sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Acabou a "Crise" na Cultura?

Desde que assumiu o governo da Bahia, Jaques Wagner e seu secretário de cultura Márcio Meirelles resolveram implementar um novo projeto para a área. Na verdade, a inovação se deu já em ter uma secretaria apenas para a cultura, pois, nos governos passados, era uma secretaria para as áreas cultural e de turismo, o que sempre deu em muita confusão entre o que é cultura e o que é atração turística, acarretando em muita produção cultural ter se transformado em produto turístico, o que poderia acabar com a essência cultural de certas manifestações artísticas.
Depois de alguns meses, no entanto, as reclamações começaram a aparecer. A iniciativa do governo Wagner de redistribuir as verbas, repassando mais dinheiro para o interior do estado recebeu duras críticas de pessoas importantes como o ator e diretor teatral Gideon Rosa. Gideon afirmou que esta redistribuição era injusta e como conseqüência colocaria os artistas do interior contra os artistas da capital e transformaria todos em mendigos de repasses públicos.
Além disto, vários artistas reclamaram sobre a demora de apresentar um novo projeto cultural para o estado, porque muitos projetos anteriores haviam sido suspensos para avaliação do novo governo que se iniciava.
Até a primeira dama do estado Fátima Mendonça se manifestou, em entrevista, pedindo mais rapidez na implementação da nova política cultural. Somaram-se a esta demora, as "crises" na Fundação Casa de Jorge Amado, no Museu Carlos Costa Pinto, as manifestações de figuras como o escritor João Ubaldo Ribeiro e a diretora teatral Aninha Franco e pronto, estava configurada a crise do setor cultural da Bahia.
As coisas, porém, parecem estar mudando em relação à tal "crise" na cultura baiana. Em duas semanas, os shows realizados no Pelourinho que haviam sido suspensos voltaram a acontecer; o programa "Sua Nota é Um Show" foi relançado e ampliado, oferecendo agora, além dos shows e jogos de futebol, filmes e outras produções culturais; a Fundação Cultural lançou um pacote de editais; foi assinada a participação da Bahia no programa "Mais Cultura", o PAC da Cultura do Governo Federal. Até quem criticou, passou a se manifestar de maneira diferente. Aninha Franco, protagonista do início da tal crise, deu entrevista ao jornal Correio da Bahia dizendo que as confusões dela com a secretaria foram decorrentes de um problema de comunicação, afirmou inclusive que o diálogo está avançado e que o Teatro XVIII, espaço que ela dirige, será reaberto ainda este mês.
Agora, cabem algumas perguntas: a crise realmente era crise ou os problemas receberam um destaque maior do que realmente mereciam? A Secretaria de Cultura já tinha tudo planejado ou algumas ações foram adiantadas para responder às críticas que estavam sendo feitas (A programação no Pelourinho, por exemplo, parece estar da mesma maneira que antes, apesar do governo afirmar que os moradores do Pelourinho terão uma atenção especial do governo)? Agora, uma pergunta que já vem com uma resposta: cadê a cobertura destas ações do governo e as análises pelos meios de comunicação e jornalistas sobre se estes atos são realmente positivos para a Bahia? Ninguém sabe, ninguém vê e a sensação que fica é que alguns profissionais da imprensa gostam de sensacionalismo e não de jornalismo. Claro que não se deve fazer jornalismo chapa branca e nem ser o diário oficial do governo, mas se deve ao menos pensar sobre se estas ações são realmente importantes para a melhoria da cultura do Estado. Afinal, não é isso que todos os críticos querem ou diziam que queriam?

Um comentário:

Anônimo disse...

Na realidade o que todos querem é mudar o secretario que é muito simpatico, mas pouco pratico e não acessivel, ele não dialoga com artistas de verdade, sente-se ameaçado ... falta bagagem cultural...