quinta-feira, 17 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia - Eleição de Manaus


Manaus, capital da Amazonas, pouco aparece na mídia nacional, mas lá a temperatura, nas eleições municipais deste ano, promete ser bem alto. Em um processo de ruptura que assemelhou ao de Salvador, o prefeito Serafim Corrêa (PSB) viu os seus aliados de quase mandato inteiro (PT e PC do B) romperem com a sua administração neste período eleitoral (Em Salvador, PT e PC do B romperam com o prefeito João Henrique/ PMDB alegando discordâncias na administração da cidade e, em especial, na formulação do Plano Diretor).
Após a ruptura, o PT decidiu lançar a candidatura do deputado federal Francisco Praciano e o PC do B queria lançar a candidatura da deputada federal Vanessa Graziotin, mas teve que abrir mão devido à aliança formada entre PSB e PC do B no Rio em torno da candidatura de Jandira Feghali. O PC do B em Manaus, devido à intervenção nacional, resolveu não apoiar nenhum dos candidatos, formando coligação apenas na proporcional. Segundo os comunistas da capital amazonense ficou impossível apoiar a reeleição de Serafim Corrêa (PSB) depois dele ter se coligado com os seus ex-adversários: PSDB e DEM.
Neste cenário, acredito que a candidatura de Serafim Corrêa é a mais forte nesta disputa e ele deve ganhar em outubro. Ele controla a máquina da prefeitura, é de um partido que é da base de Lula, tem apoio do bloquinho (PSB, PDT e PC do B que está na posição de Pôncio Pilatos) e também dos partidos de oposição aos governo federal e estadual: PSDB e DEM. Um candidato que, no entanto, pode complicar a reeleição de Corrêa é o atual vice-governador Omar Aziz (PMN) que conta com o apoio total do PMDB do governador Eduardo Braga e do PR do ministro dos Transportes e ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento. Pode inclusive forçar um segundo turno com o atual prefeito e virar o jogo.
Quanto aos demais candidatos, acredito que estejam apenas marcando posição como é o caso de Francisco Praciano do PT. Os outros postulantes ao cargo são Amazonino Mendes (PTB) - ex-governador, mas que tem perdido eleição atrás de eleição em Manaus e no Amazonas, Luiz Navarro (PCB) e Ricardo Bessa (PSOL).

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Foto: Patrícia Raposo/ Blog do deputado federal Rodrigo Rollemberg
Na foto: O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB) (esq.) e o prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) (dir.)

domingo, 13 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia - Eleição de Macapá


Enquanto, nas duas cidades anteriores, chegou a ser fácil fazer a análise de quem deve levar a prefeitura, ainda no primeiro turno, em Macapá, o cenário deve ser um dos mais complexos do país. Lá, o atual prefeito João Henrique Pimentel (PT), reeleito em 2004, viu a sua base se dividir, inclusive, com o partido do seu vice Eury Salles (PC do B), apoiar a candidatura da deputada federal Fátima Pelaes (PMDB) com o próprio Eury sendo o candidato a vice de Fátima.
O PT de Pimentel decidiu anunciar a candidatura da também deputada federal Dalva Figueiredo que, conservando a porcentagem de votação do prefeito nas eleições passadas (41%) chegará ao inédito segundo turno. Até as eleições passadas, Macapá era uma das capitais brasileiras onde não havia segundo turno, fato que mudou este ano, quando o eleitoral da capital amapaense atingiu o número de 214.829 eleitores. Dalva é a candidata mais forte e é nela que eu aposto, inclusive por causa da aprovação do atual prefeito e pelo fato de ser ex-governadora do estado (ela governou o estado por nove meses), tendo chegado ao segundo turno contra Waldez Góes em 2002.
Dalva está coligada, nestas eleições, com o PR.
No entanto, Dalva deve enfrentar dois adversários de peso. Os candidatos aos quais eu me refiro são os deputados estaduais Roberto Góes (PDT), primo do governador do estado, Waldez Góes (PDT) e Camilo Capiberibe (PSB), filho do ex-governador do Amapá, ex-senador e ex-prefeito de Macapá, João Capiberibe (PSB) e da deputada federal, Janete Capiberibe (PSB), que disputou as eleições passadas contra João Henrique Pimentel e ficou em segundo lugar com 29,01%.
No segundo turno, acredito que a situação é mais favorável para Dalva, pois se ela for contra Góes, deve receber o apoio do PSB. A família Capiberibe faz oposição cerrada à administração do governador Waldez Góes. E também deve ser apoiada, se o mais provável acontecer que é Dalva enfrentar Camilo Capiberibe, por Roberto Góes. O PT faz parte da base do governador. Porém como disse no início, a eleição da capital amapaense é uma das mais difíceis para analisar e Camilo pode sair inclusive eleito ou ainda, Dalva pode ficar no primeiro turno, é esperar para ver. Os outros candidatos à Prefeitura de Macapá são Joinville Frota (PSTU), Lucas Barreto (PTB) e Moisés de Souza (PSC).

