quarta-feira, 30 de abril de 2008

Campanha contra a Dengue vira Ato Eleitoral


Em visita, hoje à tarde, ao bairro da Boca do Rio, o prefeito de Salvador, João Henrique, PMDB, iniciou a campanha contra a dengue nas escolas municipais. A Escola Municipal Metodista Suzana Wesley foi a escolhida para este lançamento. A campanha é uma parceria entre as secretarias municipais de saúde e de educação para diminuir o número de ocorrências de dengue na cidade.
Segundo o secretário municipal de Saúde, José Carlos Brito, a responsabilidade no combate a dengue é de toda a população. “As crianças são multiplicadoras dentro de suas casas”, afirmou o secretário, explicando o motivo desta campanha nas escolas da capital. O bairro da Boca do Rio foi apontado por órgãos de imprensa da cidade como tendo o terceiro índice da capital baiana, com a porcentagem de 3,9% de casas com focos do mosquito.
O evento contou com a presença dos vereadores Silvoney Sales, Pedrinho Pepê, Sandoval Guimarães, todos do PMDB, Cristóvão Ferreira Júnior, do PDT, dos secretários municipal de saúde, da educação, Carlos Soares e dos Esportes e Lazer, Acelino “Popó” Freitas. Além deles, esteve, na citada escola municipal, o deputado federal Severiano Alves que, após as críticas feitas ao prefeito, na ocasião da saída dele do PDT, falou de reaproximação e declarou ter deixado claro que o seu partido está de corpo e alma no governo de João Henrique em programa do seu partido gravado hoje. Nem parecia o mesmo Severiano que chegou a ameaçar Maria Luiza, deputada estadual e primeira-dama de Salvador, Sérgio Brito, deputado federal e cunhado de João Henrique e o próprio prefeito com a perda de mandato.
O prefeito aproveitou a oportunidade para prestar contas da sua administração, principalmente, nas áreas de educação e saúde, este último setor, constantemente criticado, foi colocado como objeto de uma profunda transformação que teria sido iniciada após a chegada do secretário José Carlos Brito, em clara crítica ao PT. Parecíamos estar assistindo a um evento público da campanha de reeleição de João Henrique. Sem contar que quando falava do SAMU, ele não citava o Partido dos Trabalhadores e quando falou da informatização da matrícula, não citou o ex-secretário Ney Campello do PCdoB. Claro que não podemos acusá-lo de ser o único a confundir exercício do mandato com campanha à reeleição.
Por falar em PT, coube ao ex-vereador José Raimundo, liderança conhecida no bairro da Boca do Rio - uma espécie de Juvenal Antena local - e em clara campanha - levou claque para o aplaudir e tudo - para exercer o cargo de vereador, a tarefa de responsabilizar o partido do presidente da república e do governador do estado pela atual situação da saúde na cidade.


Na foto: João Henrique e o "futuro vereador de Salvador" nas palavras do próprio prefeito, o ex-vereador José Raimundo.

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quinta-feira, 24 de abril de 2008

As Duas Vitórias de Serra


Esta semana vai ficar guardada na memória do governador de São Paulo, José Serra, como uma semana muito especial. Serra conseguiu uma vitória nas articulações para as eleições de São Paulo e deve ter ficado nem um pouco triste com a água que a Executiva do PT jogou no chope do governador Aécio Neves para a sucessão da capital mineira.
Hoje, foi anunciado o apoio do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, à campanha de reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do partido Democratas. O PMDB de Quércia indicará o candidato à vice e terá garantida a vaga ao senado em 2010 para o ex-governador. José Serra é apontado nos bastidores como o grande responsável por este acordo, que ainda serviu para indicar um possível apoio do PMDB, ou pelo menos da parte paulista, à sua candidatura à presidente em 2010. Esta movimentação é ruim para Alckmin que, apesar disto, reafirmou a disposição em disputar as próximas eleições municipais de São Paulo.
Além disto, a Executiva do PT reiterou o seu posicionamento e, de forma mais clara, disse que não autoriza uma aliança formal com o PSDB em Belo Horizonte, por considerar as eleições deste ano estratégicas nas eleições que ocorrerão em 2010. Ou seja, a articulação que vem sendo montada por Aécio e pelo atual prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel do PT acabou ruindo no dia de hoje. Vale a pena ressaltar que as movimentações do governador mineiro estavam sendo consideradas por muitos analistas políticos como prova indubitável de sua habilidade política. Agora, o que ele vai falar pro PSDB? Que a articulação que ele montava caiu, enquanto Serra mostrou-se muito mais habilidoso e construiu uma aliança que o favorece e fortalece o seu candidato (Alguém ainda duvida que o Kassab é o verdadeiro candidato do Serra?)?
Serra deu um importantíssimo passo rumo às próximas eleições presidenciais. Acho, desde já, que ele leva a indicação do seu partido para disputar as eleições pela segunda vez, mesmo com Aécio querendo ser candidato e o senador Arthur Virgílio dizendo todos os dias que irá disputar as prévias dos social-democratas. O senador amazonense não tem chances hoje e, dificilmente, terá chances lá na frente. Vale a pena lembrar que o senador perdeu as eleições para prefeito de Manaus.

