Ainda não entendi qual é a polêmica em torno do blog da Petrobras (Fatos e Dados). Só fazendo um resumo: a estatal resolveu fazer um blog a fim de dar a sua versão para os fatos que estão sendo veiculados na imprensa. No entanto, para isto, resolveu publicar, entre outras coisas, as entrevistas feitas pelos jornalistas. E foi nesta publicação que surgiu o problema. Jornalistas e veículos de imprensa reclamaram de que a Petrobras estaria quebrando um acordo fonte-entrevistador. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) afirmou que a estatal estaria coagindo os jornalistas desta maneira.
Do outro lado, a estatal se defendeu dizendo que muitas reportagens são publicadas sem que as informações sejam dadas na íntegra e que o blog possibilitará a publicação completa das entrevistas com membros da petrolífera. E, por causa da polêmica, a Petrobras resolveu voltar atrás hoje e só vai postar as entrevistas no mesmo dia em que elas forem publicadas nos veículos de imprensa. Agora, os jornalistas não podem mais reclamar que teriam levado um "furo" do blog da empresa.
Aliás, este argumento do "furo" é, no mínimo, curioso. O que aprende qualquer estudante de jornalismo logo no primeiro semestre? O jornalismo é feito ouvindo todos os lados envolvidos em uma questão. Pelo menos é o que se espera e o que se deseja de um bom jornalista. Então, é de arrepiar imaginar que jornalistas estejam publicando fatos apenas ouvindo a Petrobras, porque só assim o furo estaria configurado, já que ao que me consta o blog da Petrobras apresenta apenas um lado da informação: o da estatal.
Outro argumento que li foi a de que a criação do blog é oportunista já que se deu durante a formulação da CPI. Tendo a concordar com este argumento em partes. É fato que o blog foi feito durante a atual exposição negativa da estatal por causa da CPI, agora a Petrobras diz que é para melhorar a transparência, então, cabe à sociedade e à imprensa fiscalizar para ver se esta será realmente a utilidade do blog ou se vai ser apenas uma peça comunicacional anti-CPI.
Agora, que será excelente e uma tacada de mestre se servir para uma maior transparência, isto não tenho a menor dúvida. Confirmado este objetivo defendido pela estatal, ela terá servido de exemplo para outros órgãos públicos e empresas estatais, cujas informações são guardadas a sete chaves. É público e notório o avanço que temos hoje das ferramentas digitais. Obama tá aí como exemplo para todo mundo. Então, para que tanto barulho? Nesta briga de gigantes, acho que, com a decisão de hoje da estatal, ganharam os dois lados.
Por fim, esta discussão me ocasionou algumas questões que ainda não consegui responder - deixo para vocês. A primeira delas e eu acho que é a mais importante: A quem se destina a informação: ao veículo ou à sociedade? A outra questão é quem tem direito sobre a informação: a fonte ou o jornalista? Mais uma: o que podem os grandes veículos impressos contra as novas mídias digitais? - Esta quem levantou foi Marcelo Tas. (Leiam aqui o post que ele fez sobre o assunto).
自炊時間が取れなくてレトルト食品がずっと続いているなどで…。
Há 6 anos
Um comentário:
Pois é... eu fico lembrando quantas vezes já ouvi que quem lê jornal é jornalista. A gente escreve pros colegas. Penso nisso todo dia sentada nesta barulhenta redação. Me preocupo.
Eu acho que nesse momento a maior parte do público do blogue é mesmo de jornalistas, daí tanto barulho. Saymon falou umas coisas interessantes na facomlist hoje, mas eu não concordo com tudo. Como vc, Manuco, acho essa situação curiosa e instigante, mas não exatamente problemática.
Fiz um post na Lupa sobre isso ontem, se quiser ver: http://www.lupa.facom.ufba.br/2009/06/petroblogue/
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