sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O PDDU Foi Finalmente Aprovado

Apesar de toda a turbulência e acusações de vícios na origem do projeto e na sua tramitação e depois de 25 horas de Sessão, foi aprovado o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Salvador. Os partidos que formaram o bloco de oposição ao PDDU (PSB, PCdoB, PT, PSDB e PPS) mantiveram o seu posicionamento e votaram contra o projeto.
Além do PDDU, foram aprovados o orçamento do município para o próximo ano, a parceria público-privada que permite ao governo João Henrique contratar uma empresa para a coleta de lixo e resíduos sólidos de Salvador e criar uma agência reguladora para a área e todos os outros projetos que compunham a ordem do dia.
A partir de agora, a Câmara Municipal de Salvador entra em recesso, só retornando na primeira segunda-feira útil após o carnaval. Claro que os trabalhos dos vereadores não irão cessar nestas férias, pois se trata de ano eleitoral e muitos estarão em campanha de reeleição.

PMDB x PMDB

Acaba de ocorrer na Câmara Municipal de Salvador uma das cenas mais inusitadas de todo este processo de discussão do PDDU. O více-líder do PMDB, vereador Silvoney Sales, acusou estar havendo uma movimentação da bancada do PMDB para barrar as emendas que ele apresentou ao Plano Diretor, em especial, a emenda que proíbe a liberação da criação de uma zona meramente comercial no Caminho das Árvores.
O vereador Silvoney foi além e disse que esta decisão foi tomada pela secretária municipal de Planejamento Kátia Carmelo. Os vereadores do bloco de oposição ao PDDU, então, se ergueram contra o que eles há dias denunciam: a total ingerência do Executivo nos debates da Câmara Municipal.
"Nunca fui tão maltratado por uma bancada que eu sempre ajudei a defender por interesses excusos [em relação à interferência da secretária]", disse o vereador Silvoney Sales em relação a esta nova manobra do bloco governista. O líder do governo na Câmara, vereador Sandoval Guimarães, também do PMDB, afirmou não haver esta mobilização de sua bancada contra o vereador Silvoney. No entanto, Silvoney afirmou que não retirará nada que disse.
Este imbróglio envolvendo os vereadores peemedebistas é mais um exemplo da confusão em que se transformou esta discussão do Plano Diretor. Tudo por conta da bancada a favor que quer aprovar o plano em tempo recorde, e, para isto, está atropelando entendimentos e o Regimento da Casa.

Discussão do PDDU entra na Reta Final

O presidente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Valdenor Cardoso (PTC), abriu, na madrugada, o processo de segunda votação dos artigos do projeto mesmo com os pedidos de verificação de quorum por parte de alguns vereadores. Apesar dos fortes protestos dos vereadores Olívia Santana (PCdoB), Aladilce Souza (PCdoB), Virgílio Pacheco (PPS), Vânia Galvão (PT), Paulo Câmara (PSDB), José Carlos Fernandes (PSDB) e Celso Cotrim (PSB), ele prosseguiu como se não estivesse ocorrendo manifestação alguma. E, por isto, os edis citados se retiraram do Plenário.
O processo de votação na Câmara dos Vereadores foi polêmico com acusações da chamada bancada de oposição ao PDDU (PT, PSB, PCdoB, PPS e PSDB) que afirmou de forma peremptória ter havido desrespeito ao Regimento Interno da Câmara de Vereadores e à Lei Orgânica do Município. Os vereadores destes partidos entrarão com recursos na Justiça pedindo a nulidade das Sessões e, conseqüentemente, da votação do projeto.
Segundo o artigo 229 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Salvador, o Presidente da Casa só poderia ter convocado sessões extraordinárias se Salvador estivesse em Estado de Sítio ou se a capital baiana estivesse sob intervenção federal. Além disto, ainda segundo o Regimento, a Câmara só poderia ter funcionado, extraordinariamente, depois de 10 dias da publicação do Edital de Convocação. Nenhum destes requisitos foi observado. Na última quarta-feira, dia 26 de dezembro, teve fim o ano legislativo. O presidente da Casa justificou a convocação através do sexto parágrafo do artigo 95, no qual está escrito que o presidente poderá convocar sessões extraordinárias dentro do período ordinário sem ônus para a Câmara de Vereadores.
"É lamentável, é sujo, termos uma Casa representando 2,8 milhões de pessoas se utilizar de métodos tão vis para aprovar este projeto", afirmou o líder do bloco contrário ao PDDU, o vereador Virgílio Pacheco do PPS, referindo-se às manobras utilizadas pelos vereadores governistas, aliados aos edis dos Democratas e do PTC para aprovar o Plano Diretor. O vereador Celso Cotrim, inclusive, apresentou um requerimento na tarde de ontem pedindo a renúncia do presidente da Câmara Valdenor Cardoso, a anulação da sessão extraordinária da quinta-feira e a criação de uma comissão parlamentar para averiguar as irregularidades ocorridas na sessão citada.
O vereador Valdenor Cardoso manifestou-se bradando que este bloco também se utilizou de manobras e tentou obstruir o processo tentando derrubar o quorum, mas que não conseguiu e, de forma irônica, aconselhou os vereadores que não continuassem com este procedimento para que não perdessem mais os processos de votação e discussão.
O que se viu na Câmara dos Vereadores, nestes últimos três dias, foi a passagem de um rolo compressor no processo de discussão e votação do PDDU, desrespeitando as vozes contrárias e, infelizmente, tendo o acobertamento da Mesa Diretora da Câmara e do seu presidente que tem o dever regimental de zelar pelo cumprimento das regras que ditam o funcionamento desta Casa legislativa.
Todos sabem que o Plano Diretor mexe com interesses de muita gente poderosa na cidade, mas é lamentável assistir a submissão dos vereadores a estes interesses. O prefeito João Henrique tinha os votos necessários para aprovar o projeto, os vereadores favoráveis ao projeto não precisavam rasgar o Regimento Interno e, tampouco, desrespeitar a Lei Orgânica do Município de Salvador para lograr êxito neste debate.
O Plano Diretor dita regras para o planejamento da cidade nos próximos oito anos, quando, deverá ser, obrigatoriamente, revisto ou então proposto um novo plano. No entanto, as transformações que o plano irá acarretar, como a verticalização da orla, poderão ter se tornadas irreversíveis até lá.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O Fim da CPMF

Como já era esperado por muitos analistas políticos, a proposta de prorrogação da CPMF foi rejeitada ontem pelo Senado Federal, pois não foi atingida a quantidade de 49 votos necessários para esta prorrogação. Dois movimentos foram cruciais neste sentido: o fechamento de questão do PSDB contrário à matéria e a defecção de quadros da base aliada como os senadores do PMDB, Mão Santa, Jarbas Vasconcelos, Geraldo Mesquita Júnior, os do PR, Expedito Júnior e César Borges e o petebista Romeu Tuma.
Com o fim da CPMF o governo vai deixar de arrecadar 40 bilhões de reais. Por mais que se possa argumentar que outras fontes de recursos podem ser sugeridas para cobrir este rombo nas contas públicas, a perda de 40 bilhões de reais causa terríveis dores de cabeça para este governo e provocaria esta mesma reação em qualquer governo. Afinal, o orçamento da União foi proposto pelo governo prevendo obras e ações que incluíam estes recursos e agora que eles não existem mais? O Congresso Nacional prorrogou a discussão sobre o Orçamento da União para fevereiro a fim de que sejam refeitas as contas, agora não contando mais com a CPMF. Em janeiro, o governo apenas poderá gastar com pessoal e obras já começadas. Primeira conseqüência negativa da decisão de ontem do Senado: o PAC, principal programa deste segundo mandato de Lula será prejudicado por este adiamento do Orçamento provocado pela rejeição do imposto do cheque.
Agora, voltando para as causas da rejeição. Vários analistas falaram hoje sobre a responsabilidade do governo que negociou de forma pouco habilidosa com os senadores da base e da oposição e colheu a fragorosa derrota de ontem. Claro que o governo teve suas falhas nesta negociação, como tentar negociar no varejo o apoio de cada parlamentar, mas as responsabilidades da oposição no processo não podem ser relegadas a um segundo plano. É fácil agora a oposição propor um entendimento com o governo inclusive para criar um imposto com as mesmas características voltando os recursos apenas para a saúde, depois de ter rejeitado a proposta feita pelo presidente Lula ontem em que ele afirmava exatamente a garantia de injetar a totalidade dos recursos da CPMF na saúde brasileira. O PSDB com este movimento quer se colocar como o grande partido da democracia, mas não pode negar que recorreu ontem ao método de terra arrasada. Método que, por vezes, foi utilizado pelo PT e pelos outros partidos de oposição no passado. Claro que era mais difícil o governo perder em várias matérias na época de FHC devido ao rolo compressor construído no Congresso Nacional pelos partidos que apoiavam o ex-presidente da República.
Além disto, vale a pena ressaltar que muitos senadores reclamaram da pressão feita pelo governo em relação aos parlamentares da base de sustentação para que eles votassem a favor do imposto. A fala do senador paranaense do PDT, Osmar Dias, foi elucidativa para que não se tenham percepções parciais das pressões exercidas durante a discussão desta matéria. Segundo o senador, ele sofreu pressão tanto do governo quanto da oposição. Ou alguém ainda duvida que a pressão feita pelos Democratas em cima dos senadores César Borges e Romeu Tuma exigindo que eles votassem contra a CPMF em troca da preservação dos seus mandatos foi um fator importante na tomada de decisão deles. Vale a pena ressaltar que o único senador que os Democratas pediram a vaga por ter mudado de partido foi o senador Edison Lobão que foi para o PMDB e, coincidentemente, votou a favor da CPMF na noite de ontem.

