domingo, 18 de outubro de 2009

A Sunga Vermelha do Suplicy

Pra variar estamos perante mais uma situação em que se faz muito barulho por nada ou quase nada. A sunga que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) usou esta semana a pedido da apresentadora do Pânico na TV, Sabrina Sato, causou uma reação superior ao que o momento pedia. Suplicy tá ficando gagá, mas não quebrou o decoro. Considero o senador petista muito mais sério e com decoro do que muitos dos seus pares. E, aliás, muitos que hoje o apontam cantaram para Sato, dançaram, usaram óculos escuros pra edição do programa não mostrar que eles estavam de olho na comissão de frente da apresentadora nipônica.


Além disto, já passou da hora desta mentalidade elitista, fruto do pensamento reinante no Brasil império de que gente respeitável não se presta ao ridículo, não põe sunga em cima da calça e tem que usar terno e gravata. É exemplar e faz a gente pensar o fato de um trabalhador rural ter sido impedido de participar de uma audiência porque usava havaianas. E há algo mais fora de época do que os ministros das altas cortes brasileiras terem que usar toga?

Conheço muito mais gente séria e com coisas mais interessantes para falar do que certos engravatados. Volto a dizer que tá na hora de acabar com esta história de parlamentar ter que usar terno e gravata para mostrar que é sério. Pensem bem que acabando com isto e não criando um auxílio-Daslu, poderíamos economizar e muito com o tal auxílio-paletó, já que até isto a gente paga.

Voltando ao senador Suplicy, ele anunciou que se reuniu com a produção do Pânico e esta resolveu não exibir a imagem no programa de hoje. O senador e a produção afirmaram que não tinham o interesse de afetar a imagem do Senado Federal (muito limpa por sinal). Quanto à intenção de processá-lo por quebra de decoro, acho que ele deve ser colocado no final da fila onde deveriam estar os processos de Sarney, Collor, Renan e Tasso Jereissati - que aos berros se chamaram de cangaceiro e coronelzinho de merda - entre outros excelentíssimos parlamentares.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Coluna Social e Política se confundem na Bahia

Esta semana foi uma semana atípica para quem acompanha a política. Pelo menos, aqui na Bahia, o noticiário político se aproximou muito do colunismo social. Na mesma semana que Dilma resolveu visitar o estado, os baianos do petróleo, termo cunhado pelo colunista Lauro Jardim da revista Veja, organizam grandes festas de aniversário.


Os baianos são Haroldo Lima, presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), e José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras. Na festa de Lima, na quinta-feira passada, ocuparam a mesma mesa a ministra Dilma, o ministro Geddel e o governador Jaques Wagner. Primeiro encontro do petista e do peemedebista na presença de Dilma após o rompimento do PMDB com o governo do Estado. Os dois serão, pelo menos por ora, os dois palanques da petista na Bahia.

Já Gabrielli, cuja festa de aniversário, segundo o mesmo colunista de Veja, é o assunto mais comentado em Brasília, dá sua festa na noite de amanhã. Segundo o jornalista Raul Monteiro, do site Política Livre, a festa do presidente da Petrobras é aguardada com ansiedade por militantes petistas baianos desejosos de uma candidatura de Gabrielli em um futuro próximo. Relembrar não faz mal: Gabrielli já foi o candidato petista ao governo do Estado e hoje é o petista baiano com o cargo mais representativo no governo federal.

Além da festa de aniversário de Gabrielli, Dilma ainda vai ter, segundo a colunista (de política) Dora Kramer, agendada uma visita ao filho recém-nascido de Ivete Sangalo, Marcelo. Segundo Kramer, quem está agendando a visita é a primeira-dama da Bahia Fátima Mendonça. Dilma deve voltar com Lula pra visitar Marcelo e esta pretensão, mesmo não confirmada, gerou reações raivosas dos jornalistas, dizendo que é campanha. Enquanto eles ficam com raiva, eu acho graça quando política e coluna social ficam tão próximas.

Obama ganha injustamente Nobel da Paz

Já que fiquei tanto tempo em abstinência textual aqui no blog, vou logo de dois posts de uma vez só (talvez um terceiro) e com um assunto nacional e local ao mesmo tempo (ministra Dilma) e um internacional (o Nobel da Paz de Obama), do qual falarei agora.


Obama é um presidente extraordinário, a chegada dele na presidência possui um simbolismo ímpar, mas discordo, veementemente, deste título conquistado por ele hoje. O Nobel da Paz é dado para aquelas pessoas cuja contribuição à paz mundial são visíveis e ululantes e Obama tem um rosário de boas intenções, mas nenhum ato concretizado ainda.

Reconheço que a sua postura de assinar um tratado com a Rússia a fim de diminuir as armas nucleares é algo a ser comemorado. Além disto, o seu recuo em relação à proteção anti-míssil que os Estados Unidos iria colocar na Europa também vai nesta mesma direção, mas ainda não justifica um Nobel. Ainda tenho que reconhecer que outros ganharam o Nobel da Paz apenas por suas intenções, como os líderes palestino e israelense, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, signatários de um cessar-fogo entre os dois povos que quase deu certo, se não fosse o assassinato de Rabin cometido por um judeu ortodoxo.

Ou seja, nem neste nível de intenção Obama se enquadra e o presidente americano ainda possui em seu currículo recente manchas indeléveis que depõem de forma negativa contra um candidato ao Nobel da Paz. Entre estes pontos negativos, se encontram a sua meia-volta em relação à Guantánamo, às guerras do Iraque e do Afeganistão. Estes pontos, no meu ponto de vista, anulam as intenções supra-citadas. Vi na TV que nem Obama esperava. Para vocês verem.

Campanha: Dilma vai ao Bonfim


Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas pela longa demora em escrever um post. Culpa da monografia que me manteve longe de qualquer outra produção textual por quase um mês. Mas o retorno não poderia ser melhor. Vou falar da candidata Dilma Roussef (PT) que ancorou na Bahia durante este final de semana em mais uma etapa de sua campanha presidencial.


A rigor, a ministra não fez campanha, já que não pediu votos, mas só o fato dela vir pagar uma promessa e estas imagens ocuparem todos os telejornais locais já rende uma exposição enorme. Ela todo de branco, na Igreja do Bonfim, beijando vendedores de fitinhas do Bonfim são imagens que todo marqueteiro gosta de usar e mostrar.

Claro que esta pré-campanha, se pode se chamar assim, não é exclusividade da ministra, nem do PT. Alguns jornalistas esclerosados até querem dizer que as movimentações da petista são demagógicas, mas demagogia é não enxergar que todos estão em campanha. Dilma, Marina, Ciro e Serra. E, aqui na Bahia, Wagner, Geddel e Souto. Todo mundo buscando o seu naco de visibilidade.

Afinal de contas, o que as pessoas acham que Serra veio fazer três vezes na Bahia este ano? Ou o que Ciro está fazendo ao viajar pro Rio Grande do Norte, Tocantins e outros estados? Ou ainda Marina quando aparece na TV criticando a política ambiental do governo? Campanha ou, se formos ver sob outra óptica, demarcação de espaço. Nada mais natural que seja assim na política.

Dilma só está voltando à cena eleitoral após os meses que teve que se afastar para tratar do câncer em seu sistema linfático. Excessos devem ser coibidos? É óbvio que sim. O TRE está aí pra isto e, inclusive, proibiu ontem a circulação do jornal do PMDB "É 15" com palavras enaltecendo o ministro Vieira Lima. Ou seja, se não ferir a legislação eleitoral, tá tudo no pacote.

Foto: Marco Aurélio Martins/ A Tarde