Leia Mais:

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Foto: Site da deputada Dalva Figueiredo, site de um blog no Amapá e site da Assembléia Legislativa do Amapá
Na foto: Esquerda: Dalva Figueiredo, Centro: Camilo Capiberibe, Direita: Roberto Góes

Atualização em 17 de julho de 2008: O escândalo envolvendo o governador Waldez Góes (PDT) e o empresário Eike Batista, recentemente divulgado pela imprensa nacional, pode respingar nas candidaturas de Dalva (PT) e Roberto Góes (PDT), ambos da base do governador, sendo mais forte neste segundo, já que, além de ser do mesmo partido, é primo do governador. Waldez Góes tem negado as acusações de favorecimento à MMX, empresa de Eike.

Exercitando a Futurologia - Eleição de Maceió


Dando prosseguimento ao meu exercício de futurologia, faço agora análise das eleições municipais em Maceió. A política de Alagoas pode ser definida como uma das mais singulares das capitais brasileiras, que, diferentemente, das cidades pequenas, tentam reproduzir as alianças nacionais. Não é o caso desta cidade, que, nestas eleições, consegue apresentar, numa mesma chapa, representantes do PC do B, do PTB (cujo maior representante do partido no estado é o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello) e dos Democratas.
Fora isto, lá políticos de renome nacional não costumam concorrer à prefeitura. Nesta eleição, por exemplo, a ex-senadora e ex-candidata a presidente, Heloísa Helena (PSOL), preferiu concorrer à Câmara de Vereadores, do que concorrer à prefeitura. Outros como o ex-governador Ronaldo Lessa e até o ex-presidente Collor foram lembrados durante o processo, mas não deram continuidade à construção de suas candidaturas.
O PT nunca teve grandes votações para a prefeitura de Maceió, sendo a exceção, apenas a eleição da senadora Heloísa Helena, e, desta forma, parece que nem mesmo o deputado estadual Judson Cabral (PT), - apontado como o principal adversário de Almeida - coligado com o PDT do ex-governador Ronaldo Lessa, vai impedir a reeleição do prefeito Cícero Almeida (PP), eleito, em 2004 com 56,54% dos votos válidos no segundo turno. O PSOL de Heloísa Helena preferiu lançar a candidatura de seu ex-marido, Mário Agra. Além de Judson Cabral, Mário Agra e Almeida, ainda concorrem Manoel de Assis (PSTU) e Solange Jurema (PSDB), mesmo partido do atual governador Teotônio Vilela Filho.

Almeida conseguiu a maior coligação destas eleições em Maceió, a que citei, que, além de PC do B, PTB e DEM, tem o PP, o PV, o PRP, o PSDC, o PT do B, o PSL, o PTC, o PRB, o PHS, o PRTB, o PMN, o PTN e o PR. É importante salientar que Almeida é apoiado por dois ex-governadores alagoanos e representantes de famílias tradicionais da política daquele estado: Collor (PTB) e João Lyra (PTB) e a participação deles deve ampliar a força da candidatura do atual prefeito que, além deste apoio, tem altos índices de popularidade, controla a máquina municipal, e não deve ter dificuldades em se reeleger, ainda no primeiro turno. Maceió, segundo dados do TSE, tem um eleitorado de 497.495.

Foto: Blog Só Alagoas
Na foto: O prefeito Cícero Almeida está de camisa amarela.