CPMF cai, mas DRU é prorrogada

Acabou agora a votação destas duas importantes matérias. A CPMF foi extinta pelo Senado Federal e a DRU foi prorrogada. Mais tarde análise sobre esta decisão tomada pelos senadores da República.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Chávez perde no Referendo

Neste final de semana, as atenções do mundo se dividiram para dois acontecimentos políticos importantes. O primeiro foi as eleições parlamentares na Rússia, onde o partido do atual presidente Vladimir Putin saiu fortalecido e o outro foi o referendo na Venezuela, onde o resultado surpreendeu, pois o presidente Hugo Chávez acabou vendo o "Não" prevalecer sobre o "Sim" em relação à sua proposta de Reforma Constitucional.
Esta foi a primeira derrota eleitoral em nove anos do atual governo venezuelano e tem vários aspectos importantes. O primeiro aspecto é que este resultado serve para diminuir a soberba com a qual Chávez estava pensando o jogo político, ele estava convicto de tudo e dizia que o povo venezuelano apoiava todas as suas ações. Isto se mostrou falso neste final de semana, apesar do resultado ter sido muito apertado. Ficou em torno de 51% nos dois blocos de votação - As propostas de mudanças constitucionais foram divididas em dois blocos.
O outro aspecto importante a ser salientado foi que este referendo e este resultado serviu para comprovar o que alguns analistas brasileiros falavam. Existe sim na Venezuela uma democracia, por mais que se possam discutir os métodos e procedimentos chavistas. A derrota e o reconhecimento dela permite a Chávez mostrar que respeita as decisões soberanas do povo venezuelano. Um raciocínio, porém, se faz necessário, qual seria o comportamento dos analistas internacionais se a vitória tivesse sido do "Sim"? Estariam com certeza dizendo ser um resultado provocado pelo cerceamento da liberdade de imprensa e exercício de uma oposição livre e representativa. A oposição não deixou de existir, apesar dela ter se retirado das últimas eleições e nem a imprensa livre foi reprimida pelas forças chavistas. O que não significa que Chávez não tenha pensado nestas possibilidades durante seus arroubos ditatoriais.
O último aspecto que não pode passar despercebido é que o "Não" foi a vitória de um número grande de estudantes que se articularam para que isto acontecesse e, mais ainda, da oposição que antes desta eleição estava dividida e era dada como morta por muita gente. A derrota no referendo foi uma derrota ao presidente, já que ele tinha aparecido na semana passada dizendo que quem votasse no "Sim" estaria votando nele.
Os próximos movimentos do governo venezuelano vão ser acompanhados de perto pelo povo da Venezuela e por quem se interessa em política internacional, ainda mais quando se trata de um país tão próximo e prestes a ingressar no Mercosul. Por falar nisso, qual será o argumento dos Democratas agora para ser contra à entrada da Venezuela neste bloco econômico? Afinal, eles dizem ser contrários pela Venezuela ser uma ditadura. Na Ditadura Militar brasileira, nenhuma proposta do governo foi derrotada. Aliás, quantos referendos foram feitos no Brasil durante os anos de ferro apoiados pelos políticos que hoje estão nos Democratas? Para quem não sabe a resposta, nenhum.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Hugo Chávez, democracia, "Por que não te calas?" e reeleição de Lula

Nos últimos meses, o tema da vontade do PT em que Lula possa ser reeleito mais uma vez não sai da cobertura feita pelos meios de comunicação. Chega a ser cansativa a presença deste assunto. Alguns poderão argumentar que a culpa é do presidente que, ao elogiar Hugo Chávez ou ao falar da permanência de governantes em outros países por muitos anos a frente dos seus governos, confunde a opinião pública nacional, escondendo a vontade de se reeleger novamente. E aí não interessa ele ter negado este plano inúmeras vezes. Não adianta o presidente nacional do partido do presidente, PT, e mais oito partidos se manifestarem repudiando a tese de terceiro mandato para Lula. Os colunistas colocaram isto na cabeça e só um milagre para eles deixarem de acreditar nesta hipótese.
O
problema na permanência desta tese na linha de frente das discussões políticas no país é que formas de aperfeiçoar a democracia brasileira, como referendos, plebiscitos, passam a um segundo plano nesta discussão. É importante salientar que a discussão do terceiro mandato de Lula surgiu de um projeto de lei dos deputados federais Devanir Ribeiro (PT/SP) e Carlos William (PTC/MG) permitindo o Executivo convocar plebiscitos e referendos sobre qualquer assunto. Incluindo aí, a segunda reeleição de cargos executivos. Então o que aconteceu? Os meios de comunicação passaram a dar uma ênfase maior à reeleição e negligenciaram a discussão sobre a participação popular direta. Não há a necessidade de implementarmos formas mais eficientes de convocação de plebiscitos e referendos e facilitar a aprovação de leis de iniciativa popular? Apenas um plebiscito, um referendo e uma lei de iniciativa popular foram implementadas no Brasil desde 1989.
Agora se questiona o apoio de Lula à democracia venezuelana. Há vários aspectos críticos naquela democracia, um exemplo, a repressão feita sobre os estudantes venezuelanos que protestavam contra a aprovação da Constituição venezuelana e não cabe dizer que eles eram filhos da classe média branca, mesmo se forem, eles têm todo o direito de protestar. (Vejam o Cansei, por mais que se discorde dele, ele tem o direito de existir), mas Chávez não cassou a oposição ao seu governo, como podem fazer pensar alguns veículos noticiosos nacionais. A oposição, prevendo uma derrota acachapante, de forma não democrática, desistiu de ocupar o espaço que era seu por direito nas eleições daquele país e permitiu a vitória dos candidatos governistas ao Senado e à Câmara. Agora, o Congresso aprova todos os seus projetos e a mesma oposição que se recusou a participar do processo democrático, reclama da existência de um golpe e que o governo venezuelano é ditatorial.
O presidente da potência petroleira abusa sim, mas todas as suas declarações são recebidas de forma crítica no Brasil. Um exemplo, Chávez afirmou que irá desenvolver um projeto de energia nuclear na Venezuela para bens pacíficos, assim como acontece no Brasil e na Argentina, eis que o Jornal Nacional afirma ser esta uma nova polêmica feita por este presidente. Qual é a polêmica? Não é um direito de qualquer país no mundo utilizar fontes nucleares de energia, por mais que se possa ser contra por não ser uma das energias mais limpas do mundo, o direito deve ser assegurado igualmente para todos, até porque ninguém acha polêmico os Estados Unidos ampliarem o uso da sua energia ou pior, o seu armamento militar.
Para fechar, não se pode deixar de citar o "Por que não te calas?" do rei Juan Carlos de Espanha em relação às acusações de Chávez sobre o facismo do governo de José María Aznar. A cúpula ibero-americana, com certeza, não era o espaço mais apropriado, do ponto de vista diplomático, para que o presidente venezuelano se manifestasse sobre o ex-presidente espanhol ou sobre a exploração feita pela Espanha na época colonial, mas é incompreensível a comemoração da resposta do rei. Um incidente diplomático que pode atrapalhar as relações de duas nações do mundo não deveria ser motivo de comemoração para ninguém, mesmo que tenha chegado a hora de Chávez dar uma maneirada em suas falas. Agora, uma pergunta: não passou da hora da Espanha se desculpar, como o presidente Lula fez em viagem à África, pela exploração feita por aquela nação dos povos latino-americanos?

Vejam o vídeo da Cúpula a seguir:

sábado, 10 de novembro de 2007

PED 2007 - Eleições do PT

Hoje, dia 10 de novembro, aconteceu, em Salvador, o quinto debate dos candidatos à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores. O primeiro turno está marcado para o dia 2 de dezembro e o segundo turno será realizado no dia 16 do mesmo mês. Dos sete candidatos, apenas o candidato da chapa "Construindo um Novo Brasil", formada por membros do ex-Campo Majoritário, o deputado federal Ricardo Berzoini não compareceu ao debate de Salvador. Dos sete candidatos, quatro têm mais chances de chegarem ao segundo turno. São eles Ricardo Berzoini, Jilmar Tatto, José Eduardo Cardozo e Valter Pomar.
Naturalmente, as chapas defendem propostas distintas para os próximos anos do PT, mas dois pontos que as unem são as críticas ao candidato Berzoini e a necessidade do PT ter maior independência na relação com o governo Lula. Tirando estes dois consensos, uma diferença parece ser crucial. Enquanto as chapas "Mensagem ao Partido", "A Esperança é Vermelha", "Partido é Pra Lutar" e
"Militância Socialista" acreditam na defesa do governo Lula, as chapas "Programa Operário e Socialista" e "Terra, Trabalho e Soberania" defendem ser necessária a criação de um governo do PT, não sendo o governo Lula, um governo que simbolize as idéias do partido.
O deputado federal José Eduardo Cardozo, candidato da chapa "Mensagem ao Partido" falou dos diversos apoios que a sua chapa vem recebendo como os dos intelectuais Paul Singer, Marilena Chauí, Maria Vitória Benevides, Maria da Conceição Tavares, dos governadores Jaques Wagner, Ana Júlia Carepa e Marcelo Déda. Além de outras lideranças do partido e do governo como Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ministro da Justiça, Fernando Haddad, ministro da Educação, entre outros. Cardozo afirmou que sua chapa não é fruto de nenhuma tendência específica do partido e que, se for eleito, fortalecerá o partido e a democracia interna do mesmo, não permitindo que o PT fique a mercê da decisão de uma minoria.
Para ele, a mentalidade que existe no PT de que quem não pensa igual deve ser colocado para fora do partido deve acabar. Cardozo defende ainda a construção de um Código de Ética para o PT. Além do apoio de Wagner, na Bahia, o deputado federal de São Paulo tem o apoio do deputado federal Walter Pinheiro, que, inclusive, integra a chapa nacional.
O atual secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, candidato da chapa "A Esperança é Vermelha" afirmou que sua chapa tem dois objetivos principais: acabar com a crise do partido que ainda continua e construir uma candidatura petista para 2010. Além disto, Pomar disse ser fundamental que o PT ganhe as eleições de 2008, se reaproxime das forças populares e de esquerda partidárias e dos movimentos sociais e que o partido defenda uma candidatura petista em 2010. Pomar disse que o Partido dos Trabalhadores precisa de dirigentes que digam aos petistas que ocupam cargos públicos que eles estão errados quando assim estiverem. Pomar tem o apoio, na Bahia, dos deputados federais Nelson Pelegrino e Guilherme Menezes.
Pomar aproveitou para criticar as entrevistas do governador Jaques Wagner ao jornal O Estado de São Paulo, na qual Wagner afirmou que o bom momento econômico vivido pelo Brasil começou há 13 anos atrás com a implantação do Plano Real e a do senador Tião Viana que afirmou, em entrevista à revista Isto É, que o PT e o PSDB são partidos irmãos. As críticas a Wagner foram respondidas por Cardozo que, em agradecimento ao apoio recebido por Wagner, disse que o PT não pode desmerecer a importante trajetória do governador da Bahia.
Outro candidato com grandes possibilidades de chegar ao segundo turno, o deputado federal Jilmar Tatto, disse que o PT precisa ser independente em relação ao governo, construindo uma relação institucional com o governo Lula. Segundo ele, o que se tem hoje, é uma relação entre pessoas e não, entre o partido e o governo. Para ele, a militância do partido deve continuar se mobilizando, pois foi ela que salvou o partido na crise de 2005.
Há informações de bastidores que dizem que os eleitores de Tatto não votariam em José Eduardo Cardozo, em um provável segundo turno contra Berzoini e vice-versa. Esta desavença pode favorecer Valter Pomar, pois ele pode ser visto como candidato capaz de articular em torno de si as outras candidaturas e derrotar Ricardo Berzoini. Talvez prevendo esta predisposição, Tatto falou, em Salvador, sobre a necessidade da união de todas as chapas contra a "Construindo um Novo Brasil".
O que ficou mais ou menos claro no debate de hoje em Salvador é que, independente de quem vença, se um dos seis candidatos que estiveram na capital baiana ganhar, o PT caminhará para ter um candidato próprio em 2010. E os nomes mais fortes, neste momento, parecem ser o de Marta Suplicy, defendida pelos membros da "Partido é Pra Lutar", Dilma Roussef e Patrus Ananias, ministros e nomes que poderão ser defendidos por Lula e pela "Construindo um Novo Brasil", além dos nomes de Jaques Wagner que com a defesa manifestada em relação à "Mensagem ao Partido" poderá ter o apoio dos membros desta chapa e Tarso Genro, um dos maiores expoentes da "Mensagem". 2010 ainda está longe, mas as eleições do PT neste ano representarão um passo importantíssimo para a sucessão de Lula.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Acabou a "Crise" na Cultura?

