terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Lobão, Lobinho e o conto da Carochinha

Desde que foram anunciadas a indicação e a posse do ministro das Minas e Energia, senador Edison Lobão, um tema tem ocupado a pauta do noticiário político nacional: as acusações que recaem sobre o filho e suplente de Lobão, o senador Edison Lobão Filho ou, simplesmente, Lobinho. Lobinho é empresário e está sendo acusado de ter usado laranja em uma de suas empresas. Ele declara-se inocente das acusações.
O PSOL, partido que hoje ocupa o papel de estilingue nacional, disse que já estuda a abertura de representação no senado contra o novo senador. O enredo já é de conhecimento geral da nação, a oposição ataca (mesmo ele sendo dos Democratas, afinal, para os oposicionistas, ele é filho do ministro), os envolvidos se defendem, o Planalto diz que não tem nada a ver com a história e, no final, caso ele realmente seja empossado senador, nada acontece e o conto da dona Carochinha vai se repetindo.
Acredito que sendo inocente ou culpado, há aí uma distorção ainda mais grave no sistema político nacional. Os três poderes implementam, diariamente, ações contra o nepotismo e o que é neste caso se não um nepotismo ainda mais grave? Afinal, além de ser filho da deputada Nice Lobão e do agora ministro Edison Lobão, qual é a história política do empresário Lobinho? Este exemplo de nepotismo é grave, porque não foi dado a ele apenas um cargo, mas a representação de um estado na casa legislativa mais representativa da nação, já que todos as unidades federativas têm o mesmo valor sem não ter recebido um voto sequer.
Claro que poderão dizer que a situação de suplentes é insustentável e, realmente, é, afinal, muitos suplentes são empresários e alguns, inclusive, contribuíram com a campanha daqueles que o indicaram para a suplência. Ou se faz uma reforma política que discuta a suplência, o financiamento, a atividade parlamentar ou continuarão existindo no Brasil as distorções que são vistas diariamente, situações em que uma pessoa que nada sabe sobre energia assume o Ministério das Minas e Energia quando o país discute a sua situação elétrica e deixa um filho suspeitíssimo no lugar que ocupava no Senado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A Cilada de João

Eleito em 2004 como a esperança de muitas pessoas das chamadas forças progressistas para pôr fim aos oito anos do antigo PFL na administração de Salvador, o prefeito João Henrique encontra-se hoje numa cilada. Hoje o prefeito faz questão de aparecer em inauguração até de obras em funcionamento. Na Boca do Rio, o prefeito apareceu à inauguração da praça - toda em branco e amarelo é claro - que já estava sendo usada há alguns dias. Com toda esta fome, daqui a pouco, ele vai aparecer em batizado de boneca, festas de crianças e coisas parecidas.
João tem relegado a um segundo plano até pontos considerados avanços importantes da sua administração em relação aos prefeitos passados como a criação do SIMM, uma gestão elogiável na educação municipal, a parceria com o governo federal que trouxe coisas importantes como o SAMU, as farmácias populares. Tudo foi escondido nas propagandas para mostrar apenas os banhos da prefeitura: o de asfalto e o de luz.
Ao preferir
dar prioridade à divulgação de obras de infra-estrutura da cidade do que a projetos e programas voltados para a área social, ele assume a postura daqueles que tanto criticou. Investe na divulgação de intervenções que resultam em maiores dividendos eleitorais.
João está em uma cilada, afinal, tendo este posicionamento, ele se afasta de vez das esquerdas baianas - sim, elas existem, por mais que alguns colunistas políticos afirmem todos os dias que a divisão entre direita e esquerda acabou - e das forças progressistas que terão seus candidatos próprios, ou ainda , fecharão um acordo para lançar apenas um candidato representando o PT, o PSB e o PCdoB.
Claro que João e estes partidos poderão estar juntos em um eventual segundo turno, (por mais que este acordo político pareça difícil devido ao PDDU e aproximação de João com o PP e a ingerência de Geddel) ainda mais se o adversário for Varela, ACM Neto e Imbassahy, identificados como candidatos da centro-direita, mas por enquanto, os caminhos do PMDB com João e dos partidos que o apoiaram no segundo turno em 2004 serão distintos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Política divide o espaço com a Fé na Lavagem do Bonfim


