vereador Virgílio Pacheco, o PPS foi convidado para contribuir na elaboração das ações estratégicas do governo, através da coordenação municipal da Copa de 2014, tendo indicado o ex-vereador Miguel Kertzman, inicialmente nomeado assessor especial, no dia 29 de maio deste ano, enquanto providências institucionais, políticas e operacionais seriam implementadas em seguida.

Virgílio explica que o PPS apresentou a proposta de estrutura e o plano de trabalho da coordenação da Copa, “mas até agora nem o decreto instituindo a coordenação da Copa foi publicado”. Pacheco denuncia ainda que inúmeras cobranças feitas ao prefeito para sanar o impasse ficaram também sem respostas. Leia aqui o documento enviado pelo partido ao prefeito João Henrique.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Moema solta a voz em almoço de mulheres petistas para Dilma



Em um almoço organizado pelo PT com as mulheres do partido para Dilma Rousseff, a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, virou no capeta. Moema não só lançou um jingle para a campanha da ministra da Casa Civil, como ainda cantou a peça. Antes, sentada ao lado de Dilma na mesa, Moema defendeu que após a gestão Lula, o Brasil eleja uma mulher. As duas ficaram muito próximas depois que a ministra revelou, este ano, ter um câncer, doença que Moema superou este ano depois de uma dura campanha. A letra da canção que pode ser vista no vídeo acima é: “Ninguém pára esta mulher, ninguém, ninguém pára não. É Dilma do povo. É PT de novo. Bate coração”. E Moema cantando, imperdível!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Centro de Convenções para por reforma e deixa formandos a ver navios

A Bahiatursa cancelou todos os eventos programados para o Centro de Convenções a partir de dezembro. O motivo é o início da segunda etapa da reforma do equipamento, cuja precariedade das estruturas tem sido motivo de denúncias constantes – há dois meses, o secretário estadual de Planejamento, Walter Pinheiro, chegou a ficar preso num dos seus elevadores.

Os trabalhos que serão conduzidos pela Bahiatursa e a SUCAB estão orçados em R$ 10 mi e envolvem a substituição de toda a cobertura da torre central e do pavilhão de feiras e a reforma dos auditórios, salas, corredores e do Teatro Iemanjá. Em função da intervenção, o Centro de Convenções não aceitará pautas de 6 de dezembro a 30 de abril.

Segundo a gerente do CCB, Adriana Tramm, desde março a Bahiatursa não realiza contratos preliminares com clientes, em função da previsão de obras. “Trata- se de uma medida de segurança. Desde 1993 não se faz uma reforma no CCB e estas reformas são extremamente necessárias. Vamos recuperar este equipamento tão importante para a atração de eventos e entregá-lo em ótimas condições para a população e para os turistas”, disse a presidente da Bahiatursa, Emília Salvador Silva.

No entanto, há informações de que contratos preliminares para a realização de formaturas foram fechados após o prazo divulgado pela gerente do CCB e que só agora os formandos teriam tomado conhecimento da suspensão das atividades no local em janeiro.

O Caso Juca x Aécio

Para quem não tá sabendo da refrega ao qual o título do meu post se refere, uma retrospectiva dos fatos. No dia 1º de novembro, o jornalista Juca Kfouri, um dos mais conceituados jornalistas deste país (coloco-o assim, não apenas restrito à cobertura esportiva) publicou em seu blog que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), deu um empurrão e um tapa em sua acompanhante no domingo passado, ou seja, dia 25, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio.

Na mesma nota, Kfouri sugeriu que a imprensa brasileira não repita agora a cortina de silêncio que fez em torno de Collor, quando este se apresentou como candidato à presidência. Silêncio não houve, mas ficou restrita, pelo menos por enquanto, à internet.

No mesmo dia, a assessoria do governador, obviamente, desmentiu, mas Juca manteve a informação e publicou outra nota, esta já na madrugada de hoje em que critica fortemente seus colegas jornalistas e outras pessoas que saíram em defesa de Aécio, desmentindo o ocorrido. Até a suposta agredida, que é namorada do governador tucano, se manifestou. Ela concedeu uma entrevista ao jornalista Ricardo Noblat, publicada em seu twitter, negando a agressão e ligando a notícia a motivações políticas.

No entanto, a notícia de agressão na festa no Fasano não é nova. A informação de que um figurão havia agredido a sua namorada saiu primeiro no site da colunista social Joyce Pascowitch, Glamurama. A nota saiu sem citar nomes, mas há, nela, a informação de que a platéia era grande. O Noblat, em outro post em seu twitter, foi atrás de algumas destas pessoas, tendo entrevistado seis pessoas que foram à festa, que negaram ter visto a agressão.

Sem querer fazer um juízo de valor, mas já fazendo, e adicionando a constatação de que a maior parte da imprensa de Minas, há alguns anos, publica raríssimas notícias negativas em relação a Aécio e a informação da jornalista Liliane Prata (via twitter) de que as notícias de agressão do governador mineiro não são novidade, fiquei com várias perguntas na cabeça:

1- Qual seria o interesse do jornalista Juca Kfouri em publicar uma notícia deste tipo, se ela não tivesse um pingo de fundamento, arriscando macular a sua trajetória profissional? 2- A que ponto chega a isenção de pessoas que saíram em defesa de Aécio, como o apresentador Luciano Huck, que se declarou amigo pessoal do tucano, e a namorada do governador? 3- O jornalista do Glamurama vai publicar o nome do figurão que agrediu a sua acompanhante? Se não foi Aécio, quem foi?

Agora, a derradeira pergunta: Confirmada a suposta agressão cometida por Aécio, qual será a punição dada ao governador? Temos a lei Maria da Penha para crimes desta natureza. Não dá mais para termos cidadãos de duas classes: a primeira classe que pode ser submetida às leis e a outra que fica impune sempre, pelo cargo ou posição social que ocupa. Os convidados da festa do hotel Fasano, por enquanto, são cúmplices, por omissão, do fato ocorrido. Se não tiver sido Aécio, a pessoa que fez isto tem que responder pela agressão. Sendo Chico ou Francisco.