terça-feira, 18 de agosto de 2009

Marina: a mantenedora de utopias

A provável candidatura da senadora Marina Silva pelo PV traz uma boa novidade ao processo eleitoral. Afinal de contas, caso seja confirmada, Marina trará um outro ponto de vista ao debate em torno da sucessão do governo Lula. Enquanto Serra e Dilma são vistos como desenvolvimentistas, Marina tem trajetória ligada ao chamado desenvolvimento sustentável. Além disto, achava uma temeridade uma eleição apenas com dois nomes como queria Lula: Dilma x Serra.

Agora, são cinco: Serra, Dilma, Marina, HH e Ciro Gomes (que reafirmou a sua disposição de disputar o Planalto).
Outra diferença entre Marina e os outros dois principais concorrentes é o seu carisma reconhecido por todos aqueles que acompanham a vida da senadora acreana. Ela é conhecida por defender o seu ponto de vista sem ser dura, como são conhecidos Dilma e Serra nos bastidores. Além disto, como ela mesmo diz, ela tem consciência de que é a mantenedora de utopias. E visto os fenômenos Obama e Lula, nós sabemos onde as utopias podem chegar.

No entanto, a candidatura Marina tem os seus poréns. O primeiro e mais falado é a contradição marcante do PV brasileiro. Só para se ter ideia, o líder do partido na Câmara é Zequinha Sarney (PV-MA), envolvido no mais recente escândalo da família - um apartamento comprado por uma empresa no caríssimo bairro dos Jardins em São Paulo e ocupado por ele. Sem contar que, mesmo sendo pequeno, é rachado entre o apoio a Lula no governo federal e o apoio a Serra em São Paulo e até hoje não mostrou a que veio na política nacional.

Outra questão que muito tem se falado é que a candidatura de Marina serviria à oposição porque tiraria votos de Dilma Roussef. Acho que qualquer análise deste tipo é muito precipitada. Primeiro, por considerar que a candidatura de alguém tão fiel ao projeto de Lula (afinal foram 5 anos 5 meses e 14 dias, como ela mesma gosta de falar) possa ser ferramenta da oposição.

Segundo, por achar que Marina pode retirar votos de petistas insatisfeitos com a escolha de Dilma ou lulistas insatisfeitos com o PT, mas também pode tirar votos do candidato tucano, por disputar eleitores típicos do PSDB: os eleitores das classes A e B. Um derradeiro problema para Marina é o tempo que terá para expor as suas ideias caso a sua candidatura seja confirmada. O tempo de TV ao qual o PV tem direito é pequeno, mas este não parece ser um grande problema para uma candidatura que se propõe a manter vivas as utopias.

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