terça-feira, 14 de julho de 2009

A saga dos rios cobertos em Salvador



Com um certo atraso, tô fazendo este post sobre a investida da prefeitura de cobrir os rios de Salvador. O mais novo rio a ser coberto é o Rio das Pedras que deu nome ao bairro da Boca do Rio e ao condomínio homônimo ao rio no Imbuí. É fato que há muito tempo o rio havia se transformado em esgoto a céu aberto, mas será esta a melhor saída? Acho que não, apesar de concordar com quem diz que é melhor isto do que nada.

O que eu discuto é que em vez de investir na educação das pessoas e investir na despoluição dos rios, a prefeitura de Salvador apostou na medida mais fácil e de maior impacto eleitoral. Afinal, construção de praça é mais visível que saneamento e ainda possibilita palanque fora de hora, como aconteceu no Imbuí na festividade para lançamento das obras com a presença do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e do prefeito João Henrique, ambos do PMDB.

A campanha não ficou restrita a presença de autoridades, algo bem natural em lançamento de obras de grande porte como esta. O maior flagrante desta prática é a fixação de faixas que estão naquela área há quase um mês dizendo que "Trabalho na Bahia tem nome", que a "Comunidade do Imbuí agradece" e até com nome de ex-vereador dizendo que é amigo do bairro. E fora este problema da campanha, outra dúvida que fica é da eficiência da obra.

Lembro de reportagens na imprensa baiana dando conta que a eficiência de obra semelhante na avenida Centenário havia sido questionada depois da primeira chuva forte que caiu na cidade. Diminuiu a enchente, mas não a evitou de vez, porque os bueiros não estavam limpos direito e as pessoas continuaram jogando lixo na rua. Ou seja, sem educação não tem obra tampando rio que resolva problema de enchente.

E indo além, para não ficar nessa de criticar sem apresentar solução, aponto para uma medida feita na Coréia do Sul. Lá, o rio Han, mais poluído que o Tietê foi limpo e, além disto, foram feitas obras de recuperação do ambiente no entorno do Han. O rio que não foi tampado chamou atenção do mundo e agora é utilizado como transporte e área de lazer. Esta parece ser uma solução muito mais interessante do que a utilizada pelo poder municipal soteropolitano.

No vídeo: Uma matéria da Globo SP sobre a despoluição do rio Han.

Um comentário:

Andreia disse...

Você está certíssimo.

Existe sim um outro caminho... Muito menos custoso, muito menos espalhafatoso e muito mais útil.

A Revitalização dos rios de Salvador é, sem dúvida alguma, a proposta mais adequada para esta situação. Faço parte de um grupo que está a se debruçar sobre essa questão já a algum tempo e vejo o quanto o seu comentário foi preciso.

Agradeço, verdadeiramente, pela sua indignação.

Andréia