Desde que assumiu o governo da Bahia, Jaques Wagner e seu secretário de cultura Márcio Meirelles resolveram implementar um novo projeto para a área. Na verdade, a inovação se deu já em ter uma secretaria apenas para a cultura, pois, nos governos passados, era uma secretaria para as áreas cultural e de turismo, o que sempre deu em muita confusão entre o que é cultura e o que é atração turística, acarretando em muita produção cultural ter se transformado em produto turístico, o que poderia acabar com a essência cultural de certas manifestações artísticas.
Depois de alguns meses, no entanto, as reclamações começaram a aparecer. A iniciativa do governo Wagner de redistribuir as verbas, repassando mais dinheiro para o interior do estado recebeu duras críticas de pessoas importantes como o ator e diretor teatral Gideon Rosa. Gideon afirmou que esta redistribuição era injusta e como conseqüência colocaria os artistas do interior contra os artistas da capital e transformaria todos em mendigos de repasses públicos.
Além disto, vários artistas reclamaram sobre a demora de apresentar um novo projeto cultural para o estado, porque muitos projetos anteriores haviam sido suspensos para avaliação do novo governo que se iniciava.
Até a primeira dama do estado Fátima Mendonça se manifestou, em entrevista, pedindo mais rapidez na implementação da nova política cultural. Somaram-se a esta demora, as "crises" na Fundação Casa de Jorge Amado, no Museu Carlos Costa Pinto, as manifestações de figuras como o escritor João Ubaldo Ribeiro e a diretora teatral Aninha Franco e pronto, estava configurada a crise do setor cultural da Bahia.
As coisas, porém, parecem estar mudando em relação à tal "crise" na cultura baiana. Em duas semanas, os shows realizados no Pelourinho que haviam sido suspensos voltaram a acontecer; o programa "Sua Nota é Um Show" foi relançado e ampliado, oferecendo agora, além dos shows e jogos de futebol, filmes e outras produções culturais; a Fundação Cultural lançou um pacote de editais; foi assinada a participação da Bahia no programa "Mais Cultura", o PAC da Cultura do Governo Federal. Até quem criticou, passou a se manifestar de maneira diferente. Aninha Franco, protagonista do início da tal crise, deu entrevista ao jornal Correio da Bahia dizendo que as confusões dela com a secretaria foram decorrentes de um problema de comunicação, afirmou inclusive que o diálogo está avançado e que o Teatro XVIII, espaço que ela dirige, será reaberto ainda este mês.
Agora, cabem algumas perguntas: a crise realmente era crise ou os problemas receberam um destaque maior do que realmente mereciam? A Secretaria de Cultura já tinha tudo planejado ou algumas ações foram adiantadas para responder às críticas que estavam sendo feitas (A programação no Pelourinho, por exemplo, parece estar da mesma maneira que antes, apesar do governo afirmar que os moradores do Pelourinho terão uma atenção especial do governo)? Agora, uma pergunta que já vem com uma resposta: cadê a cobertura destas ações do governo e as análises pelos meios de comunicação e jornalistas sobre se estes atos são realmente positivos para a Bahia? Ninguém sabe, ninguém vê e a sensação que fica é que alguns profissionais da imprensa gostam de sensacionalismo e não de jornalismo. Claro que não se deve fazer jornalismo chapa branca e nem ser o diário oficial do governo, mas se deve ao menos pensar sobre se estas ações são realmente importantes para a melhoria da cultura do Estado. Afinal, não é isso que todos os críticos querem ou diziam que queriam?

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Aumenta a Temperatura da Política Baiana

E pensar que havia muito comentarista político com medo da política baiana ficar insossa com a morte do senador ACM, tamanha era a capacidade do histórico líder pefelista em conseguir aliados e inimigos, mas o que se tem visto nos últimos meses é o aumento da temperatura das discussões sobre as políticas do governo Wagner e das sucessões municipais, em especial, a sucessão soteropolitana. A oposição, que, finalmente, parece ter chegado ao menor patamar possível na Assembléia Legislativa, após o troca-troca habitual, há alguns meses, não esperou nem passar a chamada quarentena pós-eleição, começou a usar a sua metralhadora giratória em direção ao que tem sido, por enquanto, vidraças do novo governo da Bahia: as secretarias de Cultura e Saúde. Não são poucas as notícias veiculadas sobre a crises nestas duas áreas.
Os aliados do governo não deixam uma acusação sem resposta, afirmam que não há crise alguma e que a situação deixada pelo ex-governador era lastimável e a nova administração tem empenhado enormes esforços para implementar uma nova forma de gerir o estado. Esta disputa entre as duas maneiras de concepção da gestão do estado é saudável e merece ser comemorada. Afinal de contas, o que menos acontecia, nas administrações passadas, era a repercussão das discussões sobre as políticas governamentais estaduais.
Quanto à sucessão municipal, gerou muita repercussão a decisão do PCdoB em lançar candidatura própria permanecendo na gestão João Henrique. O ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, do mesmo partido do prefeito, PMDB, disse que os comunistas têm todo o direito de indicar alguém para a sucessão na capital, mas devem se retirar da administração municipal, como fizeram os tucanos. O PCdoB, no entanto, não entende desta maneira e, para ele, o assunto já havia sido esclarecido quando fizeram a repactuação com o prefeito de Salvador. Manifestações surgiram dos dois lados, mas o principal interessado nisto, o prefeito João Henrique, permanece em silêncio, como se nada fosse com ele. E claro que, evidentemente, é com ele. Afinal de contas, se o prefeito, membro do PMDB, não quiser mais a companhia do PCdoB, pode simplesmente pedir os cargos de volta. Agora, se ele terá a coragem de abrir mão do apoio e do voto dos quatro vereadores comunistas na Câmara Municipal de Salvador, já é outra história.
Outro destaque que merece a atenção de todos foi a ameaça que o jornalista Samuel Celestino disse ter sofrido. Segundo o colunista do A Tarde, o vereador Beto Gaban o teria ameaçado de agressão e morte. O assunto precisa ser esclarecido rapidamente. Se for confirmada a denúncia do jornalista, Gaban pode até ser cassado e preso. Se não for confirmada, o jornalista deve pagar na justiça por ter caluniado o vereador que, inclusive, decidiu abrir processo contra Samuel.




sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Renan sucumbiu às pressões

Após mais de quatro meses do início de uma crise que varreu toda a autoridade acumulada por Renan à frente da presidência do Senado Federal, uma decisão esperada por todos que acompanham o mundo político finalmente aconteceu: Renan se licenciou do cargo por 45 dias. A situação de Renan foi se deteriorando no decorrer destes dias e uma situação que, a priori, parecia favorável ao senador, inclusive, com a sua absolvição pelo plenário, terminou com a decisão tomada pelo parlamentar alagoano na noite de ontem.
Renan abriu mão do cargo e disse que saía porque não precisava dele para se defender. Disse, inclusive, que fazia isto para que as acusações de que estava utilizando o cargo institucional em benefício próprio não continuassem. Renan errou e não foi pouco e viu a sua situação se deteriorando, o primeiro erro foi a ameaça aos senadores oposicionistas, segundo erro: a demora em se licenciar do cargo não cumprindo o acordo feito em deixar o cargo depois da absolvição recebida no primeiro processo e, terceiro erro: pressionar pelo afastamento de Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon da CCJ do Senado.
Depois de todos estes fatos, a discussão passou a ser até quando Renan agüentaria na presidência do Senado. Não há uma só pessoa que acredite na volta dele, depois de tanta perda de poder e representatividade. Agora, Renan vai lutar pela manutenção de seus direitos políticos e pelo mandato dado pelo povo das Alagoas. A oposição e parte da base aliada não parecem estar a fim de dar uma segunda chance a Renan e os próximos dias prometem ser de intensas negociações que já começaram com a movimentação de políticos tucanos amigos de Renan como o governador alagoano Teotônio Vilela Filho e o senador, pelo mesmo estado, João Tenório.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Wagner Montes e Raimundo Varela

Ainda falta um ano para as próximas eleições municipais, mas um fenômeno percebido pelas pesquisas já começa a chamar a atenção. Na segunda e terceira capitais mais populosas do país, Rio de Janeiro e Salvador, duas pessoas quase sem tradição nenhuma na política lideram as primeiras sondagens realizadas entre os eleitores. As duas figuras são Wagner Montes e Raimundo Varela.
Para quem não conhece as duas figuras, um breve histórico. Wagner foi durante anos, jurado do Sílvio Santos, além disto, tem um programa local no Rio de Janeiro para ajudar pessoas carentes da capital fluminense. A diferença para o seu semelhante baiano é que Wagner Montes é deputado estadual do Rio, enquanto Varela nunca ocupou nenhum cargo político.
Raimundo Varela tem história no radialismo baiano, está na TV Itapoan desde o início e, hoje em dia, tem o programa Balanço Geral. O programa tem o mesmo formato que o de Wagner Montes, ou seja, a ajuda à população necessitada é a tônica do seu espaço na TV.
Esta imagem atribuída a estes dois personagens pode contribuir para o entendimento dos sucessos nestas primeiras pesquisas realizadas. O apelo emocional e populista, há quem diga que é popular, dos seus programas, como defensores dos fracos e oprimidos, acaba agradando uma parte da população que vê nestas figuras, pessoas capazes de transformar as suas realidades. Eles gozam de índices de audiência expressivos, ocupando ora segundo lugar, ora o terceiro nos institutos de medição, o que dão a eles uma visibilidade que muitos candidatos ainda não possuem.
Alia-se a isto, o fato de um suposto cansaço da população com os chamados políticos tradicionais, após uma sucessão de escândalos que parecem não ter fim e pronto, está explicada a receita do sucesso destes comunicadores.
Wagner Montes, muito provavelmente, vai ser candidato pelo PDT, na base mais fiel ao criador deste partido, Leonel Brizola. Raimundo Varela é cortejado por alguns partidos, mas o mais provável no momento é que ele seja candidato pelo PRB, visto que já existem faixas e tudo atrelando Varela ao Partido Republicano Brasileiro. O que eles podem produzir como políticos é uma incógnita, se eles saberão administrar cidades tão grandes, importantes e problemáticas quanto Rio e Salvador é um mistério maior ainda, mas parece que, neste momento, isto pouco importa.





sexta-feira, 14 de setembro de 2007

E não foi que o Renan se safou?