Exercitando a Futurologia - Eleição de Rio Branco


Começo hoje meu exercício de futurologia, analisando a eleição de Rio Branco. Concordo plenamente com a idéia dominante na política, cunhada pelo ex-governador baiano, Otávio Mangabeira, de que política tem a inconstância das nuvens, mas mesmo assim, acho interessante pensar como se darão os pleitos de outubro. No entanto, não garanto que as apostas aqui firmadas se confirmarão nas eleições municipais deste ano.
Vamos iniciar, como disse, pela capital do Acre. Rio Branco, segundo dados de março de 2008 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem um eleitorado de 197.087 eleitores. Por causa disto, os quatro candidatos registrados: Antônio Rocha (PSOL), Raimundo Angelim (PT) - candidato à reeleição, Sérgio Petecão (PMN) e Tião Bocalom (PSDB), terão que resolver a parada ainda no primeiro turno. Apenas as cidades com eleitorado acima de 200 mil habitantes podem realizar segundo turno. Segundo dados do TSE, apenas em 77 municípios brasileiros, ele pode acontecer.
Quem conhece um pouco a história do Acre sabe que lá o PT conseguiu se consolidar como real alternativa de poder, conseguindo hoje, ter o governador do estado (Binho Marques), dois senadores (Marina Silva e Tião Viana) e o prefeito da capital, além de governar a maioria das cidades do interior do estado. Apesar desta maciça aprovação popular, algumas críticas foram direcionadas, recentemente, ao partido, inclusive, de pessoas muito próximas ao PT do Acre, como a ex-mulher do ícone ambientalista mundial Chico Mendes, um dos fundadores do PT e da CUT no Acre, que afirmou que o partido não segue mais os ideais de Chico Mendes.
No entanto, as críticas parecem que não vão atrapalhar a reeleição de Raimundo Angelim. Na sua primeira tentativa, em 2004, Angelim aparecia, nas primeiras pesquisas, ocupando a segunda posição, atrás do deputado Márcio Bittar (PPS). A principal causa para isto era o fato de não ter experiência administrativa, mas o apoio dos Viana (Jorge, que, na época, era governador e Tião, que já era senador), do presidente Lula e da senadora Marina Silva foram determinantes para a vitória de Angelim (deputado estadual mais votado do Acre nas eleições de 2002) com 49,51% dos votos válidos. Agora, Angelim continua com o apoio do governo do Acre, de Lula, dos Viana, de Marina Silva e ainda controla a máquina da prefeitura. Parece que desta vez, assim como em 2004, ninguém vai ser páreo para frear a vitória do petista e impedir a continuidade da administração do PT em Rio Branco.

Foto: Site da prefeitura de Rio Branco
Na foto: O prefeito Raimundo Angelim e o senador Tião Viana.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Exercitando a Futurologia

Quem me conhece sabe que eu sou chegado a uma futorologia, a tentar adivinhar o que vai acontecer no futuro e tal. Pois bem, pretendo fazer este exercício aqui no blog analisando, nas próximas semanas, quem, na minha opinião, tem as maiores chances de vencer os pleitos municipais nas capitais brasileiras e nas principais cidades baianas.
Preciso fazer um registro que já fui bem sucedido na leitura de quais seriam as candidaturas nas principais cidades da Bahia. Vejam aqui as adivinhações que fiz em fevereiro de 2007 sobre as candidaturas em Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro.