Foto: José Luís da Conceição/ Agência Estado

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domingo, 13 de abril de 2008

Piadas na Política

Eu, realmente, não sei porque tem gente que diz não gostar de política. Estas pessoas dizem que política é assunto chato, quando não caem na generalização de ser um lugar onde só tem gente corrupta. Não vou entrar no mérito da discussão que diz que políticos todos nós somos e nem sobre corrupção estar em toda parte. Vou me ater hoje contra a opinião que vê esta prática social como uma coisa chata.
Nem vou precisar ir muito atrás no tempo para exemplificar este meu ponto de vista. Nesta semana, como todos sabem, o PT rompeu com a administração municipal de Salvador. Perguntado sobre o assunto, já que é o principal articulador político da prefeitura da capital baiana, o ministro Geddel Vieira Lima respondeu cantando o sucesso do Chiclete com Banana do carnaval deste ano: "A fila andou/ eu te falei/agora chora/ já me perdeu, boa sorte/ vá embora". Agora, imaginem a cara do jornalista que ouviu isto como resposta e digam se não deve ter sido uma cena, no mínimo, hilária. Claro que foi.
Outra coisa engraçada, ainda nesta do divórcio entre PT e João Henrique, foi o comentário feito pelo prefeito afirmando que abriu mão de uma candidatura promissora nas eleições de 2006 ao cargo de governador do estado em prol do então candidato Jaques Wagner. Até onde todos os analistas de política e até quem participou das negociações daquele ano sabem, o prefeito abriu mão por dois motivos: 1- o apoio do PT à candidatura de seu pai ao Senado, tanto que João Durval foi eleito quando o favorito era Antônio Imbassahy, 2- João não queria abrir mão da prefeitura de Salvador, visando se reeleger e se fortalecer para as eleições majoritárias de 2010, quando poderia sair candidato a senador por exemplo. Ou seja, mais uma gracinha do prefeito.
Só mais um exemplo para terminar: o que foi o presidente Lula dizendo que ligou para George Bush para dizer que ele deveria resolver o problema econômico dele para não afetar o crescimento do Brasil? Imaginem o Bush, do outro lado da linha, levando muito em consideração as palavras de Lula, quando ele tem que se preocupar com as eleições que já batem a porta, com a atual situação econômica americana que beira à recessão, com a guerra no Iraque, com o Irã ...
Política ainda é coisa chata?! Agora, de verdade, política não é chata, apesar de ser séria. Tampouco é lugar onde só têm corruptos. Na atividade parlamentar, há corruptos e honestos tanto quanto existem na sociedade, afinal, os espaços representativos têm este nome porque simbolizam a realidade social. Quanto mais discutirmos, quanto mais olharmos aquilo com atenção, mais fortaleceremos e melhoraremos a nossa democracia.

