quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Wagner Montes e Raimundo Varela

Ainda falta um ano para as próximas eleições municipais, mas um fenômeno percebido pelas pesquisas já começa a chamar a atenção. Na segunda e terceira capitais mais populosas do país, Rio de Janeiro e Salvador, duas pessoas quase sem tradição nenhuma na política lideram as primeiras sondagens realizadas entre os eleitores. As duas figuras são Wagner Montes e Raimundo Varela.
Para quem não conhece as duas figuras, um breve histórico. Wagner foi durante anos, jurado do Sílvio Santos, além disto, tem um programa local no Rio de Janeiro para ajudar pessoas carentes da capital fluminense. A diferença para o seu semelhante baiano é que Wagner Montes é deputado estadual do Rio, enquanto Varela nunca ocupou nenhum cargo político.
Raimundo Varela tem história no radialismo baiano, está na TV Itapoan desde o início e, hoje em dia, tem o programa Balanço Geral. O programa tem o mesmo formato que o de Wagner Montes, ou seja, a ajuda à população necessitada é a tônica do seu espaço na TV.
Esta imagem atribuída a estes dois personagens pode contribuir para o entendimento dos sucessos nestas primeiras pesquisas realizadas. O apelo emocional e populista, há quem diga que é popular, dos seus programas, como defensores dos fracos e oprimidos, acaba agradando uma parte da população que vê nestas figuras, pessoas capazes de transformar as suas realidades. Eles gozam de índices de audiência expressivos, ocupando ora segundo lugar, ora o terceiro nos institutos de medição, o que dão a eles uma visibilidade que muitos candidatos ainda não possuem.
Alia-se a isto, o fato de um suposto cansaço da população com os chamados políticos tradicionais, após uma sucessão de escândalos que parecem não ter fim e pronto, está explicada a receita do sucesso destes comunicadores.
Wagner Montes, muito provavelmente, vai ser candidato pelo PDT, na base mais fiel ao criador deste partido, Leonel Brizola. Raimundo Varela é cortejado por alguns partidos, mas o mais provável no momento é que ele seja candidato pelo PRB, visto que já existem faixas e tudo atrelando Varela ao Partido Republicano Brasileiro. O que eles podem produzir como políticos é uma incógnita, se eles saberão administrar cidades tão grandes, importantes e problemáticas quanto Rio e Salvador é um mistério maior ainda, mas parece que, neste momento, isto pouco importa.





sexta-feira, 14 de setembro de 2007

E não foi que o Renan se safou?

Não é mais novidade o resultado da votação no Senado, Renan foi absolvido, mas nem por isto os ânimos se arrefeceram. Muito pelo contrário. Um grupo partiu logo para o ataque, inconformado com o resultado. Além de serem a favor da punição, são ou passaram a ser contrários ao voto secreto. Passaram a ser, porque como a jornalista Helena Chagas disse em seu blog, muitos senadores como o senador do PSDB dos Amazonas, Arthur Virgílio, há uns anos, foi contra a proposta do senador Tião Viana, do PT do Acre, mudando o sistema de votação de fechado para aberto. Ou seja, é fácil, com resultado desfavorável, sair gritando aos quatro ventos o absurdo que, tempos atrás, permitiu que continuasse a existir.
Na verdade, a necessidade do voto aberto tem que ser melhor discutida com a sociedade. O dever da imprensa e dos políticos deveria ser o de esclarecer o motivo para a existência do voto fechado. Ou ele foi instituído só para que os políticos possam fazer conluios sem que a sociedade fique sabendo? Claro que não, existe um motivo para o voto fechado e um bem plausível é a proteção dos políticos contra proteção de pressões das suas próprias bancadas. O que não dá é para mudar as regras toda vez que o resultado não for favorável. Se for para ser aberto, que seja aberto sempre ou, pelo menos, por
vários anos.
Outra questão muito interessante é responsabilizar apenas o PT pela absolvição de Renan. Claro que o PT tem a sua responsabilidade, os votos de seus 12 senadores são, porém, tão importantes quanto os dos outros 69 senadores. E as contas não fecham considerando apenas os votos dos governistas, ou seja, teve gente dos Democratas e do PSDB votando pela absolvição de Renan.
Mais um ponto a discutir é sobre os motivos para cassar Renan. A primeira representação feita pelo PSOL tinha como razão a suspeita da empreiteira Mendes Júnior ter dado dinheiro que teria sido utilizado pelo senador das Alagoas no pagamento de pensão de sua filha com a jornalista Mônica Velloso. Esta denúncia não ficou comprovada, ou seja, as investigações tinham sim que ser aprofundadas, porque se a Veja estiver errada, esta não terá sido a primeira vez. Há mais duas representações contra Renan no Conselho de Ética e ainda existe a possibilidade de Renan ter mentido aos seus pares sobre a compra de vacas e rendimentos financeiros, se este tiver sido o caso, aí sim, o presidente do Senado terá um motivo bastante robusto para ser cassado.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Eleições 2008 e 2010