Não é mais novidade o resultado da votação no Senado, Renan foi absolvido, mas nem por isto os ânimos se arrefeceram. Muito pelo contrário. Um grupo partiu logo para o ataque, inconformado com o resultado. Além de serem a favor da punição, são ou passaram a ser contrários ao voto secreto. Passaram a ser, porque como a jornalista Helena Chagas disse em seu blog, muitos senadores como o senador do PSDB dos Amazonas, Arthur Virgílio, há uns anos, foi contra a proposta do senador Tião Viana, do PT do Acre, mudando o sistema de votação de fechado para aberto. Ou seja, é fácil, com resultado desfavorável, sair gritando aos quatro ventos o absurdo que, tempos atrás, permitiu que continuasse a existir.
Na verdade, a necessidade do voto aberto tem que ser melhor discutida com a sociedade. O dever da imprensa e dos políticos deveria ser o de esclarecer o motivo para a existência do voto fechado. Ou ele foi instituído só para que os políticos possam fazer conluios sem que a sociedade fique sabendo? Claro que não, existe um motivo para o voto fechado e um bem plausível é a proteção dos políticos contra proteção de pressões das suas próprias bancadas. O que não dá é para mudar as regras toda vez que o resultado não for favorável. Se for para ser aberto, que seja aberto sempre ou, pelo menos, por
vários anos.
Outra questão muito interessante é responsabilizar apenas o PT pela absolvição de Renan. Claro que o PT tem a sua responsabilidade, os votos de seus 12 senadores são, porém, tão importantes quanto os dos outros 69 senadores. E as contas não fecham considerando apenas os votos dos governistas, ou seja, teve gente dos Democratas e do PSDB votando pela absolvição de Renan.
Mais um ponto a discutir é sobre os motivos para cassar Renan. A primeira representação feita pelo PSOL tinha como razão a suspeita da empreiteira Mendes Júnior ter dado dinheiro que teria sido utilizado pelo senador das Alagoas no pagamento de pensão de sua filha com a jornalista Mônica Velloso. Esta denúncia não ficou comprovada, ou seja, as investigações tinham sim que ser aprofundadas, porque se a Veja estiver errada, esta não terá sido a primeira vez. Há mais duas representações contra Renan no Conselho de Ética e ainda existe a possibilidade de Renan ter mentido aos seus pares sobre a compra de vacas e rendimentos financeiros, se este tiver sido o caso, aí sim, o presidente do Senado terá um motivo bastante robusto para ser cassado.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Eleições 2008 e 2010

As eleições presidenciais acabaram de acontecer, daqui para as próximas eleições ainda faltam três anos e três meses e as articulações políticas para o pleito de 2010 já começaram. Foi com a justificativa de ação política conjunta e aliança eleitoral que, logo no início deste ano, foi formado o bloco de esquerda, integrado por PSB, PCdoB, PDT, PRB, PMN e PHS. A intenção destes partidos é lançar candidaturas comuns em 2008 nas eleições municipais e nas eleições de 2010. O candidato pré-lançado por estes partidos para disputar o mais alto cargo da república foi o deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes.
Porém, este alinhamento recente já vislumbra algumas dificuldades, devido aos interesses conflitantes para a sucessão municipal do ano que vem. Nas eleições em São Paulo, PSB, PCdoB e PDT já têm pré-candidatos, um por cada partido: Aldo Rebelo pelos comunistas, Luiza Erundina pelos socialistas e Paulo Pereira da Silva pelos trabalhistas. O bloco foi lançado em São Paulo na segunda-feira passada e Paulinho não quis polemizar dizendo que a sucessão paulistana será discutida mais para frente. O PDT de Paulinho e o deputado federal Ciro Gomes, contudo, não querem se fechar a outros aliados, como o PT, que podem render mais dividendos eleitorais.
Em Salvador, a situação não é diferente. O PCdoB lançou o nome da vereadora e ex-secretária municipal de Educação e Cultura, Olívia Santana, ao cargo de prefeita da capital baiana. Os comunistas alegam que o nome de Olívia ainda será apreciado pelos outros partidos. O problema é que o PSB tem a ex-prefeita e deputada federal Lídice da Mata em seus quadros, sempre lembrada como possível candidata e bem posicionada nas pesquisas. O PSB ainda, segundo algumas pessoas, pode apoiar o PT em Salvador. Ainda no bloco, não são poucas as notícias sobre o interesse do deputado federal Marcos Medrado se lançar candidato pelo PDT ou ainda o Partido Democrático Trabalhista apoiar o PSDB, cujo candidato será o ex-prefeito Antônio Imbassahy.
Outro obstáculo para a reprodução do bloco nas eleições municipais são realidades regionais distintas. Salvador é um bom exemplo. Aqui, os republicanos baianos nunca foram próximos da esquerda e querem lançar a candidatura do radialista Raimundo Varela. Por falar em Varela, parece que a campanha dele já começou. Um carro foi visto no centro da cidade com um adesivo verde e amarelo (cores do PRB) dizendo Varela é 10 (número do PRB) e, em letras bem pequenas, está escrita a frase: em audiência. Tudo para não ser enquadrado pela Justiça Eleitoral.
Além disto, é sabido por todos que tanto no plano federal quanto no plano municipal, o partido do presidente não quer ser mero espectador. Apesar dos apelos de Lula em âmbito nacional e de Jaques Wagner no caso baiano pela manutenção da aliança da base aliada destes governos nas próximas eleições, o PT não abre mão de lançar candidatura própria em cidades estratégicas como São Paulo (com candidato ainda não definido) e Salvador (onde o nome do deputado federal Nelson Pelegrino é lembrado mais uma vez) e disse em seu III Congresso Nacional, realizado no final de semana passado, que apresentará um nome nas próximas eleições presidenciais. Claro que, segundo o Partido dos Trabalhadores, o nome deverá ser referendado pela coalizão governista.
Nas eleições de Salvador,
o prefeito e candidato a reeleição João Henrique parece caminhar para não ter apoios importantes em 2008, pelo menos não no primeiro turno, se houver confirmação das primeiras movimentações do PT, do PCdoB e do PSB. Hoje, o governo de João Henrique tem como base aliada o PMDB, partido ao qual está filiado, o PT, o PSB, o PCdoB e o PSC. O presidente do PMDB da Bahia, Lúcio Vieira Lima já mandou aviso aos navegantes, dizendo que ou estão com João ou que saíam da prefeitura.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Julgamento mais importante do início do Século já dura uma semana

Apesar de ser preliminar, o julgamento do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal já tem sobre si todos os holofotes midiáticos e políticos. Afinal de contas, este caso foi o mais marcante do início do governo Lula, vários ministros caíram por causa dele e a maioria das pessoas interessadas em política aguardavam a relatoria do ministro do STF Joaquim Barbosa e os votos dos outros ministros sobre se aceitavam ou não a denúncia do Procurador Geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Até agora, 36 dos 40 acusados já foram considerados réus. O julgamento ainda não ocorreu, apesar de muitos proclamarem a aceitação da denúncia como comprovação de culpa dos acusados, eles só podem ser assim considerados após o julgamento. Para aceitar as denúncias, o Supremo considera se são procedentes os argumentos dos advogados de defesa, do Procurador e se há indícios de participação dos 40 envolvidos. Ou seja, o Supremo já considerou haver indícios para os 36 (a lista é imensa, do PT, ninguém se salvou, somente Sílvio Pereira que já deixou o partido).
As decisões todas devem ser concluídas ainda esta semana e as opiniões são que o que for decidido influenciará nos rumos do III Congresso do Partido dos Trabalhadores que começará este final de semana. A tendência com a acusação da ex-cúpula do Campo Majoritário do PT é que haja enfraquecimento deste campo nos rumos a serem tomados pelo partido do presidente.

sábado, 18 de agosto de 2007

Sai Renan, sai daí!

Sempre nas histórias de escândalos, há aqueles que não querem largar o osso e aqueles que vivem pedindo pro "coitado" abrir mão da boquinha. Afinal de contas, na história da humanidade, os fatos precisam de gente a favor e gente contra. É a dialética, diria Hegel.
Embates históricos também se desenrolam no Congresso brasileiro, para dar um recorte mais tropical aos embates sangrentos - ou quase - que marcam a política mundial. Foi assim nos enfrentamentos, há alguns anos, entre os ex-senadores Jáder Barbalho e ACM. Quando um chamava o outro de ladrão e vice-versa.
Ou, um pouco mais recente, o bate-boca entre os ex-deputados federais José Dirceu e Roberto Jefferson. Quem já esqueceu que o Dirceu despertava os instintos mais primitivos no Jefferson? E que o Jefferson tinha todas as acusações repelidas pelo Dirceu?
O título deste post se inspira nesta confusão épica entre o petista e o petebista. Roberto Jefferson falou: "Dirceu, sai daí, sai antes que você prejudique um homem sério que é o presidente Lula!"
Agora, nós vemos democratas, tucanos e alguns outros senadores repetindo isto tanto no plenário quanto na surdina, mas com algumas modificações. Eles dizem: "Renan, sai daí, sai antes que você enlameie todo o Senado Federal". (Claro que esta é uma das versões mais leves das frases que devem estar sendo proferidas pelos pares do Renan).
Não é segredo para ninguém que o Senado é como um clube de amigos, os 81 senadores possuem, apesar de todas as divergências, relações mais próximas do que os deputados federais. Contudo, até o corporativismo tem limite e este limite costuma ser o da opinião pública. Nenhum parlamentar deste país gosta de se indispor com ela, mas se demoraram para pedir com veemência a cabeça de Renan foi porque sabem que ele ocupa a cadeira da presidência do Senado por ter recebido a maioria dos votos dos seus colegas.
Os jornais, blogues e revistas dão conta de acordos de bastidores para manter Renan no cargo. Então, aguardem as cenas do próximo capítulo. Não é novela de Gilberto Braga, mas todos querem saber o desfecho, neste caso aqui, não é para conhecer quem matou Odete Roitman, mas descobrir de quem são os bois, os rádios, as laranjas...

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Parem o metrô de Salvador!

Em um primeiro momento, o título pode causar indignação, afinal de contas, das grandes capitais brasileiras, Salvador é uma das poucas que ainda não tem metrô e este é um dos pleitos mais antigos dos moradores da cidade.
Agora, devem estar perguntando o motivo do título. Se não, deveriam. O metrô de Salvador, para quem não sabe, hoje, caminha para ser mais um elefante branco. Daqueles bem caros e inúteis.
Não é novidade para ninguém que o trecho inicial do metrô já foi reduzido umas quatro vezes, e, agora, por este motivo, as primeiras projeções de tarifa para este transporte público na capital baiana prevê o preço de 15 reais.
É uma tarifa absurda! Simplesmente, sete passagens e meia de ônibus em Salvador. A população carente que poderia ter muitos benefícios foi esquecida do projeto em um primeiro momento, quando houve redução do caminho do metrô e os bairros mais populares ficaram de fora do projeto e, agora serão relegadas a um segundo plano novamente, se este preço exorbitante vier a ser concretizado.
Por favor, parem de construir o metrô! Terminar só para dizer que ele existe não adianta. Este transporte deve ser mais uma alternativa para a população, principalmente, a mais carente se locomover com mais facilidade, rapidez e conforto.
O metrô hoje caminha para ser mais um ponto turístico da cidade ou ainda pode ser uma nova estratégia da prefeitura de Salvador. Preocupado com o tráfego e os engarrafamentos que param a cidade no horário do rush, o prefeito João Henrique pode estar pensando no metrô como uma forma dos ricos soteropolitanos deixarem os seus carros em casa.

sábado, 4 de agosto de 2007

As vaias e Lula

Tudo começou no Maracanã, mas parece que o movimento ali iniciado continuará tendo prosseguimento. Afinal, os protestos receberam o reforço do movimento "Cansei" liderada, oficialmente, pela OAB de São Paulo. Liderança esta que foi criticada pela OAB do Rio de Janeiro que classificou o movimento como golpista e, além deste movimento, Lula foi alvo de uma série de manifestações em algumas capitais do país.
Por mais que existam razões para criticar o governo, os que hoje protestam têm todo o direito de protestarem, mas não deixa de ser engraçado vê-los fazendo estas manifestações. Por quê? Porque eles não sabem protestar e sem contar que usam argumentos, muitas vezes, carregados do preconceito de classe. Leiam a opinião dada ao site G1 pela organizadora do protesto contra Lula no Rio de Janeiro, a empresária Marta Serrat, "A vaia do Maracanã não foi orquestrada. Foi uma manifestação do povo que paga imposto e que está descontente com o Bolsa Família, que incentiva a ociosidade. Não estamos só contra o Lula, mas contra todo o sistema que existe ao redor do governo". Ou seja, o Bolsa-família incentiva a ociosidade. É mesmo Marta? Por mais que existam casos de pessoas que ficam ociosas com a ajuda do governo, a grande maioria não deixa de procurar outras formas de sustento. Haja preconceito arraigado nas mentes destas pessoas.
Por falar em vaias do Maracanã, hoje, Lula recebeu os atletas medalhistas dos últimos jogos pan-americanos. Foi elogiado por alguns deles. "Aquilo foi ridículo. Ele tinha mesmo é de ser aplaudido. O Lula não colocou só um dedo no PAN, ele colocou as duas mãos. Se não fosse ele, esses Jogos não teriam se realizado", disse Franck Caldeira, maratonista ganhador do ouro. "As pessoas que estavam lá não eram esportistas. Lula fez muito pelo esporte. Muitos atletas vieram de projetos sociais do governo. O povo brasileiro ainda não está acostumado com a festa do esporte. Aquelas vaias deveriam ser retribuídas com aplausos", afirmou Rebecca Gusmão, ganhadora de duas medalhas de ouro. Segundo o site G1.

