quinta-feira, 4 de junho de 2009

São vigaristas os ruralistas?


São vigaristas os ruralistas? Esta é a principal pergunta que está na minha cabeça desde o início dos ataques do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) contra este grupo social. Não consigo entender porque houve uma reação tão fora do controle por parte da bancada ruralista, só se a acusação do ministro for verdadeira. Minc extrapolou, mas estava demarcando espaço e apontando que há vigaristas entre os ruralistas. Numa menção bíblica, joio no meio do trigo.

Acho que ter isto em mente é essencial para o debate. De modo algum, podemos contemporizar com aqueles que conseguiram terras através de métodos ilegais, tampouco podemos demonizar os produtores rurais sérios que são responsáveis pelo aumento constante das exportações brasileiras de produtos primários. O agronegócio é sim importante, mas não pode ser feito de qualquer jeito, como se fosse isento de fiscalização e legislação.

Um episódio importante nesta discussão pôde ser visto ontem no Senado, quando foi aprovado o projeto de regulação fundiária na Amazônia. O projeto foi duramente criticado pelos ambientalistas, pois há o favorecimento daqueles que ocuparam terras naquela região de forma irregular. Ou seja, grileiros que ocupam grandes propriedades de terra de forma ilegal, e ainda por cima, desmatam a floresta, podem ser beneficiados através da venda de terras da União sem licitação ou até ganhar estes terrenos através de doação.

Outro ponto intrigante na votação deste projeto foi o fato da relatoria ter ficado a cargo da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e, portanto, representante direta de uma das partes envolvidas na regulamentação. O problema não é ela ser representante dos ruralistas. Não concordaria se a matéria tivesse sido relata pela senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente. Para evitar suspeição, deveria ter sido indicado para a função um senador que não tivesse interesses diretos com o assunto tratado.

Abreu, em seu relatório, no afã de defender os produtores rurais junto o joio ao trigo. Não observou as diferenças, uniu contraventores, que todos sabem que ocupam a Amazônia, com gente que está lá produzindo e contribuindo para o progresso do país. Errou, porque o Estado brasileiro tem o dever de passar a limpo estas distorções e investir no desenvolvimento sustentável, punir para demonstrar que não vivemos na casa da mãe Joana, onde cada um faz o que quer.

Na foto: Kátia Abreu e Carlos Minc

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