sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Política divide o espaço com a Fé na Lavagem do Bonfim


Para quem foi pela primeira vez à Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, padroeiro da Bahia, o espaço ocupado pelos políticos foi impossível de não notar. Primeiro, quem vai à frente de todo o cortejo de baianos e turistas é o governador do estado Jaques Wagner que encheu o trajeto de faixas, colocou placas nas mãos dos participantes da caminhada, balões, tudo para dar destaque às ações do seu primeiro ano no governo da Bahia. Depois dele, vieram as baianas, algumas fanfarras e logo atrás, adivinhem o que veio? Mais políticos.
Todos os partidos políticos se fizeram presente, primeiro o partido do governador, o PT; depois o PMDB sendo puxado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, o PCdoB com diversas faixas contra a aprovação do PDDU e tendo na linha de frente a sua bancada de quatro vereadores e a pré-candidata ao Palácio Thomé de Souza, Olívia Santana, o PPS com o líder do partido na Câmara Municipal de Salvador Virgílio Pacheco, o PSB que contou com a presença da deputada federal e ex-prefeita de Salvador, Lídice da Mata, o PSOL com Heloísa Helena se manifestando contra a transposição do rio São Francisco, o PR representado pelo senador César Borges, os Democratas mais ao fundo com as presenças do deputado federal e pré-candidato do partido à prefeitura de Salvador ACM Neto, o deputado federal Aleluia e o ex-governador Paulo Souto. E tantos outros partidos.
O que se nota disto tudo? A campanha deste ano, decididamente, já começou em Salvador. Aliás, desde a ruptura de João Henrique com o PCdoB, a movimentação tornou-se intensa e só tende a se intensificar, inclusive e, principalmente, nas festas populares. E como participar de caminhada rumo à Colina Sagrada não pode ser configurado como crime eleitoral, os políticos todos não perderam a oportunidade de mostrar a cara ao povo (Estima-se que 1 milhão de pessoas tenham participado do cortejo e da Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim).
João Henrique foi vaiado três vezes, segundo a jornalista Cíntia Kelly do Blog do colunista Samuel Celestino e saiu do cortejo antes de chegar na Igreja do Bonfim. As vaias podem ser prenúncio da campanha dura que se aproxima para a reeleição de João, que, mesmo com o apoio vindo do PMDB, vai enfrentar a fragmentação de sua base. O PSB e o PT mostram-se, cada vez mais, fora do que dentro da administração municipal.
Se alguém duvida da disposição destes partidos, como explicar uma faixa do deputado federal Nelson Pelgrino dizendo: "Oxalá, que em 2008, Salvador seja de todos nós" numa clara alusão à frase utilizada pelo governo do estado mostrando a pretensão do PT de disputar os rumos da cidade? Esta posição, inclusive, foi reforçada pela entrada do secretário Luiz Alberto na disputa interna do Partido dos Trabalhadores contra os deputados federais Pelegrino e Walter Pinheiro. E como explicar a intensificação dos ataques oriundos pelo PSB contra a aprovação do PDDU: o vereador Celso Cotrim distribuiu um folheto onde estão os nomes dos vereadores que votaram contra a aprovação do Plano Diretor e veiculou a acusação feita pelo radialista e candidato Raimundo Varela que os vereadores votaram a favor do PDDU porque foram comprados pela prefeitura? (Aliás, breve comentário, teve gente do partido de Varela que votou a favor do PDDU: vereador Sidelvan Nóbrega. Perguntar não ofende: Sidelvan também foi comprado, Varela?!).
Além da base, o prefeito de Salvador vai contar ainda com a presença de Olívia Santana, ACM Neto, Imbassahy e outros possíveis candidatos pelo cargo máximo do executivo municipal. Todos estiveram presentes, com a exceção do radialista Raimundo Varela que foi fazer exames em São Paulo.

Foto: Max Haack

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