Quando eu era mais jovem, tinha uma posição extremada em relação ao carnaval. Achava um absurdo o gasto que as administrações despendiam pra realização da festa. Política de pão e circo, pensava. Panis et circenses, como Caetano musicou.
Hoje, concordo com a importância do carnaval, tanto do ponto de vista cultural, quanto do ponto de vista econômico. Trata-se, em Salvador, da maior festa de rua do mundo, com milhões de pessoas nas ruas, muitos deles, turistas.
É a festa com forte participação popular, apesar do crescimento desenfreado dos camarotes, dos preços abusivos dos blocos, da exploração dos cordeiros, da violência oficial – vinda dos policiais – e a não-oficial – originada nos foliões. O carnaval é importante, mesmo com os pontos negativos citados. É uma festa cara, reconheço. São milhões que são gastos todos os anos.
O que não dá para entender e aceitar, no entanto, é, por causa da importância da festa, prefeitos inverterem a lógica de prioridades e trocarem o pão pelo circo. Não dá para deixar de pagar merenda escolar pra pagar carnaval. É uma declaração que vai além da polêmica com governos e gestões passadas.
(Para quem não sabe: o prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), deu uma entrevista à Agência Brasil criticando o modelo de organização do carnaval da gestão passada e a falta de apoio do governo estadual para organizar a festa. Além disto, disse que “deixa de pagar a merenda escolar, os remédios do posto de saúde, para pagar as despesas do carnaval”).
Já passou da hora do carnaval de Salvador ter uma gestão eficiente. Que tal taxar mais trios, grandes blocos e camarotes que têm altos lucros na festa? Também é do interesse deles que a festa tenha êxito. Acho mais justo que tirar o pão pra dar o circo.
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