quinta-feira, 4 de junho de 2009

Obama faz discurso histórico no Cairo

É muito mais fácil, sem sombra de dúvida, elogiar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do que criticá-lo. As críticas são necessárias, inclusive, quando ele titubeia em relação à política repressora de George W. Bush. Lula até mencionou isto na sua recente viagem à América Latina, pontuando as dificuldades que o seu colega estadunidense tem perante o Congresso do seu país. Qualquer semelhança não é mera coincidência, presidente, mas voltemos ao tema deste post.

Obama fez um discurso histórico hoje no Cairo defendendo a criação do Estado palestino. Disse o presidente que tem Hussein no nome: "A América não irá virar as costas para as legítimas aspirações palestinas por dignidade, oportunidade e um Estado próprio". Exatamente presidente, são legítimas, justas e necessárias as reivindicações dos palestinos. O presidente foi adiante, apesar de reafirmar o vínculo com Israel, disse que o governo daquele país deve parar de fazer assentamentos na Cisjordânia, ocupando território, originariamente, destinado à Palestina.

Este novo posicionamento do governo norte-americano coloca Israel numa posição de isolamento, pois aquele país não reconhece o anacronismo de não aceitar a implementação de um direito dos palestinos. Não cabe, há muito tempo, o argumento de que o Estado palestino será uma ameaça ao israelense. O discurso de Obama, como se esperava, foi prontamente saudado pelo porta-voz palestino e muito aplaudido na universidade do Cairo. O presidente estadunidense, no entanto, não se ateve apenas à questão da Palestina.

Disse também que é hora de "um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos através do mundo, um começo baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo, um começo baseado nesta verdade de que os Estados Unidos e o islã não se excluem". Citou o Alcorão e arrematou: ""Enquanto nossas relações forem definidas por nossas diferenças, vamos fortalecer aqueles que semeiam o ódio no lugar da paz e que promovem o conflito no lugar da cooperação que poderia ajudar todos os nossos povos alcançarem a Justiça e a prosperidade. Este ciclo de suspeitas e discórdia precisa acabar".

É este o caminho presidente. É preciso entender que as diferenças continuarão existindo, mas que as trocas que podem sair da existência destes dois lados - o mundo islâmico e o mundo ocidental - é fundamental para a construção da paz no Oriente Médio. O reconhecimento de que é necessário um novo começo entre um país, que não se furtou a apoiar Israel mesmo nos momentos em que os homens a frente daquele Estado estavam errados, e os palestinos extrapola o plano do simbólico e atinge o plano material, pois se trata do reconhecimento de um posicionamento errado por parte de um dos países mais poderosos do mundo.

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