Foi música para o ouvido, o que gosta de escutar aplausos, do presidente.

Atualização em 05/08/07 às 17:13: Pesquisa Datafolha mostrou que nem a crise aérea nem o acidente da TAM alteraram a popularidade do presidente Lula, apesar da culpa ter sido atribuída previamente ao governo e mesmo com as manifestações citadas acima.
Leiam mais em: "Crise aérea não afeta aprovação de Lula, diz Datafolha"
do portal G1.

sábado, 28 de julho de 2007

Troca de Comando na Defesa acontece finalmente

Se for perguntado a qualquer brasileiro, neste exato momento, qual ministro mais sofreu em um processo de demissão no governo Lula, com certeza, mais de 90% das pessoas irá responder que foi o ex-ministro Waldir Pires. Depois de mais de 10 meses da chamada crise do setor aéreo e com o acontecimento de dois acidentes gravíssimos na história da aviação nacional, Waldir finalmente foi demitido.
No lugar de Waldir, tomou posse o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim. Jobim já havia sido chamado antes, na época da reforma ministerial do segundo mandato, mas recusara. Ele tinha disputado a eleição da presidência do PMDB e acreditava ter sido largado à própria sorte pelo presidente Lula, o que teria facilitado a reeleição de Michel Temer a frente do partido.O fato é que, meses depois daquele primeiro convite, Jobim resolveu aceitar o pedido do amigo Lula.
A demissão de Waldir fez com que seus detratores arregaçassem as mangas para fazer seu linchamento público, esquecendo a figura pública e a história de Waldir Pires.
Lógico que as críticas devem ser feitas, afinal ele se mostrou incapaz de construir uma movimentação simbólica e eficaz do governo para sanar os problemas do sistema aéreo nacional. Waldir sai do ministério não pela falta de uma boa trajetória política, mas sim pela inabilidade em gerir o Ministério da Defesa. Ministério, diga-se de passagem, que até hoje não mostrou a que veio. Nem na época de sua criação, no governo FHC, e nem hoje, já que o Exército, a Aeronáutica e a Marinha acabam não respeitando muito a autoridade civil representada pelo ministro imbuído do cargo.
Cabe a Nelson Jobim a reversão deste quadro de medo instalado em torno dos aeroportos brasileiros e a prática de uma nova forma de gestão no Ministério da Defesa. O ministro parece estar ciente disto, todas as suas declarações têm demonstrado sua disposição de colocar o Ministério para funcionar, mas se não for assim, não haverá espaço para lamentações. "Aja ou saia, faça ou vá embora", como ele mesmo disse no dia da transmissão de cargos.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Acaba de ser anunciada a morte do senador ACM

Acaba de ser anunciada a morte do senador baiano Antônio Carlos Magalhães. O senador tinha 79 anos e morreu, após mais de 40 dias internado no Instituto do Coração de São Paulo. ACM foi governador da Bahia por três vezes e estava no seu segundo mandato como senador da república. O quadro de saúde do senador vem se agravando há muito tempo, sendo esta a terceira internação neste ano no INCOR do senador baiano.

ACM, como todos sabem, possuía muitos amigos e a mesma quantidade ou mais de inimigos, adquiridos nestes anos de poder e viu uma das forças políticas que mais o combateu assumir o governo da Bahia nestas últimas eleições. Antônio Carlos será enterrado no Campo Santo, mesmo cemitério onde seu filho foi enterrado.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Popó é secretário!


Seguindo os exemplos dos seus companheiros dos governos federal e estadual, Lula e Jaques Wagner, o prefeito da cidade de Salvador, João Henrique, resolveu colocar a frente de uma pasta da sua administração, uma celebridade da cidade. No caso do prefeito, foi o pugilista, ou ex-pugilista, esta é uma condição que muda toda hora, Acelino "Popó" Freitas, que foi empossado secretário municipal de esportes, lazer e entretenimento na terça-feira.
O que mais espanta nesta indicação não é nem o fato de Popó ter sido indicado secretário, afinal de contas, ele tem feito um trabalho muito bom de promoção do boxe baiano e apoio às comunidades carentes, mas o fato do prefeito ter dito à imprensa que vai sentar com Popó para ouvir as idéias que ele tem sobre o que fazer na secretaria. É de espantar um gestor público com mais da metade do mandato não dar uma declaração sequer do que ele, prefeito da cidade, tem a oferecer para o município nestas áreas: esporte, lazer e entretenimento, atribuindo logo esta responsabilidade para o secretário que está chegando.
Não parece ter sido aumentado nestes dois anos e meio de mandato do prefeito João Henrique a oferta nem de esporte nem de lazer e muito menos entretenimento para nenhuma classe social da cidade de Salvador. O que se vê é uma política pública centrada na reforma de quadras e nenhuma atenção com a atividade esportiva e os acessos ao lazer e entretenimento da sociedade soteropolitana. A única exceção foi a criação da tal ciclovia da orla compreendida entre o Jardim de Alá e a praia de Jaguaribe, mas, em compensação, há parques públicos, como o de São Bartolomeu, largados às moscas.
Popó é o quarto secretário a assumir uma secretaria que possui, junto com a Secretaria de Reparação, o menor orçamento da administração municipal, e, além disso, não tem projeto algum. Pelo menos nenhum que tenha atingido de forma satisfatória a população.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Renan não quer largar o osso

Para vocês que não entendem porque Renan não quer sair do Senado e queima ainda mais a imagem daquela Casa Legislativa seja pela cobrança de partidos oposicionistas como os Democratas e o PSDB seja pela cobrança da imprensa que espera esta decisão ansiosamente, vai aqui este post.
Renan, é bom que se recorde, sempre foi figura muito querida no Congresso Nacional. Já foi da tropa de choque de Collor, de FHC e, atualmente, apesar de exercer uma presidência do Senado equilibrada, é um dos maiores defensores do governo Lula na Casa de tapete azul. Ou seja, tem relações aproximadas com todos os partidos e, inclusive, foi eleito contra o candidato dos Democratas, senador José Agripino Maia.
Além disto, Renan apóia o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, PSDB, o que retardou um posicionamento mais agressivo da legenda tucana.
E são nestas relações que Renan vem se segurando pra não largar o osso no Senado. Há quem diga que Renan é a própria Pandora, pronta para abrir a caixa dos horrores do Senado Federal.
Renan é parlamentar experiente e sabe que de qualquer maneira a sua imagem sai arranhada deste episódio. Prefere levar com ele o Senado inteiro e, pode ter sido isto que ele quis dizer hoje à tarde ao afirmar que para tirá-lo da presidência, os parlamentares oposicionistas vão ter que sujar as mãos.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Joaquim Roriz se explica agora no Senado. E no Conselho de Ética...

Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal e atual senador pelo PMDB daquele estado, está, neste exato momento, se explicando perante o plenário do Senado que conta com a presença de aproximadamente 10 senadores.
Para quem não sabe Joaquim Roriz está sendo investigado por causa de um empréstimo de mais ou menos 200 mil reais que ele contraiu para, segundo ele, pagar uma bezerra que ele comprou em um leilão. O amigo, Nenê Constantino, presidente do Conselho Diretor da empresa aérea gol, emprestou um cheque de 2,2 milhões de reais para que ele descontasse estes 200 mil e pagasse a bezerra. As irregularidades, no entanto, são muitas. A movimentação financeira, por exemplo, não foi comunicada ao Conselho de Atividades Financeiras (COAF), mas Roriz falou hoje em seu discurso que tem documentos que comprovam a licitude do empréstimo feita por seu amigo.
Roriz chorou no plenário e atacou a imprensa impiedosa, segundo ele, e os vazamentos feitos sobre as investigações da Polícia. E disse que em Brasília e cidades-satélite todos sabem que é um político sério, nenhum caso de grilagem de terras, das quais foi acusado de ter feito, deve passar pela cabeça do senador agora.

E no Conselho de Ética, já foram escolhidos o presidente e o relator do caso Renan. A presidência será exercida por Leomar Quintanilha, PMDB/TO, e a relatoria, se aceitar, será feita por Renato Casagrande, PSB/ES. Renato Casagrande já se pronunciou, dizendo que só aceita se puder investigar Renan de forma independente. Está agora nas mãos de Leomar aceitar ou não a investigação de Casagrande.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A Semana - II Parte

Programa do PSDB e FHC: Hoje foi ao ar o primeiro programa do PSDB neste semestre. O Partido da Social Democracia defendeu com veemência o que eles acreditam ser o legado positivo do governo FHC como moeda forte, fim da inflação, criação dos genéricos, programas sociais como Vale-gás e Bolsa-escola, privatizações, programa Saúde na Família e o Melhor Programa contra AIDS no mundo.
O PSDB, desta maneira, demarcou a sua posição em relação ao governo Lula, criticou a corrupção presente no governo atual (para eles, sem controle) e fez uma defesa que muitos tucanos, como o ex-presidente FHC, acreditaram que já deveria ter sido feita na campanha presidencial de Geraldo Alckmin contra Lula.
As únicas imagens de políticos do partido foram as dos que estiveram presentes no III Congresso do Partido. Nenhum deles falou, para falar pelo partido eles preferiram usar o ator Jackson Antunes e uma atriz que este blogueiro não sabe o nome.

Nova proposta de Reforma Política: Foi apresentada hoje uma nova proposta de Reforma Política. Assinaram a proposta o PT, os Democratas, o PPS, o PCdoB, o PSB e o PMDB. Segundo a nova proposta, sai a lista fechada e entra a lista flexível para as eleições. Esta é a principal mudança, já que muitos parlamentares alegavam que os partidos ficariam nas mãos dos caciques partidários e com a lista flexível, os eleitores poderiam opinar sobre aqueles que eles preferem que estejam a frente das listas. Leia mais Reforma Política.