domingo, 6 de julho de 2008

Após 6 anos, finalmente, Betancourt está livre


Como todos sabem a ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, está livre. Desde 2002, Ingrid estava sob poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A versão do governo Uribe sobre a libertação foi de que o Exército colombiano fez uma operação de resgate impecável, na qual, os soldados colombianos fingiram-se de missionários e, desta forma, conseguiram dominar o comandante das FARC responsável pelo transporte dos 15 prisioneiros, entre eles, Betancourt.
É claro que a libertação deve ser comemorada e o governo colombiano deve ser felicitado por ter conseguido pôr fim a este seqüestro absurdo.
No entanto, algumas dúvidas pairam sobre este processo inteiro, do seqüestro à libertação. Na época em que foi raptada, Ingrid era candidata a presidente representando um partido criado por ela: o Partido Verde Oxigênio e tinha discursos nada agradáveis aos ouvidos dos políticos tradicionais do seu país.
Ingrid, filha do ex-ministro da Educação no governo militar do general Rojas Pinilla, Gabriel Betancourt, e da ex-deputada, Yolanda Pulecio, iniciou sua carreira política no Partido Liberal e saiu depois de denunciar práticas viciadas no seu partido de origem. Daí, começou uma cruzada contra a corrupção do sistema de governo colombiano atacando tanto o Partido Liberal quanto o Conservador e apelando para que os líderes do seu país chegassem a um acordo de paz com as FARC.
Quando foi seqüestrada, Ingrid anunciava aos quatro cantos a sua vontade de chegar a um entendimento com as FARC e mais do que isto, alardeava as razões que deram início às atitudes daquele grupo revolucionário. Em um documentário sobre a vida de Betancourt, ela afirma com todas as letras: a aristocracia colombiana armou os camponeses para que estes ficassem ao seu lado contra a burguesia daquele país. No entanto, após um acordo com os adversários, os aristocratas tiveram os seus interesses atendidos e deixaram os camponeses a ver navios, estes não atenderam o apelo ao desarmamento e se organizaram neste grupo marxista tão defenestrado por diversas lideranças políticas no mundo. A ex-senadora, porém, não concordava com o modus operandi nem das FARC, nem dos paramilitares, estes financiados por poderosos da Colômbia, tão ligados ao narcotráfico quanto às FARC e, simplesmente, ignorados pelas imprensas colombiana e internacional e pelos governos estadunidense e da Colômbia.
E foi quando denunciava isto tudo e apelava para um processo de paz, após se reunir com representantes das FARC, que Ingrid foi seqüestrada numa ocasião que veio a calhar ao presidente Álvaro Uribe, eleito sem ter que enfrentar a candidatura pequena, mas incômoda, de Ingrid Betancourt, que, nas eleições anteriores, havia sido eleita senadora com a maior votação do país. Não quero fazer com isto nenhuma ilação de que Uribe participou do seqüestro, apenas pontuar que, para ele, o rapto caiu como uma luva. A mesma ilação, entretanto, não posso deixar de fazer sobre a duração do rapto de Betancourt.
Retomando, Ingrid incomodava, ela e sua família, inclusive, já tinham sido ameaçadas de morte. E, pelo que eu saiba, as ameaças não foram feitas por nenhum "narcoguerrilheiro" das FARC, mas sim, por traficantes que controlavam (não tenho tanta certeza que o verbo pode ser usado no passado) o país inteiro. Agora, Betancourt está com a sua família, a cena do reencontro não me sai da cabeça. No entanto, uma pergunta também não me sai da mente: alguém pode me responder o que fazia na Colômbia o candidato à presidência apoiado pelo presidente Bush, um dos maiores aliados de Uribe, o senador Jonh McCain, exatamente no dia em que Ingrid foi solta? E olha que se tratava de uma operação tida como secreta pelo governo colombiano, inclusive, autoridades governamentais tinham soltado informações falsas para que a operação lograsse êxito. Estranho, muito estranho.
Eu, sinceramente, acho que Uribe poderia ter resolvido a parada muito antes, mas não tinha um grande interesse nisto e, além disto, o seu orgulho não permite que ele negocie com as FARC, e, por este motivo, mais de 700 famílias colombianas persistem sofrendo por causa da intolerância dos dois lados; e só agora, após Hugo Chávez, presidente venezuelano, ter conseguido com sucesso e também sem ter dado um tiro, soltar a ex-deputada e ex-candidata a vice Clara Rojas no início do ano, ele se sentiu impelido a tomar esta atitude. Antes tarde do que nunca, senhor Uribe, mas tomem cuidado com o oba-oba que estão fazendo em torno dos conservadores Uribe e Sarkozy, porque eles representam uma forma de fazer política que foi tão combatida pela senadora Ingrid Betancourt.



Foto: AP
Na foto: Ingrid Betancourt e a mãe, a ex-miss Colômbia e ex-deputada, Yolanda Pulecio


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