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domingo, 6 de abril de 2008

Geddel pressionou, mas não levou

A contragosto do que queria o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima do PMDB, o Partido dos Trabalhadores decidiu, na madrugada de sexta para sábado, sair da administração de João Henrique em Salvador. O golpe pode ser considerado de enormes proporções nas pretensões do ministro que defendia, veemente, a tese da reciprocidade entre o seu partido e o do governador baiano em relação à aliança firmada na esfera estadual.
A decisão é, também, um enfraquecimento na campanha de reeleição de JH. Agora, o atual prefeito de Salvador conta apenas com o apoio do PP, do PDT e, obviamente, do seu próprio partido. Dizem que até o nanino PSC pretende lançar a candidatura do suplente do senador João Durval, pai de João Henrique, o ex-deputado Eliel Santana.
Este afastamento do PT, no entanto, não pode ser considerado como uma surpresa. No início da semana, dois secretários do partido se afastaram para se candidatarem no pleito de outubro: a secretária municipal de desenvolvimento social, Dorinha da CUT, e o secretário de Governo, Gilmar Santiago. Ambos devem disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador.
Além disto, o PT decidiu lançar candidatura própria nas próximas eleições municipais. E o nome mais cotado e, também, o mais testado pelo partido (esta vai ser a sua quarta tentativa) é o do deputado federal Nelson Pelegrino. Nelson vai para sua quarta tentativa e vai investir pesado para atrelar o seu nome aos governos estadual e federal. Ele, porém, vai ter que dividir este posto com outros candidatos, pois não há unidade nas candidaturas dos partidos da base de apoio destes governos nas próximas eleições da cidade de Salvador.

Foto: Fábio Pozzebom/ ABr
Montagem: Manuca Ferreira

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sábado, 5 de abril de 2008

Boca do Rio vive dias de Rio de Janeiro


O título deste post poderia ser referência à paisagem da capital fluminense ou ainda ao potencial turístico existente na cidade cartão-postal do Brasil, ainda mais quando se pensa na história desempenhada pela Boca do Rio na década de 70, quando os Novos Baianos e os expoentes do Tropicalismo vinham passar as suas tardes na Praia dos Artistas. Como eu disse poderia, mas, infelizmente, o título deste post faz referência a dois aspectos tristes do Rio de Janeiro: os mosquitos aedes aegypti e a presença, cada vez mais forte, dos traficantes.
Na sexta-feira, os moradores, lojistas e pessoas que trabalham naquela região estavam apavorados. Desde o período da manhã, o burburinho era que seria realizado um arrastão no bairro em resposta à intensificação da ação policial na localidade. Os policiais, principalmente, do batalhão de choque aumentaram massivamente a sua presença, inclusive com o uso do helicóptero (vale a pena ressaltar que não foi a primeira vez neste ano) depois que o pai de um capitão foi assassinado no Costa Azul por reagir a um assalto.
Além disto, informações dão conta de que alguns moradores de três comunidades existentes na Boca do Rio: Curralinho, Baixa Fria e Cajueiro teriam resolvido agir desta maneira em resposta ao assassinato de um homem na quinta-feira por um segurança que trabalha no bairro. Felizmente, o arrastão não aconteceu, porém, não há tempo de que o terror se alastrasse pela vizinhança. Estudantes não tiveram aulas, as ruas ficaram estranhamente desertas e as lojas ficaram com as porta semi-abertas.
As reportagens feitas por órgãos de imprensa da capital afirmam que moradores teriam sido alertados pela Polícia para que se recolhessem. A PM afirma não ter dado toque de recolher. Até agora a ação da polícia no bairro tem sido digna de aplausos, porém toda cautela é necessária devido às barbaridades cometidas no início do ano em outros pontos da cidade.
Outra questão alarmante na localidade e que o aproxima do Rio de Janeiro é a infestação de mosquitos transmissores da dengue. O bairro já foi apontado em anos anteriores como um dos principais locais de incidência da doença na capital. Só este motivo já deveria servir para que ele fosse olhado com mais atenção pelos órgãos de saúde.
Os dois casos são incentivadores para que questionemos o motivo pelo qual a prefeitura e, principalmente, os vereadores que, de tempos em tempos aparecem no bairro dizendo que pertencem à comunidade, não tenham intervido para resolver estes dois problemas que de tantos anos sem solução já passam por um processo de naturalização. Ou seja, ter mosquito em casa já é visto como besteira. Se vai ter arrastão na rua, o melhor é se trancar e dormir. Se for esperar pela ação governamental, então, nem ficar sentado adianta mais. A resposta da população, no entanto, pode vir nas urnas, no outubro próximo.

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Boca do Rio