A semana - I Parte

Mais uma semana atribulada na vida política brasileira. Apenas quatro assuntos serão tratados aqui por causa da quantidade de coisas que aconteceram nesta semana.
Renan e o Conselho de Ética: A novela iniciada há aproximadamente duas semanas teve prosseguimento esta semana no Congresso Nacional. O caso Renan está repercutindo mais do que pensaram, inicialmente, alguns senadores e está, neste momento, sem nenhum relator no Conselho de Ética do Senado. O primeiro Epitácio Cafeteira, PTB/MA, renunciou alegando problemas médicos e o segundo Wellington Salgado, PMDB/MG, renunciou sem nem completar 24 horas a frente do cargo.
Há quem já discuta a troca de Renan a frente do Senado brasileiro. Ele, obviamente, já disse que não renuncia ao cargo, apesar de insistentes pedidos de licenciamento e renúncia defendido por alguns de seus pares.

Programa dos Democratas e ACM: Desde a semana passada, os lares brasileiros têm sido invadidos pelas inserções de TV dos Democratas. Nas primeiras inserções da nova legenda foi priorizada a participação do que eles alegam ser a nova cara do partido. Estavam presentes o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o prefeito do Rio de Janeiro César Maia e o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. É emblemático a nova cara do partido ser toda da região centro-sul do país, área que eles consideram crucial para o fortalecimento da agremiação e estas terem sido as pessoas escolhidas. O prefeito Kassab tem um passado que condena. Ele foi secretário de planejamento do governo Pitta. O prefeito César Maia apareceu falando bem do PAN obviamente, mas omitiu a participação do governo federal nas obras e o quanto está estourado o orçamento para a organização deste evento. O governador Arruda, para quem não lembra, é aquele mesmo que renunciou ao mandato de senador junto com o senador ACM para fugir da cassação pela quebra do sigilo do painel eletrônico do Senado Federal. Por falar no senador, outro fato desta semana é a sua internação no INCOR de São Paulo e a divulgação desencontrada de informações. O deputado federal ACM Neto já se pronunciou dizendo que seu avô se recupera bem e está lúcido.


quinta-feira, 14 de junho de 2007

A situação do senador Renan Calheiros se complica

Tudo estava se encaminhando para que o senador e presidente do Congresso Nacional Renan Calheiros tivesse uma vitória consagradora no Conselho de Ética amanhã, mas o Jornal Nacional exibiu uma reportagem, no mínimo, constrangedora para o senador.
A reportagem buscou as fazendas e pessoas que o senador havia apresentado em sua defesa como compradoras do gado criado por ele e cuja renda teria servido para o pagamento da pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Várias incoerências foram encontradas pelo repórter da TV Globo e, apesar do relator do processo de Renan no Conselho de Ética, senador Epitácio Cafeteira, ter certeza da inocência de Renan, as coisas amanhã no senado parecem que não serão nada fáceis. Se o placar já parecia que seria apertado, 8 x 6, alguns senadores podem mudar de idéia, não por acreditarem no que as investigações podem dar se continuarem, mas para não terem uma imagem negativa perante à opinião pública.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Vavá e a PF

O fato mais importante no cenário político esta semana foi o indiciamento do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva. Segundo a Polícia Federal Vavá incorreu no crime de tráfico de influência e envolvimento com o chefe da quadrilha dos Caça-Níqueis.
Lula se manifestou dizendo que acredita na inocência do irmão, mas se forem comprovadas as denúncias, ele deve responder como qualquer brasileiro. Nada mais certo do que isto. As leis estão aí para todos.
Por falar em perguntas a Lula, parece que dois temas não saíram das bocas dos jornalistas quando fizeram questões ao chefe da nação brasileira. Uma, obviamente, é sobre seu irmão Vavá e a outra sobre a não renovação da concessão da RCTV, TV mais popular da Venezuela.
Quanto ao segundo tema, Lula respondeu ao jornalista Clóvis Rossi da Folha de São Paulo, que a não concessão representa sim um gesto democrático do governo Chávez. Esta opinião parece ser bastante óbvia, já que cabe aos governos renovarem ou não as concessões públicas das televisões. Claro que o governo Chávez beira o populismo, se não o for, mas nesta questão nada parece estar fora de lugar.


sexta-feira, 1 de junho de 2007

Movimento Estudantil


Por falar em estudantes, um fato peculiar chamou a atenção esta semana. Foram realizadas em Salvador durante o mês passado, as eleições de dos Diretórios Centrais dos Estudantes, DCEs, da Universidade Federal da Bahia, UFBA, e da Universidade Católica do Salvador, UCSAL.
A priori, as eleições nestas duas universidades relacionam-se, obviamente, pelo fato de terem sido eleições das representações dos estudantes, mas além disso, agora vem o fato peculiar, as duas chapas vencedoras são de pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, PT.
Na UFBA, venceu a Chapa 1, Quilombo Kizomba, com membros da Articulação de Esquerda e Democracia Socialista, tendências internas do PT mais próximas ao espectro de esquerda como os nomes delas sugerem. Na UCSAL, venceu a Chapa 4, De Cara e Corações Novos, ligada apenas à Democracia Socialista. Claro que além dos membros ligados aos partidos, há também, os independentes.
Mas quem pensou que a relação parava aí, se enganou. Todas as chapas participantes nas duas universidades têm ligações políticas, o que prova que, cada vez mais, o movimento estudantil se afasta dos estudantes e é feita por pessoas mais ligadas à atividade político-partidária.
Tem-se a noção por alguns aspirantes à vida parlamentar que o Movimento Estudantil é a porta de entrada para o início desta vida. O que, talvez seja verdade, mas não pode ser admitida a ingerência dos grupos políticos nas demandas estudantis. Estas relações, salvo raras exceções, causam muitos problemas. Tanto que na manifestação dos alunos paulistas, o governador José Serra, ex-presidente da UNE, disse que havia motivação política para aquilo. Afirmação que pode ser verdade ou não.
Não é o caso das pessoas deixarem de se engajar na vida política, partidária, mas é necessário discernir as demandas partidárias das demandas do movimento.

*Resultado das eleições dos DCEs (Fonte: Site do PT Bahia):
-UFBA: 1º lugar: Chapa 1: Quilombo Kizomba - Articulação de Esquerda(AE-PT), Democracia Socialista(DS-PT), Esquerda Democrática Popular (EDP), Independentes;
2ºlugar: Chapa 3: Coletividade e Luta - O Trabalho(PT);
3ºlugar: Chapa 2: Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua e Flores - União da Juventude Socialista(UJS- PCdoB), UL(?) e Independentes;
4ºlugar: Chapa 4: Vem Sambar no meu Terreiro - PSOL e PSTU

-UCSAL: 1ºlugar: Chapa 4: De Cara e Corações Novos - DS e Independentes;
2ºlugar: Chapa 2: Bloco na Rua e Vermes - UJS e Grupo da Reitoria;
3ºlugar: Chapa 1: Vem Sambar no meu Terreiro - PSOL e PSTU;
4ºlugar: Chapa 3: Baobá - AE, EDP e Atitude Quilombola

P.S: Nota-se a predominância de chapas ligadas ao PT, das 8, a metade tem ligação com o Partido dos Trabalhadores.
Este blogueiro pede desculpas pela atualização não ter acontecido na quinta-feira.
OBS: A EDP é liderada por Nelson Pelegrino e detém a maioria do diretório municipal de Salvador. A DS é liderada por Walter Pinheiro. A AE é a tendência do presidente do Partido dos Trabalhadores na Bahia Marcelino Galo.

Fonte da Foto: Clayton de Souza/ Agência Estado

Atualizada em 14/06/07 às 21:30

Resumo da Semana

Mais uma semana atribulada no Congresso Nacional. Já na segunda-feira, vimos o presidente do Senado, Renan Calheiros, PMDB/AL, se defender das acusações feitas pela revista Veja na sexta-feira que Cláudio Gontijo, funcionário da empreiteira Mendes Júnior, pagava contas particulares como a pensão da filha do citado senador.
Renan apresentou a um plenário ansioso, provas de que possui rendimento para quitar ele mesmo todas as suas dívidas e que, segundo ele, Cláudio Gontijo fazia apenas a intermediação entre ele e a mãe de sua filha, a jornalista Mônica Veloso.
Neste caso aqui, não interessa se o senador conseguiu comprovar ou não a sua inocência, mas que ao discursar na posição de presidente do Senado, ele comprometeu toda a instituição na luta a favor de sua absolvição, mesmo com reclamações do PSOL, dos senadores Jefferson Péres, PDT/AM e Pedro Simon, PMDB/RS.
Nesta mesma semana, o Senado aprovou o reajuste salarial proposto pela Câmara dos Deputados que alterou o salário do presidente, dos ministros, dos senadores e dos deputados. O reajuste ficou dentro da taxa de inflação e deve gerar uma reação em cadeia. O problema é que, mais uma vez, os parlamentares decidem fazer o reajuste de uma maneira cuja a repercussão seja a menor possível. As atenções estavam todas voltadas para o caso da Navalha, e aí, eles foram e reajustaram. A Câmara, caso vocês não lembrem, fez este reajuste durante a visita do Papa.
Outro fato desta semana foi o quebra-quebra na reitoria da USP. Estudantes estavam há mais de 20 dias ocupando a reitoria da Universidade de São Paulo contra um projeto do governador José Serra, PSDB/SP, em que ele faz com que as universidades prestem contas à Secretaria do Ensino Superior. Os estudantes entenderam que isto representaria ameaça à autonomia da gestão financeira das universidades. O final da ocupação deu-se de uma forma lamentável: confronto entre a Polícia Militar de São Paulo e os estudantes.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Navalha na Carne


O título do post é o mesmo de um filme e peça famosos, mas nada tem a ver com arte. É impossível um brasileiro que ainda não tenha ouvido falar da Operação Navalha da Polícia Federal. Operação esta responsável pela descoberta de mais fraudes em orçamentos, desta vez em favor da construtora Gautama com sede em Salvador, Bahia.
No caso da Bahia, destaca-se entre os presos, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, PT-BA. Caetano é um dos fundadores do partido na Bahia, foi um dos coordenadores da campanha do governador Jaques Wagner. Porém, ele se defende das acusações, (não era para se esperar o contrário), disse que vai processar a União por causa dos abusos da Polícia Federal, apesar de defender as ações dela.

