sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Por que não se cobre as outras eleições no mundo?

Todos nós sabemos que os Estados Unidos são a maior economia do mundo e este é o principal motivo para a importância dada à eleição de lá pela imprensa nacional, mas será que os brasileiros não achariam importante saber um pouco que seja das eleições de outros lugares como as espanholas no dia nove de março? A cobertura da política internacional no Brasil tem avançado nos últimos anos, mas algumas falhas como esta devem ser corrigidas, para que não fiquemos presos apenas à divulgação dos resultados.
A Espanha é, hoje, uma das maiores economias européias, empresas espanholas têm negócio no mundo inteiro, vide Telefonica e Santander, erros graves em relação a turistas brasileiros estão se repetindo diariamente, os turistas estão sendo deportados, e, mesmo assim, nada sai sobre as eleições espanholas.
Vou tentar fazer um resumo rápido. Na última terça-feira, aconteceu um debate, depois de 15 anos sem ocorrer, entre os dois principais candidatos a assumir o cargo de chefe de governo espanhol: o socialista e atual presidente, José Rodríguez Zapatero e o representante do Partido Popular, Mariano Rajoy. Os dois debateram sobre diversos temas como integração nacional, aspectos econômicos e sociais nos últimos quatro anos e, o mais importante para nós, políticas de imigração.
Hoje, alguns milhares de brasileiros estão morando na Espanha e o país, como eu disse, ocupou os jornais brasileiros na semana passada por ter barrado duas estudantes brasileiras sem nenhum motivo aparente, uma que ia para a Irlanda e fez uma parada na Espanha e a outra que iria fazer intercâmbio lá. Por conta disto, as críticas daqui do Brasil foram imensas em relação às políticas espanholas de imigração e de Direitos Humanos, e olha que estamos falando de um governo socialista que, historicamente, é mais tolerante com imigrantes e estrangeiros. O PP, partido hoje na oposição, através do seu candidato Mariano Rajoy, deixou claro que o atual governo do PSOE deveria ser ainda mais incisivo nesta questão. Baixando leis que fariam corar os ideólogos das políticas imigratórias dos Estados Unidos.
Além disto, o PP acredita que o PSOE é altamente dócil com o grupo separatista basco ETA. O partido conservador afirma que o PSOE tergiversou e que deveria ter enquadrado o ETA como grupo terrorista mesmo. No entanto, os socialistas apostam na negociação, mesmo sendo vistos de maneira cética por espanhóis e bascos. A separação do País Basco representa um tema altamente inflamável e qualquer movimento menos estudado pode repercutir no mundo inteiro. Hoje, o PSOE mantém uma vantagem de cinco pontos percentuais em relação ao PP.
Pesquisas realizadas após o debate mostraram que Zapatero ganhou o debate com Rajoy, o que ainda não garante a vitória do socialista. O que o favorece é a boa situação econômica e social em que se encontra a Espanha, o que o atrapalha, além, da desconfiança de parte da população sobre a habilidade dele em manter a integração das províncias espanholas, é a oposição da Igreja Católica em relação a alguns posicionamentos dos socialistas como o apoio ao matrimônio de pessoas do mesmo sexo.
Outra nação grandiosa prestes a realizar pleito para presidente é a Rússia. Lá, o atual presidente Vladimir Putin não pode mais se reeleger, será o futuro primeiro-ministro e ainda fará o seu sucessor, Dmitry Medvedev, visto como mais liberal que Putin, mas ainda assim, o seu candidato. Os russos não querem mudança e, segundo analistas, isto se explica pela melhoria conquistada por Putin tanto do ponto de vista da identidade russa quanto em relação aos avanços da economia do ex-país soviético.

Vejam um trecho do histórico debate entre os presidenciáveis espanhóis:

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Jonh McCain Calheiros (?)


As eleições americanas começam a lembrar os filmes de faroeste. Os tiros estão vindo de todos os lados e a diferença é que nem sempre os duelos são tão cordiais e cheio de regras quanto os que nós vemos nos filmes típicos do velho oeste americano. Todos estão sendo atingidos. É Hillary que chama Obama de mentiroso. Obama fala que Hillary falta com a verdade e até o ex-herói de guerra Jonh McCain que, além de ter trocado farpas com o ex-presidente cubano, Fidel Castro, ainda se envolveu num escândalo político de pequenas proporções, pelo menos até agora.
O problema na campanha de McCain começou exatamente no momento em que ele estava mirando no candidato democrata, Barack Obama, com a denúncia feita pelo jornal The New York Times, simpático às candidaturas democratas, de que o senador e futuro candidato republicano teve um caso com uma lobista,
Vicki Iseman, fazendo com que seus assessores, na primeira tentativa dele de chegar à Casa Branca, há oito anos, tivessem que intervir para evitar escândalos. Afinal de contas, a lobista defendia interesses de empresários cujo setor de atuação era da alçada do Comitê integrado por McCain no Senado.
McCain negou este relacionamento, afirmou conhecer sim a lobista, mas que ela não exerceu influência alguma em seu mandato. O problema é que um dos empresários citados pela reportagem desmentiu o senador dizendo que viu constantemente a lobista nos mesmos espaços que McCain. Não confirmou, porém, o relacionamento.
O caso pode ter sumido por agora por causa do Oscar, mas os desdobramentos podem ser fatais para a candidatura republicana. A sociedade dos Estados Unidos tem fortes setores progressistas, mas também, um pesado ranço conservador, sendo que estes mais conservadores votam, em sua maioria, nos republicanos e exigem dos candidatos, um compromisso enorme com os valores cristãos, incluindo aí, o respeito à família. Ou seja, ter um caso extra-conjugal já seria um problema para McCain, mas, além disto, ter um caso com uma lobista pode ser catastrófico, devido ao conflito de interesses. O problema do senador republicano é maior ainda, porque do lado democrata quem vem crescendo para abocanhar a candidatura do partido é o atual fenômeno americano, o senador por Illinois, Barack Hussein Obama. Obama bate McCain na pesquisa que simula o embate entre os dois.

