Uma menina de nove anos é estuprada pelo padrasto, um monstro que ainda molestava a irmã mais velha da menina de 14 anos, fica grávida de gêmeos, corre risco de morte, faz um aborto e quem você acha que foi excomungado pela Igreja Católica? O padrasto, é claro! Você pensou, mas não foi.
O arcebispo de Olinda e Recife, d. José Cardoso Sobrinho, decidiu excomungar os médicos que fizeram o aborto e a mãe da menina, numa decisão que ultrapassa a insanidade por diversos motivos. Primeiro, o aborto da menina se enquadra em todos os preceitos legais que autorizam uma intervenção deste tipo: tratava-se de um estupro, representava um risco de morte para a mãe e a gestação ainda não tinha completado quatro meses.
E o arcebispo falou de um atentado a vida. Concordo com ele, o padrasto atentou contra a vida da menina e não o contrário. E o que pensou o arcebispo ao excomungar estas pessoas? Achou que elas deixariam de fazer o que era esperado delas? Pode uma criança, repito criança, de nove anos de idade ser mãe? O arcebispo sabe o que é útero não formado?
É por esta e por outras que a Igreja Católica se afasta cada vez mais de seus fiéis e pela primeira vez ver o número de seguidores cair na América Latina, maior população católica do mundo. A Igreja deveria ter esta rápida ação para excomungar os padres que se envolvem em pedofilia e não ficar produzindo excrescências como estas.
Sou contra o aborto, não neste caso específico, porque acho que são inúmeros os métodos contraceptivos, mas sou a favor da descriminalização, por entender que se trata de um assunto de saúde pública e que deve ser fruto da decisão livre de qualquer pessoa. Vivemos em um Estado laico, por mais que não queiram entender desta maneira católicos, protestantes e espíritas que se articulam em frentes parlamentares contra o aborto e outras questões.
As religiões que cuidem dos seus fiéis e deixem de se imiscuir em assuntos que lhes são alheios. Não dá mais para o maior motivo de mortes de gestantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ser complicação pós-aborto. O Brasil precisa debater de frente esta questão e interditar os projetos que tramitam no Congresso restringindo a prática ainda mais.
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