Esta história todo mundo sabe, este blogueiro, no entanto, quer levantar questões que merecem ser observadas nesta confusão:
1- Foi achado R$142 mil e quase US$3 mil em dinheiro vivo na casa de Luiz Caetano. Todo mundo sabe que por mais que seja uma questão de tradição, segundo ele alegou, afirmando que sertanejo guarda dinheiro em casa, não pega nada bem para um político ter dinheiro em casa, pois mesmo que seja dinheiro lícito, a dúvida paira no ar. O governador Jaques Wagner deu uma declaração ontem(quinta-feira) falando que este é um elemento complicador para Caetano e que ele, apesar de não querer pré-julgar seu companheiro de partido, não acha natural(quem acha?!?);
2- Quem com porcos anda, farelos come. Este não é o caso de Caetano, mas vejam como o mundo é pequeno, a lista de conhecidos do Zuleido não pára de crescer. O ex-marido da primeira-dama da Bahia conhece o Zuleido. Até o Chico, este mesmo, o Buarque, "bateu baba" na casa de Zuleido segundo o colunista Samuel Celestino do A Tarde. Até parece que todo mundo conhece Zuleido em Salvador;
3- Por fim, político ganhar mimo de dono de construtora, mesmo que seja garrafa de whisky, é no mínimo, constrangedor. É que nem jornalista receber presente de uma gravadora antes de fazer uma crítica do novo lançamento da mesma.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A prisão de Luiz Caetano

A operação Navalha foi responsável pela prisão de mais de 40 pessoas em todo o país. Entre os acusados de fraude em licitações, estão funcionários da empresa Gautama, prefeitos, deputado distrital, governador e ex-governador e, em especial, no caso da Bahia, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. Caetano foi preso esta tarde acusado de participação de fraude em licitações envolvendo esta empresa baiana. Junto com ele foi preso seu secretário de infra-estrutura, Iran César de Araújo Filho.
É a segunda vez que Luiz Caetano administra a cidade com o maior PIB do nordeste. A primeira vez foi pelo PMDB e desta vez ele está no PT. Aliás, o movimento de petistas na sede da Polícia Federal em Salvador foi intensa durante todo o dia. Passaram por lá, entre outros, o presidente do PT baiano, Marcelino Galo e o deputado federal Nelson Pelegrino.
As prisões foram pedidas pela juíza baiana do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon.
Eliana diz no despacho o seguinte sobre o prefeito de Camaçari(Fonte: Blog do Noblat): "foi corrompido pelo grupo e estava à frente dos atos criminosos nos episódios de direcionamento de recursos federais do Ministério das Cidades para execução de obras".
Como o fato aconteceu hoje, tudo está muito recente. O prefeito, porém, tem muito o que explicar à população de Camaçari e a Polícia Federal também, já que as primeiras informações vindas da prefeitura é que eles não possuem nenhum contrato em vigor com a Gautama recentemente.
Claro que não há impedimento para as ilicitudes terem ocorrido e não existirem mais hoje. Se este for o caso e se for confirmada a sua participação, o prefeito não poderá ficar isento, nem poderá ficar a frente da cidade e pegará muito mal ao PT mantê-lo entre seus quadros.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Diferenças entre a esquerda, o centro e a direita no Brasil - Centro e "Muito pequenos"

Para concluir as diferenciações, vamos ao centro. As pessoas que se filiam a esta expressão ideológica apresentam idéias dos dois espectros ideológicos anteriores e pensando na estrutura partidária, possui pessoas ligadas aos dois tipos de ideologias.
Além de falar dos partidos de centro, este blogueiro ainda citará os outros partidos políticos que são muito pequenos e que não possuem uma filiação ideológica tão clara como os, também pequenos, PCO e PCB.
Historicamente, os partidos de centro sempre existiram, mas não com a relevância de hoje.

Partidos brasileiros de centro:

  • Base de sustentação do governo Lula:
Partido do Movimento Democrático Brasileiro(PMDB) : Herdeiro direto do Movimento Democrático Brasileiro, único partido de oposição da era militar. Possui políticos que têm posicionamentos tão distintos como o senador pelo Rio Grande do Sul, Pedro Simon e o deputado federal pelo Pará, Jáder Barbalho. Apesar da amplitude de posições, é um dos principais partidos do governo de coalização de Lula. É o maior partido brasileiro, com a maior bancada no Senado, na Câmara dos Deputados, maior número de filiados e número de prefeitos. É presidido pelo deputado federal Michel Temer.
Partido Trabalhista Brasileiro(PTB) : Herdeiro direto do PTB de Getúlio Vargas. Uma briga originou o PDT, Leonel Brizola brigou com a sobrinha de Getúlio, Ivete Vargas e resolveu criar o PDT. Hoje, é um partido que apoiou diversos governos neo-liberais, mas se posiciona como defensor dos trabalhadores. É presidido pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson.

  • Oposição ao governo Lula:
Partido Popular Socialista(PPS) : Originou-se da decisão da Executiva Nacional do PCB de dissolver o partido e fundar um outro. Muitos quadros acabaram saindo por discordar da ampliação do escopo ideológico do partido. É presidido pelo deputado Roberto Freire.
Partido da Social Democracia Brasileira(PSDB) : O PSDB surgiu de uma dissidência dentro do PMDB liderada pelos então senadores Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Além deles participaram da fundação, Franco Montoro, José Serra, Aécio Neves, entre outros. Apesar de ter, originariamente, decidido seguir a linha da social democracia, esta agremiação partidária, hoje, está dividida entre desenvolvimentistas e políticos ortodoxos e fez um governo que implementou diversas regras da cartilha neo-liberal como as privatizações. E está entre a centro-direita e o centro. É presidido pelo senador do Ceará Tasso Jereissati.

Além destes partidos de centro, direita e esquerda, há os partidos muito pequenos e sem posicionamento ideológico muito claro. São eles o PTC, o PMN, o PHS, o PTdoB, o PTN, o PRTB, o PSC, o PSDC, o PSL e o PRP.

Diferenças entre a esquerda, o centro e a direita no Brasil - Direita

Os termos direita e esquerda como muita gente sabe foram cunhados durante a revolução francesa, onde em um Congresso, os jacobinos, ala da pequena burguesia e mais radical da revolução se sentou no lado esquerdo da sala e os girondinos, partido da alta burguesia sentou-se à direita, ainda tinham os moderados que ficaram no centro da sala.
Vindo para o Brasil, algumas pessoas dizem que a direita brasileira tem suas origens com a chegada dos portugueses neste país e a sua posterior exploração das riquezas nacionais, outros afirmam que nenhum partido político é efetivamente deste espectro ideológico no país, já que não se declaram desta maneira e temem em expôr certas idéias contrárias ao anseio popular.

Por uma necessidade metodológica, este blogueiro colocará o início da direita brasileira com aquele partido que representava o contraponto ideológico da esquerda na época de Getúlio: os integralistas. Os integralistas representavam o ideário fascista daqueles anos e pregavam os valores da pátria contra a ameaça representada pelos comunistas. Após este período, a direita brasileira articulou-se contra o governo de João Goulart, primeiramente, sendo contrária a sua posse e, depois, apoiando o golpe militar.
A direita brasileira também se dividiu durante a Ditadura Militar, alguns representantes seguidores desta ideologia, como o governador da Guanabara Carlos Lacerda acreditavam que o período militar seria curto, e alguns como o próprio romperam em 1966, depois da prorrogação do governo Castelo Branco e outros assumiram o governo do país organizados no único partido governista da época, a Aliança Renovadora Nacional, Arena. Depois de 21 anos de regime ditatorial e bipartidarismo, a direita se dividiu em diversos partidos, mas não deixou o poder. Esteve no governo Collor, no governo FHC e disputa espaços no governo Lula, caracterizado como de centro-esquerda.
Algumas pesquisas apontam que a maioria do povo brasileiro compartilha muitas opiniões com a ideologia da direita.
Pontos defendidos pela direita brasileira:
*Manutenção da ordem
*Proteção da propriedade privada, sendo contrário às ocupações de terra feitas pelos movimentos sociais campesinos;
*Redução da Maioridade penal e endurecimento da legislação brasileira contra os criminosos;
*Implementação do receituário neo-liberal;
*Preocupação principal com a política econômica;
*Menor presença do Estado no desenvolvimento da nação, ampliação das parcerias com a iniciativa privada;
*Defesa da livre concorrência e do capitalismo;
*Acordos econômicos que privilegiem o mercado com as nações mais ricas do mundo;
*Desburocratização do Estado brasileiro: terceirização entre outras coisas;
*Defesa das reformas trabalhista, sindical, previdenciária e tributária. Entendendo que esta última é crucial para a modernização da economia brasileira.

Partidos brasileiros de direita:

  • Base de sustentação do governo Lula:
Partido Progressista(PP) : Herdeiro direto da Arena, que se transformou em Partido Democrático Social, PDS, Partido Progressista Renovador, Partido Progressista Brasileiro e, hoje, é só Partido Progressista. Está a frente do Ministério das Cidades com o ministro Márcio Fortes.
Partido da República(PR) : Resultado da união do Partido Liberal, PL, com o Partido da Reedificação da Ordem Nacional, PRONA. Ocupa o Ministério dos Transportes com o ministro e ex-senador Alfredo Nascimento.
Partido Rebublicano Brasileiro(PRB) : Fundado por políticos que saíram do PR, como o vice-presidente da república, José Alencar, empresário. Além da vice-presidência, indicou para a mais recente secretaria do governo Lula, Secretaria de Ações de Longo Prazo, o cientista político, Roberto Mangabeira Unger, crítico feroz do governo Lula em 2005.

  • Oposição ao governo Lula:
Democratas(DEM) : Tem suas origens na Arena e no PDS. Era Partido da Frente Liberal até o início do ano, quando mudou de denominação para Democratas e escolheu como alvo o eleitor da classe média das grandes cidades por causa do pífio desempenho da legenda nas últimas eleições. É presidido pelo deputado federal pelo Rio de Janeiro, Rodrigo Maia.

Diferenças entre a esquerda, o centro e a direita no Brasil - Esquerda

Enfim, o que defendem a esquerda, a direita e o centro brasileiros? Afinal de contas, ainda é pertinente este tipo de diferenciação depois do governo do Partido dos Trabalhadores que emprega receitas da cartilha neo-liberal?
As respostas a esta pergunta são as mais variadas possíveis, mas ainda é possível diferenciar estas duas correntes ideológicas. As diferenças podem ser assim divididas:

*Esquerda: A esquerda brasileira é herdeira de processos históricos que se iniciam com o Partido Comunista Brasileiro ainda na época de Getúlio Vargas. Esta mesma esquerda chega ao poder com João Goulart, o primeiro presidente que propôs reformas de base, mas que logo é derrubado pelo Exército brasileiro no golpe de 1964. A esquerda se dividiu durante a Ditadura Militar, tendo uma parte aderido à luta armada contra o governo ditatorial e outra parte tendo se filiado ao Movimento Democrático Brasileiro, MDB, único partido de oposição liberado pelo regime dos militares. Depois de 21 anos do regime dos exércitos, o país voltou ao regime democrático e o Partido dos Trabalhadores, PT, despontou como principal partido de esquerda do país. Em 2002, foi eleito o primeiro presidente deste espectro ideológico, porém, ele representava interesses de outros partidos que o apoiaram como o Partido Liberal, PL. Por causa disso, a esquerda brasileira divide-se em ser da base de sustentação e ser oposição ao governo.
Pontos defendidos pela esquerda brasileira:
*Implementação da justiça social;
*Descriminalização do aborto;
*Reforma Agrária;
*Descriminalização do uso de drogas;
*Não-redução da maioridade penal;
*Política mais desenvolvimentista e não a aplicação do receituário neo-liberal;
*Maior preocupação com política social e não com a política econômica;
*Maior presença do Estado na indução do desenvolvimento nacional;
*Alguns partidos defendem o socialismo e a ruptura com os organismos internacionais, declarando a moratória da dívida pública entre outras questões;
*Maior integração latino-americana;
*Defesa dos movimentos sociais, das questões de gênero, sexo e raça sem preconceitos;
*Defesa do meio-ambiente.