As eleições presidenciais acabaram de acontecer, daqui para as próximas eleições ainda faltam três anos e três meses e as articulações políticas para o pleito de 2010 já começaram. Foi com a justificativa de ação política conjunta e aliança eleitoral que, logo no início deste ano, foi formado o bloco de esquerda, integrado por PSB, PCdoB, PDT, PRB, PMN e PHS. A intenção destes partidos é lançar candidaturas comuns em 2008 nas eleições municipais e nas eleições de 2010. O candidato pré-lançado por estes partidos para disputar o mais alto cargo da república foi o deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes.
Porém, este alinhamento recente já vislumbra algumas dificuldades, devido aos interesses conflitantes para a sucessão municipal do ano que vem. Nas eleições em São Paulo, PSB, PCdoB e PDT já têm pré-candidatos, um por cada partido: Aldo Rebelo pelos comunistas, Luiza Erundina pelos socialistas e Paulo Pereira da Silva pelos trabalhistas. O bloco foi lançado em São Paulo na segunda-feira passada e Paulinho não quis polemizar dizendo que a sucessão paulistana será discutida mais para frente. O PDT de Paulinho e o deputado federal Ciro Gomes, contudo, não querem se fechar a outros aliados, como o PT, que podem render mais dividendos eleitorais.
Em Salvador, a situação não é diferente. O PCdoB lançou o nome da vereadora e ex-secretária municipal de Educação e Cultura, Olívia Santana, ao cargo de prefeita da capital baiana. Os comunistas alegam que o nome de Olívia ainda será apreciado pelos outros partidos. O problema é que o PSB tem a ex-prefeita e deputada federal Lídice da Mata em seus quadros, sempre lembrada como possível candidata e bem posicionada nas pesquisas. O PSB ainda, segundo algumas pessoas, pode apoiar o PT em Salvador. Ainda no bloco, não são poucas as notícias sobre o interesse do deputado federal Marcos Medrado se lançar candidato pelo PDT ou ainda o Partido Democrático Trabalhista apoiar o PSDB, cujo candidato será o ex-prefeito Antônio Imbassahy.
Outro obstáculo para a reprodução do bloco nas eleições municipais são realidades regionais distintas. Salvador é um bom exemplo. Aqui, os republicanos baianos nunca foram próximos da esquerda e querem lançar a candidatura do radialista Raimundo Varela. Por falar em Varela, parece que a campanha dele já começou. Um carro foi visto no centro da cidade com um adesivo verde e amarelo (cores do PRB) dizendo Varela é 10 (número do PRB) e, em letras bem pequenas, está escrita a frase: em audiência. Tudo para não ser enquadrado pela Justiça Eleitoral.
Além disto, é sabido por todos que tanto no plano federal quanto no plano municipal, o partido do presidente não quer ser mero espectador. Apesar dos apelos de Lula em âmbito nacional e de Jaques Wagner no caso baiano pela manutenção da aliança da base aliada destes governos nas próximas eleições, o PT não abre mão de lançar candidatura própria em cidades estratégicas como São Paulo (com candidato ainda não definido) e Salvador (onde o nome do deputado federal Nelson Pelegrino é lembrado mais uma vez) e disse em seu III Congresso Nacional, realizado no final de semana passado, que apresentará um nome nas próximas eleições presidenciais. Claro que, segundo o Partido dos Trabalhadores, o nome deverá ser referendado pela coalizão governista.
Nas eleições de Salvador,
o prefeito e candidato a reeleição João Henrique parece caminhar para não ter apoios importantes em 2008, pelo menos não no primeiro turno, se houver confirmação das primeiras movimentações do PT, do PCdoB e do PSB. Hoje, o governo de João Henrique tem como base aliada o PMDB, partido ao qual está filiado, o PT, o PSB, o PCdoB e o PSC. O presidente do PMDB da Bahia, Lúcio Vieira Lima já mandou aviso aos navegantes, dizendo que ou estão com João ou que saíam da prefeitura.