Para quem foi pela primeira vez à Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, padroeiro da Bahia, o espaço ocupado pelos políticos foi impossível de não notar. Primeiro, quem vai à frente de todo o cortejo de baianos e turistas é o governador do estado Jaques Wagner que encheu o trajeto de faixas, colocou placas nas mãos dos participantes da caminhada, balões, tudo para dar destaque às ações do seu primeiro ano no governo da Bahia. Depois dele, vieram as baianas, algumas fanfarras e logo atrás, adivinhem o que veio? Mais políticos.
Todos os partidos políticos se fizeram presente, primeiro o partido do governador, o PT; depois o PMDB sendo puxado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o PCdoB com diversas faixas contra a aprovação do PDDU e tendo na linha de frente a sua bancada de quatro vereadores e a pré-candidata ao Palácio Thomé de Souza, Olívia Santana, o PPS com o líder do partido na Câmara Municipal de Salvador Virgílio Pacheco, o PSB que contou com a presença da deputada federal e ex-prefeita de Salvador, Lídice da Mata, o PSOL com Heloísa Helena se manifestando contra a transposição do rio São Francisco, o PR representado pelo senador César Borges, os Democratas mais ao fundo com as presenças do deputado federal e pré-candidato do partido à prefeitura de Salvador ACM Neto, o deputado federal Aleluia e o ex-governador Paulo Souto. E tantos outros partidos.
O que se nota disto tudo? A campanha deste ano, decididamente, já começou em Salvador. Aliás, desde a ruptura de João Henrique com o PCdoB, a movimentação tornou-se intensa e só tende a se intensificar, inclusive e, principalmente, nas festas populares. E como participar de caminhada rumo à Colina Sagrada não pode ser configurado como crime eleitoral, os políticos todos não perderam a oportunidade de mostrar a cara ao povo (Estima-se que 1 milhão de pessoas tenham participado do cortejo e da Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim).
João Henrique foi vaiado três vezes, segundo a jornalista Cíntia Kelly do Blog do colunista Samuel Celestino e saiu do cortejo antes de chegar na Igreja do Bonfim. As vaias podem ser prenúncio da campanha dura que se aproxima para a reeleição de João, que, mesmo com o apoio vindo do PMDB, vai enfrentar a fragmentação de sua base. O PSB e o PT mostram-se, cada vez mais, fora do que dentro da administração municipal.
Se alguém duvida da disposição destes partidos, como explicar uma faixa do deputado federal Nelson Pelgrino dizendo: "Oxalá, que em 2008, Salvador seja de todos nós" numa clara alusão à frase utilizada pelo governo do estado mostrando a pretensão do PT de disputar os rumos da cidade? Esta posição, inclusive, foi reforçada pela entrada do secretário Luiz Alberto na disputa interna do Partido dos Trabalhadores contra os deputados federais Pelegrino e Walter Pinheiro. E como explicar a intensificação dos ataques oriundos pelo PSB contra a aprovação do PDDU: o vereador Celso Cotrim distribuiu um folheto onde estão os nomes dos vereadores que votaram contra a aprovação do Plano Diretor e veiculou a acusação feita pelo radialista e candidato Raimundo Varela que os vereadores votaram a favor do PDDU porque foram comprados pela prefeitura? (Aliás, breve comentário, teve gente do partido de Varela que votou a favor do PDDU: vereador Sidelvan Nóbrega. Perguntar não ofende: Sidelvan também foi comprado, Varela?!).
Além da base, o prefeito de Salvador vai contar ainda com a presença de Olívia Santana, ACM Neto, Imbassahy e outros possíveis candidatos pelo cargo máximo do executivo municipal. Todos estiveram presentes, com a exceção do radialista Raimundo Varela que foi fazer exames em São Paulo.

Foto: Max Haack

sábado, 5 de janeiro de 2008

Marina Silva. Uma das 50 pessoas que podem salvar o mundo.

Segundo o jornal The Guardian que divulgou hoje uma lista com o nome de 50 pessoas que podem salvar o mundo, a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, é uma heroína verde. Para o tradicional jornal britânico, a ministra desempenha papel fundamental no combate ao aquecimento global. Além disto, o periódico da terra da rainha fez referência à história de militância no movimento ambientalista da ministra nos seringais do Acre, ao fato de ter sido a senadora mais nova na história da República brasileira entre outros acontecimentos importantes na sua trajetória.
Na sua passagem pelo ministério, Marina tem importantes marcas a comemorar. Uma destas marcas foi a diminuição do desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica. Porém, quem acompanha a passagem da ministra pelo cargo sabe das imensas dificuldades em que ela tem se envolvido para garantir a defesa de um desenvolvimento sustentável, garantindo os recursos naturais brasileiros perante à sanha de muita gente poderosa que quer destruir em prol de um avanço sem preocupações com a situação da natureza. Ou alguém duvida do poder exercido pelos lobbistas das empreiteiras que exigem liberações rápidas de licenças ambientais, dos produtores de soja que queimam para plantar, das empresas internacionais que querem explorar os recursos da floresta Amazônica?
Marina tem uma biografia ímpar na história política brasileira, é uma das poucas ministras do atual governo que estão desde 2003, nunca teve o nome envolvido em escândalos e não parece ser daquelas pessoas que mudam de posicionamento por estarem exercendo um cargo como este de ministra. Mereceu ter o nome incluído nesta lista e merece todas as homenagens pelo trabalho que desempenhou e pelo que ainda faz em defesa do Brasil e do planeta inteiro.