Foto:
Ruth Fremson/The New York Times

P.S: Por falar em Obama, vejam o vídeo que virou sensação nos Estados Unidos. Apertando no nome de Obama, vejam o clipe que o rapper will.i.am fez para Obama.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eleições nos Estados Unidos

O que falar de novo em um assunto amplamente coberto e discutido por todos os meios de comunicação? Acho que não tem um dia em que não nos deparamos com as eleições americanas nos telejornais e nos principais impressos do país. Já que é atual e é política, não poderia me furtar de fazer algumas considerações sobre a disputa pela presidência do mundo.
A primeira é sobre Barack Obama. Para quem gosta e até para quem não gosta de política, o senador por Illinois parece ser um daqueles personagens que, de tempos em tempos, aparecem enchendo as pessoas de esperança, sendo o seu discurso concreto ou não. Ele tem conseguido movimentar os jovens e avança agora sobre o eleitorado de Hillary. Para o Brasil, a senadora por Nova York tem se mostrado mais preocupada, já falou sobre a necessidade de ter a América Latina como parceira e para que a região se "preocupe com a atual ameaça populista", Obama não. Se é apenas estratégia para conquistar o voto latino? Pode ser.

Não acho, no entanto, que os democratas cheguem ao ponto em que o apoio do pré-candidato derrotado ao vencedor fique inviável. A disputa vai ser acirrada, mas quando for para valer, eles vão se unir e voltar as armas contra o cada vez mais candidato republicano, John McCain. Eles querem voltar ao poder e sabem que não podem vacilar se querem vencer a disputa com o herói de guerra. Obama, na semana passada, deixou Hillary de lado e atacou McCain, prova de que a disputa democrata é duríssima, mas o adversário é forte e para vencê-lo será necessário esquecer as disputas internas. Vai ser difícil ter uma chapa com Hillary e Obama juntos, mas só na Convenção do partido Democrata para sabermos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Em Defesa da Vida... da Mulher

Todos conhecem o posicionamento da Igreja Católica em relação ao aborto, ao uso de preservativos, segundo casamento e outros tantos assuntos polêmicos, mas o lançamento da Campanha da Fraternidade da Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros, CNBB, é um completo retrocesso do ponto de vista até da própria Igreja. A CNBB, ao colocar estes seus pontos de vista como tema da principal campanha mobilizadora da Igreja Católica no Brasil, mostra que travará uma luta para que os projetos contrários aos seus argumentos não passem no Congresso Nacional, através de pressão da população.
O aborto é sim problema de saúde pública, mesmo que os principais representantes da Igreja brasileira ladrem raivosos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde, OMS, e deve ser encarada desta maneira. Não pensar assim é desconsiderar, por exemplo, que a principal causa da morte de mulheres grávidas em Salvador é decorrente de abortos mal realizados.
O problema é que a Igreja entende que se seguirem os seus dogmas, os seus fiéis não precisarão recorrer ao aborto, mas, infelizmente para ela, esta já não é a realidade. Muitas mulheres católicas fazem milhares de abortos todos os anos no Brasil correndo risco de morrer. E o que deve fazer o governo e os parlamentares deste país? Permitir que a matança das mulheres prossiga por causa de pressão religiosa ou, segundo palavras do bispo D. Geraldo Magella, por se tratar de questão moral?

A luta pela descriminalização deve partir do entendimento que a única maneira de acabar com os açougues clandestinos existentes hoje para esta prática é fazer com que os governos, através do SUS, assumam a sua responsabilidade e ofereçam atendimento de qualidade para estas mães. Eu, particularmente, sou contra a prática do aborto, mas, completamente a favor da descriminalização, inclusive, com oferecimento de acompanhamento psicológico. Não posso ser eu nem pode ser a Igreja os responsáveis por qualquer julgamento sobre como cada mulher deve agir. A Igreja quer regredir ao ponto de proibir até os abortos que já são permitidos, a saber, em caso de estupro e risco de vida materna.
Esta posição da Igreja deve ser vista, inclusive, como uma ameaça clara à Constituição Brasileira. Lá está escrito que vivemos em um Estado laico e todos os temas devem ser averiguados sob esta premissa. Se não for assim, que assumamos termos nos tornado um Estado fundamentalista, vulnerável às pressões de grupos religiosos. A Igreja tem que entender, na verdade, ela entende, mas não pode admitir isto, é que quem defende a descriminalização e o uso da camisinha não desconhece a importância da educação e do planejamento familiar como ferramentas que possibilitem às mulheres recorrerem ao aborto como último recurso a ser adotado e não como principal solução para gravidez indesejada.

Mudanças

Todos os posts neste blog são pessoais obviamente, mas sempre utilizei terceira pessoa para manter impessoalidade nas análises, mas, a partir de hoje, quando for inevitável como no cometário a seguir, elas estarão pessoais, subjetivas, na primeira pessoa, mas continuarão sendo análises acima de tudo.