Partidos brasileiros de esquerda:

  • Base de sustentação do governo Lula:
Partido Comunista Brasileiro(PCdoB) : É o mais antigo partido de esquerda do pais, já tem 90 anos. O partido presidiu a Câmara dos Deputados no último ano da legislatura passada, tendo feito presidente o deputado Aldo Rebelo, PCdoB, SP.
Partido dos Trabalhadores(PT) : O maior partido de esquerda do país, apesar de alguns argumentarem dele ter caminhado para a centro-esquerda. É marcado por diversas tendências ideológicas, as principais são Articulação de Esquerda, O Trabalho, Movimento PT, Campo Majoritário(Articulação) e Democracia Socialista.
Partido Socialista Brasileiro(PSB) : Tem em Miguel Arraes a representação de seu maior líder político, hoje, é presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, neto de Arraes.
Partido Democrático Trabalhista(PDT) : Partido fundado pelo ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. É presidido pelo ministro do trabalho, Carlos Lupi.
Partido Verde (PV) : Apesar de não possuir um espectro ideológico claramente definido, aproxima-se da esquerda brasileira pela defesa das questões ambientais. O nome de maior destaque é do deputado federal do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira.

  • Oposição ao governo Lula:
Partido do Socialismo e Liberdade(PSOL) : Partido fundado a partir da expulsão de parlamentares do PT. É presidido pela ex-senadora Heloísa Helena. Tem três deputados federais e um senador. Extrema esquerda.
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados(PSTU): O partido foi fundado após a primeira expulsão de quadros do PT. É presidido por José Maria, foi candidato em três eleições presidenciais: 1994, 1998 e 2002. Nas eleições passadas, apoiou a candidata Heloísa Helena. Extrema esquerda.
Partido da Causa Operária(PCO) : É mais um partido de extrema esquerda, e seu candidato a presidência da república nas eleições de 2006, Rui Costa, teve a sua candidatura impugnada.
Partido Comunista Brasileiro(PCB): Apoiou o candidato Lula em 2002, mas rompeu com o mesmo ainda em 2003. Perdeu diversos quadros para o Partido Popular Socialista, PPS. Apoiou a candidata Heloísa Helena nas últimas eleições.

Clodovil x Cida Diogo

A temperatura esquentou ontem na Câmara dos Deputados. Tudo transcorria normalmente, os deputados já haviam aumentado seus salários e os do Presidente da República e dos ministros, aproveitando a atenção da opinião pública estar voltada para a visita do papa, quando começou o imbróglio entre os dois parlamentares do título do post.
A deputada do Partido dos Trabalhadores, PT, do Rio de Janeiro estava colhendo assinaturas contra a polêmica declaração do deputado pelo Partido Trabalhista Cristão, PTC, de São Paulo quando uma assessora dele a chamou para conversar. Segundo a parlamentar, estavam os três conversando quando Clodovil começou a ofendê-la dizendo que sua afirmação sobre as mulheres estarem, cada vez mais promíscuas, trabalhando deitadas e descansando em pé referia-se às mulheres que poderiam fazer isto com o corpo, caso, segundo ele, que não se aplicaria a deputada, pois ela é feia. Além disso, ele tripudiou sobre a quantidade de votos que ela recebeu nas últimas eleições. A parlamentar teve uma crise nervosa e foi encaminhada ao posto médico daquela Casa legislativa.
O assunto agora não se restringe a uma mera retratação, como exigia uma frente da bancada feminina da Câmara, mas será tratado pela mesa daquela instância do parlamento brasileiro. Clodovil poderá ser cassado se for confirmada a quebra de decoro parlamentar.

Nikolas Sarkózy é o novo presidente da França

A França saiu dividida das últimas eleições no domingo passado e qualquer que fosse o resultado, ela sairia desta maneira. No final, Sarkózy teve, aproximadamente, 53% dos votos, um pouco mais da metade, o que corrobora esta divisão.
Sególene no entanto ainda não encerrou sua campanha e pretende conseguir uma grande bancada para o Partido Socialista nas eleições legislativas que ocorrem ainda este mês. Ela foi a candidata mais votada do seu partido desde François Miterrand, ex-presidente francês.
Royal viu, também, as suas previsões serem confirmadas com a posterior onda de protestos organizada por jovens franceses contra a vitória do candidato direitista. Os jovens socialistas e alguns do subúrbio de Paris não se conformam com a vitória do candidato que os chamou de arruaceiros e que eles acusam de ser racista e intolerante.
Sarkózy, por outro lado, fez um discurso conciliador e disse que será o presidente de toda a França. Discurso típico de quem acaba de ganhar uma eleição. A imprensa francesa, segundo o jornalista Ricardo Noblat, já começou a criticar o recém eleito presidente por ele ter saído de férias com a família na ilha de Malta. Até aí tudo bem, mas o que os críticos não perdoam é ele ter alugado um iate de 60 pés. O custo de aluguel de um barco como este é de 32 mil euros diários, como ele vai descansar quatro dias, só com o aluguel ele irá gastar 128 mil euros.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

À direita. À esquerda.

Foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a redução da maioridade penal para os 16 anos quando forem cometidos crimes hediondos.
A votação foi apertadíssima. 12 senadores a favor e 10 contra. Desta votação e do fato de algumas pessoas próximas terem dúvidas sobre o assunto, este blogueiro teve a idéia do próximo post falar quais são as bandeiras defendidas hoje pela esquerda, pela direita e pelo centro. Quais são os partidos que se encaixam em cada espectro ideológico no cenário político brasileiro.
Não percam!

Ségo x Sarko

No domingo, dia seis, a França irá conhecer o seu mais novo/a presidente. A disputa está equilibradíssima e nenhum analista francês ou de qualquer outro lugar do mundo se arrisca a prever quem sairá dela vencedor.
Ségolene Royal, 53 anos, socialista. É vista como a maior esperança de seu partido desde Lionel Jospin, que nem foi para o segundo turno nas últimas eleições. Ela defende a jornada de trabalho de 35 horas semanais, a discussão do ingresso da Turquia na União Européia, uma inclusão social de imigrante e grupos étnicos que se revoltaram em Paris no ano retrasado. Pode se tornar domingo a primeira mulher a exercer este cargo.
Nicolas Sarkozy, 52 anos, centro-direitista. Ele foi ministro do interior e é do partido que hoje está à frente do governo francês, UMP. Defende a suspensão das 35 horas semanais de trabalho, é contra a entrada da Turquia, porque, segundo ele, ela não é uma nação européia e quer que medidas duras sejam tomadas contra a imigração ilegal na França.
Como se pode notar os candidatos estão em campos completamente opostos no pleito e se tocam em apenas um ponto: o nacionalismo francês.
Estas divergências foram exacerbadas ontem no debate televisivo entre os dois candidatos. Ségolene que é acusada por seus opositores como fraca na defesa de suas propostas partiu para o ataque e Sarkozy que é visto como arrogante e prepotente passou uma imagem de tranquilidade. Ambos quiseram mostrar uma outra imagem a fim de conquistar os eleitores indecisos já que 88% dos franceses já haviam se decidido em quem irão votar antes mesmo do debate.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Plano de Desenvolvimento da Educação

Foi finalmente anunciado esta semana o Plano de Desenvolvimento da Educação.
O plano já estava sendo aguardado há muito tempo por quem acompanha o trabalho do ministro Fernando Haddad, por ter sido um dos motivos da permanência do mesmo no governo na época da reforma ministerial
O plano prevê investimentos na ordem de cinco bilhões de reais através do FUNDEB; aumento do número na oferta de vagas nas universidades federais; um piso salarial para os professores no valor de R$850 até 2010; criação de escolas técnicas em 150 cidades-pólo do país; aumento do número de vagas na escola pública; instalação de rede elétrica e informatização de todas as escolas públicas do Brasil(vocês vejam a discrepância existente em um país como o Brasil, que discute inclusão digital, mas que possui escolas sem eletricidade). O plano prevê alterações no FIES e o BNDES poderá financiar o transporte escolar.
O projeto, se for completamente implementado, trará um salto de qualidade na educação brasileira como há muito esperam as pessoas que realmente se preocupam com este tema. Lógico que as críticas virão e elas já estão vindo, os educadores brasileiros exigem um piso salarial de 1050 reais para o professor que possui apenas o ensino médio. Para os que têm ensino superior, um piso maior. Alguns parlamentares, além disso, entendem que as escolas são feitas por um corpo técnico que não se restringe apenas aos professores e, por isto, o piso deve ser estendido a todas as pessoas envolvidas no processo educacional. A discussão de alguns pontos será longa, mas nada que atrapalhe a expectativa positiva sobre o plano. A melhoria da educação brasileira é um dos temas que une gregos, troianos, petistas e democratas.
Vale lembrar que este Plano de Desenvolvimento da Educação foi elogiado pelo candidato da educação nas eleições passadas, o senador Cristovam Buarque, que chegou a cumprimentar o presidente Lula na posse por causa de seu empenho na educação. O lançamento do plano coincidiu com a comemoração dos 45 anos da Universidade de Brasília. O mesmo senador foi também reitor da universidade e é um homem completamente ligado às discussões sobre a educação brasileira.
*Este blogueiro sugere a leitura da revista Época desta semana sobre a situação do ensino brasileiro que ainda está estruturado num modelo educacional do século XIX: alunos presos em uma sala de aula, sem o desenvolvimento do espírito crítico, com algumas exceções.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Pesquisas

Na semana passada, o fato mais relevante do cenário político brasileiro foi a divulgação de pesquisas de opinião realizadas pelos institutos Datafolha, Sensus e Ibope.
As realizadas pelos dois últimos institutos foram as que mais repercutiram, pois eram pesquisas para medir a opinião dos brasileiros em relação ao presidente Lula e ao seu governo e, além disso, verificar quem a sociedade brasileira está culpando pela "crise aérea". E, desculpem o trocadilho, Lula está voando em céus de brigadeiro. A aprovação ao presidente da república chegou ao mesmo nível que se encontrava em 2003, primeiro ano da era lulista que foi postergada ano passado.
A do primeiro instituto teve repercussão restrita, já que logo foi esquecida, porém revela mais sobre o espírito do brasileiro que as outras. Afinal de contas, foi nas estimativas da Datafolha que os brasileiros expressaram a sua opinião sobre temas polêmicos como aplicação de pena de morte, ampliação da lei que permite o aborto e opinião sobre eutanásia. O que pode se retirar das respostas é que a sociedade brasileira é muito conservadora, pois é a favor da pena de morte, é contra a legalização do aborto, a união civil de homossexuais e contra estes casais terem o direito de adoção.
Prestando atenção a um quesito, o resultado é diferente do que poderiam pensar certos analistas, o apoio à redução da maioridade penal recebe apoio maior na região sul do país, considerada mais progressista, do que na região nordeste, vista como mais conservadora.
Estas respostas em relação à redução da maioridade penal e aplicação da pena de morte - este blogueiro arrisca sem medo de errar - se deram pelo cansaço do povo brasileiro por ações governamentais que nunca vêm e pela crença em medidas como estas para solucionar ou diminuir a violência nacional. O problema é que estes atos são imediatistas e não resolvem o problema da falta de segurança pública.
Quanto à legalização do aborto, há um problema de concepção. Evidentemente, muitas pessoas que defendem o aborto não são a favor da realização deste ato, mas entendem que em uma realidade como a brasileira em que milhares de mulheres realizam a interrupção da gestação todos os anos, a legalização e o atendimento destas mulheres pelo SUS seriam soluções para o grande número de complicações registrados por procedimentos abortivos mal feitos.


P.S: Este blogueiro pretende atualizar o Pitacos todas as quintas, quando termina a semana legislativa, que, agora começa na terça, afinal, o tempo era pouco para os parlamentares visitarem as suas bases eleitorais.